Seus ensinamentos sobre comer e beber Nunca recusou o que estava disponível, nem tampouco se esforçou para obter o que não estava disponível. Comia todas as coisas boas e se não gostasse, deixava-a sem rechaçá-la ou forçar-se a comê-la. Entretanto, nunca criticou uma comida; se gostava, comia, de outra forma a deixava, assim como quando lhe foi oferecido um lagarto, recusou dizendo que não estava acostumado àquela comida. Costumou comer o que estivesse disponível e se não houvesse nada tinha paciência, até o ponto em que atava uma pedra ao seu estômago por causa da fome. Algumas vezes passavam-se três meses sem acender o fogo para cozinhar. Não estava dentre seus ensinamentos limitar-se a apenas um tipo de comida. Costumava comer doces e mel, e ele gostava disso. Comia carne de camelo, ovelha, frango, pássaros, zebra e coelho. Também comia tudo do mar, carne assada e tâmaras frescas ou secas. Comia zarid, um pão empapado com caldo e carne, como pão com azeite e pepino com tâmaras frescas. Comia abóbora cozida e gostava e também comia carne seca e tâmaras com manteiga. Gostava de carne, especialmente o antebraço e a parte dianteira das ovelhas. Costumava comer frutas locais em sua temporada, não as evitava. A maioria de suas refeições era servida sobre uma esteira, no chão. Ordenava às pessoas que comessem com a mão direita e proibia que comessem com a mão esquerda, dizendo: “Na verdade, Shaitan come e bebe com sua mão esquerda”. Costumava comer com três dedos e os chupava quando terminava. Não comia recostado, sentado de pernas cruzadas ou descansando sobre uma das mãos e comendo com a outra; estas três posições são de mau gosto. Ele costumava comer sentado com suas pernas esticadas e dizia: “eu me sento como um escravo e como da maneira que come um escravo”. Quando estendia sua mão até a comida, dizia: “bismillah” (em nome de Allah). Ensinava às pessoas que fizessem o mesmo, dizendo: “quando um de vós comer deve pronunciar o nome de Allah. Caso esqueça de pronunciá-lo ao começo que diga ‘bismillah awwalahu wa akhirahu’ (em nome de Allah ao começo e ao fim)” (Tirmidhi). Dizia: “em verdade, Shaitan considera lícita para ele a comida sobre a qual não é mencionado o nome de Allah” (Muslim). Quando era convidado a comer não ia à casa do anfitrião sem que suplicasse por eles, dizendo: “aftara ‘indakumus-saímun wa akala ta`amakumul-abraar, wa sallat `alaikumul-mala'ikah” (Que aqueles que jejuam rompam seu jejum em vosso lar, e que os piedosos comam a sua comida e que os anjos invoquem bênçãos sobre vós) – Abu Dawud. Costumava suplicar por aqueles que convidavam os pores e os elogiava. Jamais mostrou desdém por comer com alguma pessoa, jovem ou velha, livre ou escrava, beduína ou imigrante. Se era convidado a comer enquanto jejuava, dizia: “estou jejuando” (Bukhari e Muslim). Dizia àqueles que eram convidados a comer que orassem pelo anfitrião se estivessem jejuando e que aceitassem, caso não estivessem em jejum. Quando era convidado a comer e alguém o acompanhava, informava ao anfitrião, dizendo: “este homem nos seguiu, portanto, se desejas, permita-o entrar, caso contrário ele deverá ir embora” (Bukhari). Dizia àqueles que se queixavam a ele que a comida não era suficiente para satisfazer a todos presentes que não se separassem e que pronunciassem o nome de Allah sobre ela para que Ele a abençoasse. O Profeta dizia: “um ser humano não enche um recipiente pior que seu estomago; uns tantos bocados são suficientes para suportar seu peso. Então, deve-se encher um terço de seu estômago com comida, um terço com bebida e um terço deve-se deixar para o ar” (Tirmidhi e Ibn Majah). Entrou em sua casa uma noite, buscando comida e não encontrou nada, então disse: “allahumma at’im man at’amani wasqi man saqaani” (Ó Allah, dá de comer a quem me deu de comer e dá de beber a quem me dá de beber) – Muslim. Seus ensinamentos sobre beber[1] Seus ensinamentos sobre beber eram os mais perfeitos para proteger a saúde. Sua bebida favorita era doce e fria. Costumava beber leite sem diluir ou mesclar com água. Dizia: “Allaahumma barik lana fihi wa zidna minhu, fa innahu laisa shaiun iujzi `anat-ta`aami wash-sharaabi illal-laban” (Ó Allah, abençoe e aumente para nós, pois nada é tão suficiente como a comida e bebida, exceto o leite) – Tirmidhi. Não fazia parte de seus ensinamentos beber durante a comida. Seus companheiros costumavam preparar o nabidh[2] para ele, na noite e ele a bebia na manhã seguinte ou na noite seguinte, ou um dia mais tarde. Se sobrava algo depois disso, ele derramava a bebida. O Profeta não bebia daquilo depois de três dias, por medo de se intoxicar. Também era parte de seus ensinamentos beber sentado e costumava repreender aqueles que bebiam de pé. Mas, uma vez, ele bebeu estando de pé, e sobre isso foi dito que a proibição foi abolida, ou, de outra forma, foi para mostrar que as duas maneiras eram permitidas. Costumava fazer três pausas para respirar enquanto bebia e dizia: “é melhor para aliviar a sede, é mais satisfatório e mais saudável” (Muslim). Isso queria dizer que ele retirava o recipiente de perto de sua boca e respirava fora dele. Dizia: “quando beber, não deves respirar dentro do recipiente, mas sem afastá-lo de tua boca” (Tirmidhi e Ibn Majah). Costumava pronunciar o nome de Allah quando começava a beber e louvá-Lo quando terminava. Dizia: “Allah gosta daquele servo que come e bebe louvando-O” (Muslim). Costumava ser fornecido com água fresca, mas preferia aquela que havia repousado. Quando oferecia a bebida, passava-a pela sua direita, mesmo que houvesse algum ancião à sua esquerda. Ordenava que os recipientes fossem cobertos e fechados firmemente, e deveria-se pronunciar o nome de Allah neste momento. [1] Zadul Ma’ad (2/366, 4/209) [2] Uma bebida adoçada com tâmaras.