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Quinto Ensaio: O Discurso Educativo

3575 2011/01/11 2024/03/29

quinto ensaio: o discurso educativo

 

o seu discurso às pessoas não era ditatorial, arbitrário, pragmático, egoístico... era pedagógico. o aspecto de governante nunca predominou sobre o aspecto de mestre solene, que se dirige aos seus alunos... isso é um dos aspectos de sua misericórdia.

 

primeiro objeto da pesquisa: o mestre misericordioso:

 

o profeta (deus o abençoe e lhe dê paz) foi o mestre misericordioso, o reformador extraordinário para a construção da humanidade. ensinou-os a vida, a civilização e reformou seus assuntos após estarem corrompidos. o pesquisador holandês wess (1814-1899) disse:

 

“o alcorão dos árabes1, proferido por seu extraordinário profeta, ensinou como viver nesta vida. ele os uniu e unificou-lhes as palavras, educando-os ao ponto de não haver outra nação melhor do que a deles. finalmente, adotaram-no em todos os seus assuntos. recebia a revelação de seu senhor e a transmitia às pessoas, depois de colocá-la por escrito pelos escribas que ele escolheu para tal.”2

 

o profeta (deus o abençoe e lhe dê paz), também, em todas as fases de sua vida, foi sempre o modelo humano, o exemplo sublime, o método excelente do extraordinário educador. lemos no alcorão sagrado: “realmente, tendes no mensageiro de deus um excelente exemplo para aqueles que têm esperança em deus e no dia do juízo final, e invocam deus freqüentemente.” (33:21).

 

“ele é o exemplo excelente que deus nos enviou como misericórdia e por amor a nós, para seguirmos os seus passos.”3

 

esse exemplo ao qual os muçulmanos se apegaram, rendeu-lhes a propagação da  sua religião naquela vasta parte de terra, como disse thomas arnold: “dedicaram suas vidas à divulgação do islam, utilizando a orientação do profeta (deus o abençoe e lhe dê paz) como modelo sublime e exemplo benéfico.”4

 

segundo objeto da pesquisa: modelos de sua misericórdia pelos aprendizes

 

entre os modelos de sua misericórdia na educação é o que foi narrado por mu’áwiya ibn al hakam assalami. disse: “encontrava-me, certa ocasião, praticando a oração juntamente com o mensageiro de deus (deus o abençoe e lhe dê paz), quando um homem espirrou. então eu disse: ‘que deus tenha misericórdia de ti!’ então as pessoas me olharam de soslaio e eu falei: ‘que disse eu de mal? por que me olhais assim?’ e as pessoas fizeram sinal batendo as mãos sobre as coxas para que me calasse e me calei. com certeza, jamais vi, em minha vida, um mestre melhor que o mensageiro de deus (deus o abençoe e lhe dê paz), pois uma vez terminada a oração, dirigiu-se a mim sem me repreender, me insultar ou me bater, mas me disse: ‘durante a oração, não é permitido falar nada destas palavras comuns das pessoas, a oração é apenas o louvor (attassbih), o engrandecer (attakbir) e a recitação do alcorão.’”1

 

das situações mais incríveis que comprovam a amplidão de seu peito e a sua misericórdia aos aprendizes, temos a história do beduíno2 que urinou na mesquita.

 

anas (que deus o tenha em sua glória) relatou: enquanto estávamos na mesquita com o mensageiro de deus, um beduíno apareceu e começou urinar na mesquita. por isso, os companheiros do mensageiro de deus começaram a gritar com ele para parar. porém, o profeta (deus o abençoe e lhe dê paz) disse: “deixai-o!”. os companheiros deixaram o beduíno terminar de urinar. o profeta, então pediu ao beduíno para se aproximar e lhe disse: “as mesquitas não servem para urinar e para estas impurezas. elas são apenas para a lembrança de deus, para a oração e para a recitação do alcorão sagrado.” e dirigindo-se aos companheiros, lhes disse: “sede benévolos, e não sejais intransigentes! quanto à urina, jogai sobre ela uma cuba de água para limpá-la”.

 

o beduíno disse: “ó deus, tenha misericórdia de mim e de mohammad, sem tê-la com ninguém mais”! o profeta (deus o abençoe e lhe dê paz) lhe disse: “você estreitou alguém que é amplo.”3

assim, vemos o profeta da misericórdia (deus o abençoe e lhe dê paz), nesse tipo de conduta, que está repleta de aspecto educacional tolerante e não de clima militar intransigente. mesmo sendo o profeta (deus o abençoe e lhe dê paz) “o homem, o mestre, o orador, o estadista e o combatente” ao mesmo tempo.

 

 

terceiro objeto da pesquisa: os seus métodos no discurso educacional.

 

seus métodos no discurso educacional e no ensino são misericórdia aos aprendizes e a todos que o ouviam. você o vê quando falava às pessoas, introduzir para a sua fala para que o entendam. repetia a informação e a confirmava para se conscientizarem dela. dava exemplos para fazer chegar o sentido aos ouvintes. fazia desenho no chão e utilizava os dedos para dar exemplos. tudo isso por bondade e misericórdia pelos ouvintes e aprendizes.4

 

primeiro: a introdução e a preparação:

 

o profeta (deus o abençoe e lhe dê paz) costumava preparar a informação antes de transmiti-la ao aprendiz, para que o ouvinte pudesse assimilá-la com facilidade. o exemplo disso:

abu huraira (que deus o tenha em sua glória) relatou que o profeta (deus o abençoe e lhe dê paz) disse: “quereis que vos indique o ato com o qual deus apaga os pecados e eleva as posições?” disseram: “dize-nos, ó mensageiro de deus.” ele disse: “efetuar a ablução apropriadamente, em circunstâncias difíceis, ir à mesquita freqüentemente para as orações, esperar a oração seguinte, depois de terminar uma. este é o vosso jihad pela causa de deus.”5                                                             

abu huraira relatou que o mensageiro de deus perguntou: “sabem quem é o falido?” responderam: “o falido entre nós é quem não tem nem dinheiro, nem propriedades.” o mensageiro de deus (deus o abençoe e lhe dê paz) disse: “o falido, da minha nação, é aquele que, no dia da ressurreição comparecer tendo praticado orações e jejum, porém insultou a este, usurpou os bens deste, derramou o sangue deste e bateu neste. uns e outros serão pagos com os bons atos dele. quando seus bons atos se esgotarem e, ainda, tiver a quem pagar, serão tiradas as faltas dos outros e acrescidas às suas. então será arrojado no inferno.”5

no primeiro exemplo ele preparou os ouvintes, dizendo: “quereis que vos indique o ato com o qual deus apaga os pecados e eleva as posições?” para que o ouvinte se prepare e interaja com a pergunta, fazendo a mente pensar na tentativa de responder. então, o profeta (deus o abençoe e lhe dê paz) responde à pergunta, ele mesmo, estimulando a mente do ouvinte para a idéia do tema. a informação penetra na mente, estando ávida pela resposta, como a terra sedenta fica ávida pela chuva!

 

no segundo exemplo, o ouvinte fica ávido em saber quem é o falido e suas características, enquanto a mente se move para a direita e para a esquerda para saber a resposta certa. a mente permanece em dúvida, até chegar ao conhecimento correto, conseguindo o benefício e fixando o conhecimento.

 

segundo: a repetição e a reiteração:

 

anas (que deus o tenha em sua glória) relatou que sempre que o profeta (deus o abençoe e lhe dê paz) falava, repetia três vezes as suas palavras para que fosse entendido.6

 

os exemplos disso:

suas palavras: “de certo, o falso testemunho”. o profeta repetia isso tanto...

ibn ômar relatou que o profeta (deus o abençoe e lhe dê paz) disse: “será que transmiti a mensagem?” e repetiu as palavras por três vezes.

 

abdullah ibn amr relatou que o profeta (deus o abençoe e lhe dê paz) disse: “ai dos descendentes quanto ao inferno!” duas ou três vezes.

 

a repetição era o seu método para a compreensão e a retenção, devido à sua bondade e atenção para com o ouvinte.

 

terceiro: a vagarosidade durante a apresentação

 

aicha descreve o método do profeta (deus o abençoe e lhe dê paz) apresentar as coisas, dizendo: “o profeta (deus o abençoe e lhe dê paz) não apresentava rapidamente como esta vossa apresentação. as palavras do mensageiro de deus (deus o abençoe e lhe dê paz) eram sempre claras e evidentes, sendo que as compreendiam todos quanto as escutavam.”7

 

com esse método, o profeta (deus o abençoe e lhe dê paz) demonstrava a sua bondade e consideração pelos ouvintes.

 

quarto: ter em consideração a capacidade dos aprendizes:

 

o profeta (deus o abençoe e lhe dê paz) era comedido em seus ensinamentos, discursos e sermões para que os aprendizes não se cansassem de seus ensinamentos e tivessem boa memória para a sua retenção e compreensão.

o profeta (deus o abençoe e lhe dê paz) escolhia os tempos adequados em que havia atividade mental e disposição psicológica entre os aprendizes. ele deixava passar um bom tempo entre um sermão e outro, entre uma admoestação e outra, para que as pessoas sentissem ansiedade e os peitos se expandissem para receber o conhecimento.

abdullah ibn mass’ud (que deus o tenha em sua glória) relatou: “o profeta (deus o abençoe e lhe dê paz) intercalava entre os dias na admoestação temendo que enjoássemos”8

 

quinto: dar exemplos:

 

esse método era o mais comum e o preferido do profeta (deus o abençoe e lhe dê paz) na apresentação e compreensão. o exemplo disso é o dizer|: “o bom exemplo que os crentes demonstram, com relação ao seu carinho, sua misericórdia e amabilidade recíprocas, é como se fosse proveniente de um só corpo; quando um membro se encontra indisposto, todo o resto do corpo mostra sua debilidade e febre.”9

nisso, há uma grande influência em fazer chegar o significado ao aprendiz, apresentando o valor moral de forma sensorial, vinculando-o à realidade e o aproximando da mente.

 

sexto: utilização de vários meios:

 

o profeta (deus o abençoe e lhe dê paz) utilizava o que chamamos hoje de métodos de ensino moderno, ou meios de esclarecimento para mostrar o significado e penetrar a mente dos ouvintes, fazendo funcionar seus sentidos no assunto:

 

entre esses métodos, temos:

 

1. explicação por meio das mãos e dos dedos:

como o entrelaçar os dedos, mostrando a natureza da relação entre o crente e seu irmão. abu mussa al ach’ri (que deus o tenha em sua glória) relatou que o profeta (deus o abençoe e lhe dê paz) disse: “o crente é, para os outros crentes, como um edifício onde as suas diferentes partes se reforçam reciprocamente.” conforme ele falava aquilo, entrelaçava com força os dedos de ambas as mãos.10

 

2. explicação por meio de desenhos e gestos:

quanto aos desenhos, abdullah ibn mass’ud relatou que o profeta (deus o abençoe e lhe dê paz) desenhou uma figura retangular e, no meio dela, traçou uma linha em toda a extensão; a extremidade superior dessa linha salientava-se para além do retângulo. quase cruzando essa linha mediana ele traçou pequenas linhas verticais. ele indicou que a figura representava o homem, que o retângulo circundante era a morte que o cobria e dava fim à sua vida; a linha do meio representa os seus desejos e as linhas curtas e transversais eram os testes e os altos e baixos da vida. ele disse: “se ele escapar de uma destas, cairá vítima da seguinte e, caso se livre desta, a terceira o irá pegar e assim por diante.”11

nesse versículo o profeta (deus o abençoe e lhe dê paz) mostrou, com desenhos no chão como se aparta entre o homem e seus vários desejos que terminam com a morte. nisso incentiva as pessoas a pensarem na morte antes de serem surpreendidos por ela.

 

quanto aos gestos, ‘áli ibn abi tálib (que deus o tenha em sua glória) relatou: “vi o profeta (deus o abençoe e lhe dê paz) pegar uma peça de seda na sua mão direita, uma peça de ouro na mão esquerda e o ouvi dizer: ‘estas duas coisas são ilícitas aos homens e permitidas às mulheres da minha nação’”12

 

3. o ensinamento prático:

o profeta (deus o abençoe e lhe dê paz) escolheu esse método de ensino quando estava instruindo seus companheiros a oração. depois de terminar de praticar a oração, disse: “ó gente, fiz isso para vocês me seguirem e conhecerem como pratico a oração.”13

 

todos esses métodos utilizados por misericórdia pelos aprendizes te revelam tão grande era a misericórdia do profeta (deus o abençoe e lhe dê paz) e a grandeza do valor do conhecimento, da ciência e da cultura no íntimo do profeta (deus o abençoe e lhe dê paz), sua elevada consideração pela mensagem educacional e pedagógica, e sua excepcional prática de vários meios que beneficiam a série educacional.

 

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1. sahih al bukhári, capítulo “despejar água sobre a urina na mesquita”, nº 217

2. essa expressão é de philip hitti: “o islam, um método de vida”, pág. 56.

3. ver: said raf’at rajih: “os meios de ensino nas tradições do profeta”, publicado no site: www.alukah.net.

4. narrado por musslim, no livro da higiene, capítulo: “o aperfeiçoamento da ablução, em situações difíceis”, nº 251.

5. narrado por musslim no livro: “a piedade e o relacionamento”, capítulo: “proibição da injustiça”, nº 2581.

6. narrado por bukhári no livro da ciência, capítulo: “repetição do hadice três vezes para ser entendido”, nº 95.

7. narrado por tirmizi no livro: “os méritos”, capítulo: como eram as palavras do mensageiro de deus (deus o abençoe e lhe dê paz), nº 191. o albáni atestou o hadice.

8. narrado por bukhári no livro da ciência, capítulo: “o profeta consultava os companheiros para admoestação”, nº 68.

9. narrado por bukhári no livro da ética, capítulo: “a misericórdia pelas pessoas e os animais”, nº 5665.

10. narrado por bukhári no capítulo: “entrelaçamento dos dedos na mesquita e em outros lugares”, nº 459

11. narrado por bukhári no capítulo: “as aspirações e suas extensões”, nº 5938.

12. narrado por abu daoud, no livro das vestimentas, capítulo, a respeito da seda para as mulheres”, nº 3535.

13. narrado por bukhári no livro da oração, capítulo: “o discurso no púlpito.” anas disse: “o profeta (deus o abençoe e lhe dê paz) fez um discurso no púlpito, nº 866.

 

 

 

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