quarto objeto da pesquisa: a liberdade de crença e na prática dos rituais james michener disse: “o alcorão é claro no apoio à liberdade de crença. a prova disso é muito forte porque o islam recebeu povos de diversas religiões, contanto que esses povos tivessem bom relacionamento. mohammad preocupou-se em ensinar os muçulmanos a colaborarem com os adeptos do livro, ou seja, judeus e cristãos. sem dúvida, guerras aconteceram entre muçulmanos e outros em algumas épocas. a causa disso é que os seguidores das outras religiões insistiram na luta. os monges afirmaram que os adeptos do livro eram muito bem tratados e tinham liberdade religiosa. o que prova a veracidade disso é a carta enviada pelo patriarca nestoriano aychuyabiiiao patriarca simão, seu colega na academia, depois da conquista islâmica que dizia: ‘os árabes, a quem foi concedida a autoridade do mundo pelo senhor e a liderança da terra, estão entre nós. apesar disso, vemos que eles não causam nenhum mal aos cristãos; ajudam-nos, incentivam-nos a conservar a nossa crença e ajudam os monges e os padres’”1. a respeito disso, robertson disse: “somente os muçulmanos aliaram o jihad com a tolerância aos seguidores das outras religiões que eles derrotaram, deixando-os livres para praticar seus ritos religiosos”.2 essa tolerância teve a sua influência em tornar o islam uma religião mundial, cuja primeira etapa começou no período do mensageiro de deus (deus o abençoe e lhe dê paz), na península arábica, até se espalhar em todas as regiões. goldzeiher disse: “o islam seguiu para se tornar uma força mundial, com uma política extraordinária. nos primeiros séculos, a sua adoção não era uma coisa obrigatória. os crentes monoteístas ou que adotavam as leis dos livros revelados como os judeus, os cristãos e os zoroastristas tinham a liberdade, contanto que pagassem a jizia3 anual, desfrutavam de liberdade religiosa e da proteção da nação islâmica. não era obrigatório que o islam penetrasse em seus corações, porém visava a sua liberdade externa. o islam, com essa política, alcançou profundos objetivos. na índia, por exemplo, os rituais antigos eram praticados nos templos, sob o governo islâmico.”4 os princípios de tolerância religiosa e a liberdade de crença no islam geraram o respeito dos pensadores, dos sábios, dos orientalistas imparciais ocidentais, bem como dos escritores e pesquisadores árabes cristãos. o escritor yussef naim arafa, num discurso durante a comemoração do nascimento do profeta em 1346 h/1927 d.c., a respeito do acordo do mensageiro com os seguidores das outras religiões, principalmente os cristãos, disse: “mohammad estabeleceu os princípios do amor e da fraternidade entre nós. ele amava e protegia os cristãos. como exemplo, citamos o que fez no ano vi da hégira, estabelecendo um acordo com os monges, em particular, e com os cristãos, em geral, protegendo-os e aos seus templos, garantindo que nenhum de seus sacerdotes fosse agredido ou obrigado a abandonar sua religião, que fossem auxiliados a reformar seus conventos. o próprio alcorão atesta o amor e a amizade dos cristãos aos muçulmanos. o versículo sagrado ‘constatarás que aqueles que estão mais próximos do afeto dos crentes são os que dizem: somos cristãos! porque possuem sacerdotes e não se ensoberbecem(5:82)’ mostra o fortalecimento da amizade entre ambos. sabemos o que os mensageiros moisés, jesus e mohammad apresentaram-se para a reforma do mundo e não para corrompê-lo e destruí-lo. os três livros revelados representam a luz que brota da mesma origem e espalha a sua luz em três raios, cada um para a humanidade’”.5 os textos islâmicos mais importantes quanto à tolerância religiosa e à liberdade de crença são as palavras de deus, bendito e exaltado seja: “não há imposição quanto à religião,porque já se destacou a verdade do erro. quem renegar o sedutor e crer em deus, ter-se-á apegado a um firme e inquebrantável sustentáculo, porque deus é oniouvinte, sapientíssimo.” (2:256). said cutb, comentando o versículo disse: “a questão de crença, como foi estabelecida pelo islam, é uma questão de convencimento após a evidência e a percepção; não é uma questão de imposição, obrigação e compulsão. o islam veio para se dirigir à percepção humana com todas as suas forças e potencialidades. dirige-se à mente pensadora, à improvisação inquisitiva, à emoção impressionada, à natureza submetida, à toda a existência e à percepção humana em todos os seus setores, sem coerção, até com o fenômeno material, cujos aspectos, recorrem à obediência. seu conhecimento, porém, não a organiza, a sua percepção não a assimila, porque está acima do conhecimento e da percepção. como as seitas e organizações terrenas, incapazes e arbitrárias podem impor algo com autoridade do estado e não permitirem a vida de quem a contraria?” 6 _____________________________________ 1. ver mohammad amin hassan, “as particularidades da mensagem islâmica”. pág. 166 2. ver chauqui abu halil, “o islam na gaiola de acusação”. pág. 125 3. jizia é uma taxa anual paga pelos não muçulmanos para proteção, sem servir exército dentro da nação islâmica. 4. ver mohammad abu feres “a organização política no islam”. pág. 21 5. ver mohammad charif chibani “o mensageiro nos estudos dos orientalistas imparciais”, pág. 110. 6. said cutb “à sombra do alcorão”, v. 1, explicação do versículo 256 da surata al báqara.