Dentre os ensinamentos do Profeta buscar tratamento médico e ordenava à sua família e companheiros que adoeciam a buscar o tratamento adequado. Dizia: “Allah não enviou nenhuma doença sem antes ter enviado sua cura” (Bukhari). Também disse: “Ó servos de Allah, busquem tratamento médico” (Abu Dawud, Ibn Majah e Tirmidhi). Havia três tipos de tratamento para as doenças: através da medicina natural, remédios divinos e a combinação de ambos. Proibiu o tratamento com substâncias embriagantes ou impuras. Costumava visitar seus companheiros quando adoeciam. Visitou uma criança judia doente que costumava serví-lo e visitou seu tio que era politeísta. Chamou ambos ao Islam. A criança judia aceitou a mensagem, mas seu tio não. Costumava aproximar-se do doente, sentar-se próximo de sua cabeça e perguntava sobre sua condição. Não estava dentre seus ensinamentos do Profeta ﷺ escolher um dia ou horário específico para visitar um doente. Pelo contrário, apressava-se a visitar os doentes em qualquer hora do dia ou da noite. Seus ensinamentos sobre o uso das medicinas naturais[1] Dizia: “a febre é um alento quente do inferno, portanto baixem-na com água” (Bukhari e Muslim). Dizia: “quando algum de vós tiver febre, que molhem-no com água por três noites, antes do amanhecer”. Quando o Profeta tinha febre, pedia um recipiente (feito de couro) com água e derramava-a sobre sua cabeça, banhando-se. Quando, certa vez, a febre foi mencionada na presença do Profeta ﷺ e um homem a maldisse, ele falou: “não amaldiçoe a febre, pois ela remove os pecados da mesma forma que o fogo remove as impurezas do ferro” (Ibn Majah). Um homem disse que seu irmão padecia de diarréia. O Profeta disse: “dê a ele mel” (Bukhari e Muslim). O Profeta costumava misturar mel na água e beber em jejum. Algumas pessoas que haviam chegado a Madinah se queixavam de edemas, então o Profeta lhes disse: “por que não vão onde estão os camelos reservados para a caridade e bebem do leite e urina deles?” Assim fizeram e foram curados (Bukhari e Muslim). Quando o Profeta foi ferido na batalh de Uhud, Fátima, raa, pegou um pouco de palha, queimou e colocou as conzas para estancar o sangue da ferida. O Profeta enviou por seu companheiro Ubai ibn Ka’b, raa, um médico que cortou uma de suas veias e a cauterizou. E o Profeta disse: “há uma cura em três coisas: a bebida com mel, a sucção com ventosas e a cauterização com fogo. Mas, não aconselho ao meu povo a cauterização” (Bukhari), também disse: “não gosto da cauterização” (Bukhari e Muslim). Isso significa que a cauterização só deve ser utilizada como um último recurso, quando é necessária, pois ela causa uma intensa dor. Foi-lhe aplicada a sucção com ventosas e ele remunerou a pessoa que a aplicou. Disse: “o melhor tratamento é a sucção com ventosas” (Bukhari e Muslim). Aplicou na cabeça quando estava em estado de ihram devido a uma forte dor de cabeça e em sua lombar quando teve dores nesta região. O Profeta tinha o costume de fazer sucção com ventosas em três lugares: nas costas (entre os ombros) e nas duas veias jugulares. Foi tratado com sucção três vezes, entre os ombros, logo após comer um cordeiro envenenado. Também recomendava a sucção com ventosas a seus companheiros. Ninguém se queixava de dor de cabeça sem que o Profeta dissesse: “ajuda-te a ti mesmo com a sucção com ventosas”. E quando alguém se queixava de dor nas pernas, ele dizia: “use henna” (Abu Dawud). Salma, Umm Raafi’, raa, uma serva do Profeta narrou: “sempre que era picado ou machucado com um espinho, aplicava henna sobre isso” (Tirmidhi). Para a constipação, dizia: “toma sana[2] e sannut[3], pois eles têm a cura para todo o mal, exceto a morte” (Ibn Majah). Dizia: “teu melhor delineador (para os olhos) é o antimônio. Clareia sua vista e ajuda a crescer o cabelo” (Abu Dawud e Ibn Majah). Dizia: “quem come sete tâmaras tipo ‘ajwah, pela manhã, não será atingido, neste dia, por magia ou veneno” (Bukhari e Muslim). Dizia: “não obriguem seus pacientes a comer ou beber, pois Allah os está alimentando e dando de beber” (Tirmidhi e Ibn Majah). O Profeta ﷺ recomendou a Suhaib, raa, a comer tâmaras secas quando sofresse de um problema nos olhos e permitiu apenas poucas delas. Também recomendou Ali, raa, a comer as tâmaras secas pela mesma razão. Disse: “se uma mosca cair em uma bebida, submerja-a completamente antes de tirá-la da bebida, pois, em uma de suas asas está a doença e na outra a cura” (Bukhari). Dizia: “a talbinah[4] conforta o coração de uma pessoa doente e remove algo de sua depressão” (Bukhari e Muslim). Também disse: “usem a semente negra, pois nela está a cura para todo padecimento, exceto a morte” (Bukhari). Disse: “fuja da hanseníase como se fugisse de um leão” (Bukhari). Também disse: “uma pessoa doente não deve ser trazida para o meio das pessoas saudáveis” (Bukhari e Muslim). Entre a delegação de Zaqif havia um portador da hanseníase, então, o Profeta enviou-lhe uma mensagem dizendo: “Tu podes regressar, pois já aceitamos tua requisição” (Muslim). Seus ensinamentos sobre o tratamento com a recitação (ruqiah)[5] O Profeta ﷺ tinha o costume de buscar a proteção de Allah contra os gênios (jinn) e do mau olhado dos seres humanos. Alem disso, disse às pessoas que usassem a ruqiah[6] nos afetados pelo mau olhado. Disse: “o mau olhado é verdadeiro, se houver algo mais rápido que o destino seria o mau olhado. Quando um de vós for atingido, tome um banho” (Muslim). Certa vez, viu uma menina cujo rosto mostrava o efeito da influência de um jinn. Então disse; “façam ruqiah por ela, pois ela foi afetada pela olhada” (Bukhari e Muslim). Disse, a um de seus companheiros que havia tratado alguém com uma mordida de animal venenoso com a recitação a surah al Fatiha e a pessoa havia se curado: “como sabias que é indicada para a ruqiah?” (Bukhari e Muslim). Um homem lhe disse: “um escorpião me picou pela noite”. O Profeta ﷺ respondeu: “se houvesses recitado, ao cair da noite ‘a’udhu bikalimaatil-llahi at-taammaati min sharri ma khalaq’ (busco refúgio nas palavras perfeitas de Allah do mal que existe no que Ele criou), isto não lhe tinha causado dano nenhum” (Muslim). Quando alguém se queixava de um sofrimento ou sentia alguma dor ou lesão, o Profeta unha sua saliva no dedo indicador, tocava o solo, levantava-o e dizia: “em nome de Allah, a poeira de nossa terra com a saliva de um de nós curará com a permissão de nosso Senhor” (Bukhari e Muslim). Um de seus companheiros se queixou de dor, então ele disse; “ponha tua mão na parte do teu corpo que dói e repete, sete vezes ‘A`udhu bi`izzatillaahi wa qudratihi min sharri ma ajidu wa uhaadhir’ (busco refúgio na honra e na habilidade de Allah contra o mal que encontro e temo)” (Muslim). Quando visitava um membro de sua família que estava doente, costumava passar a sua mão direita sobre o paciente e suplicar: “Allaahumma rabban-nasi, adhhibil-ba'sa, washfi, antash-shaafi, la shifa'a illa shifa'uka, shifa'an la iughadiru saqama” (ó Allah, Senhor da humanidade, remove a afecção e cura. Tu és Aquele que cura; não há cura senão a Tua cura, uma cura que não deixa nenhuma seqüela) – Bukhari e Muslim. E quando visitava um doente dizia: “La ba'sa, tahurun in shaa' Allaah” (não há nada completamente mau, é purificação, se Allah desejar) – Bukhari. [1] Zadul Ma’ad (4/23). [2] Uma planta medicinal. [3] Um tipo de mel, outros dizem que é cominho. [4] Uma sopa feita de cevada, farinha e fibra. [5] Zadul Ma’ad (4/149, 4/171). [6] Há dois tipos de ruqiah: 1) a ruqiah legal usada pelo Profeta, que são as recitações permissíveis, confirmadas pelo Qur’an e sunnah autêntica e 2) a ruqiah ilícita, as que contêm palavras de incredulidade, encantamentos misteriosos ou superstições, tudo isso é proibido pelo Islam.