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Qiam Al Lail e Al Witer, e as diferentes sunnas do Profeta relacionadas a ambas.

266 2020/04/08
Qiam Al Lail e Al Witer, e as diferentes sunnas do Profeta relacionadas a ambas.

1. É um ato da Sunna rezar a oração noturna (Qiam Al Lail) em seu horário preferido.

Qual é o horário disponível para realizar a oração noturna?

O horário desta oração começa após o final da oração do ‘Isha e dura até o começo da alvorada, assim como a oração do Witer.

E esta é a evidência:

Aisha narrou que:

“O Mensageiro (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) costumava oferecer onze rakas entre as orações do ‘Isha e do Fajr. Costumava fazer o taslim (saudação ao final de cada oração) e depois finalizava com uma única raka”

(Bukhari 2031 e Muslim 736).

Quanto ao melhor horário para oferecer a oração noturna, é um terço da noite quando já houver passado a primeira metade da mesma.

Para entender essa divisão, o muçulmano deverá dividir a noite em dois, dormir na primeira metade, e ao entrar a segunda metade, dividir a noite em seis, e rezar um terço durante o quarto e quinto sexto da noite, e dormir o último sexto antes do Fajr.

Isto é evidenciado no hadith narrado por Abdullah ibn ‘Amr quando o Mensageiro de Allah (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) disse:

“O jejum mais amado por Allah foi o jejum do Profeta Dawud ( Davi), que costumava jejuar alternando os dias; e a oração mais amada por Allah foi a oração de Dawud, que costumava dormir a primeira metade da noite, rezar um terço dela e novamente dormir um sexto”

(Bukhari 3420 e Muslim 1159).

Se alguém deseja aplicar tal Sunna, como deve calcular esta divisão da noite?

A pessoa deve começar a calcular o tempo assim que o sol se põe até o aparecimento da alvorada. Então, deve dividir a noite em seis partes. As três primeiras partes são a primeira metade da noite, na qual deve se levantar depois desta para oferecer a oração durante o quarto e quinto sexto da noite e depois voltar a dormir,

já que Aisha disse:

“Durante a última parte da noite só via o Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) ao meu lado dormindo”

(Bukhari 1133 e Muslim 742).

Portanto, o melhor horário para oferecer a oração noturna é como mencionado no hadith de Abdullah Ibn Omar (que Allah esteja satisfeito com ele).

Em conclusão, o horário de preferência da oração noturna é de três tipos:

Em primeiro lugar, que a pessoa durma na metade da noite, reze durante um dos seus terços, e volte a dormir um sexto como foi explicado.

E sua evidência é: O hadith de ‘Abdullah Bin ‘Amr Bin Al ‘As que já mencionamos.

Segundo, que a pessoa reze durante o último terço da noite.

E sua evidência é:

O hadith narrado por Abu Hurairah, onde o Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) disse:

“Nosso Senhor, Bendito e Exaltado seja, desce cada noite ao céu mais baixo durante o último terço da noite e diz : ‘Quem Me suplica para que Eu possa respondê-lo? Quem pede Meu perdão para que Eu possa perdoá-lo?’”

(Bukhari 1145 e Muslim 758).

Encontramos outra evidência no hadith narrado por Jabir, o qual veremos em breve.

No entanto, se alguém teme não poder levantar-se no último terço, que ofereça então a oração noturna no começo da noite.

Terceiro, que ofereça a oração noturna no começo da noite ou na parte que puder da noite.

E sua evidência é:

O hadith narrado por Jabir no qual o Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) disse:

“Quem teme não acordar na última parte da noite para rezar, que reze o Witer antes de ir-se dormir ; mas quem tem a intenção de se levantar na última parte da noite, que reze o Witer no final da noite, pois a oração no final da noite é testemunhada (pela presença divina e pelos anjos) e isso é melhor”

( Muslim 755).

Também é apoiado pela recomendação do Profeta (que a paz e bênçãos de Allah estejam sobre ele) a Abu Dharr (Nasa’i 2712), Abu Ad-Darda (Ahmad 27481) e Abu Hurairah (Muslim 737) (que Allah esteja satisfeito com todos eles), pois cada um deles costumava dizer: “Meu amado (o Profeta) recomendou-me três coisas... (e uma delas foi) oferecer a oração do Witer antes de ir-me dormir”.

2. A Sunna é rezar onze rakas.

Essa é a maneira mais perfeita de oferecer a oração noturna, porque Aisha (que Allah esteja satisfeito com ela) narrou:

“O Mensageiro de Allah (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) não rezava mais de onze rakas no Ramadan ou em qualquer outro mês”

(Bukhari 1147 e Muslim 738).

No entanto, também foi narrado de Aisha que o Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) realizou treze rakas (Muslim).

Essa diferença entre os dois hadiths, de onze e treze rakas, pode ser conciliada no entendimento de que eram duas maneiras diferentes de fazer o Witer ou oração ímpar.

3. É Sunna começar a oração noturna com duas rakas curtas e breves.

Aisha (que Allah esteja satisfeito com ela) narrou:

“O Mensageiro de Allah (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) iniciava sua oração noturna com duas rakas curtas”

(Muslim 767).

4. É Sunna iniciar a oração noturna com súplicas especiais que o Profeta fazia, entre elas estão as seguintes:

a) Aisha (que Allah esteja satisfeito com ela) narrou que quando o Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) iniciava sua oração noturna dizia:

“Óh Allah! Senhor dos anjos Jibril, Mikail e Israfil. Criador dos céus e da terra. Conhecedor do visível e do invisível. Tu julgarás entre Teus servos sobre o que discrepavam. Guia-me por Tua graça para a verdade sobre o que diferem. Verdadeiramente, Tu guias a quem Lhe apraz pelo caminho reto”

(Muslim 770).

b)

Ibn Abbas (que Allah esteja satisfeito com ele) narrou que quando o Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) ia rezar a oração noturna, dizia:

“Ó Allah! Senhor nosso, Teu é o louvor. Tu és a luz dos céus e da Terra e tudo o que eles contêm. Teu é o louvor. Tu és a verdade. Tua promessa é verdade. O encontro Contigo é verdade. Tua palavra é verdade. O paraíso é verdade. O inferno é verdade. Os profetas são verdade. Muhammad é verdade. A hora final é verdade. Ó Allah, a Ti me entreguei e em Ti acreditei, e em Ti confio. Me arrependo dos meus pecados diante de Ti. Por Tua causa entro em disputa e sob Teus critérios julgo, então perdoa-me pelo que fiz de mal e pelo que tenho sido negligente, pelo que fiz em segredo e pelo que cometi abertamente e por aquilo que só Tu sabes que tenho feito. Tu és o que adianta e Tu és o que atrasa. Não há divindade além de Ti. Não há força nem poder exceto em Ti”

(Bukhari 7449 e Muslim 768).

5. É Sunna prolongar o tempo dos movimentos, como quando se está de pé, ao inclinar-se e ao prostrar-se (sujud), de tal maneira que todos os pilares da oração sejam iguais em sua extensão.

6. É Sunna seguir certas maneiras ao recitar o Alcorão durante a oração noturna. Por exemplo:

a) Deve-se seguir uma forma de recitação moderada, nem muito rápida nem muito lenta.

b) Deve-se descansar entre os versículos, isto é, é necessário fazer uma pausa de acordo com o ritmo da sura. Não se deve recitar dois ou três versículos seguidos sem parar ao final de cada versículo.

c) Se é recitado um versículo de louvor, deve-se louvar; se é recitado um versículo de súplica, deve-se suplicar; se é recitado um versículo que solicita o refúgio de Allah, deve-se pedir o refúgio de Allah.

Estas maneiras são baseadas nos seguintes hadiths:

O hadith narrado por Hudhaifa (que Allah esteja satisfeito com ele) que disse:

“Rezei com o Mensageiro de Allah (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) uma noite e ele começou recitando Al Baqara. Pensei que se inclinaria para o ruku depois de cem versículos, mas ele continuou. Então pensei que recitaria toda (a sura) em uma raka, mas ele continuou e pensei que talvez se inclinaria ao completar (esta surata). Então ele iniciou An-Nisa e a completou. Então iniciou Al Imran e a recitou pausadamente. Além disso, quando recitou os versículos em referência à Glória de Allah, O glorificou; e quando recitou versículos com súplicas, o Profeta suplicou; e quando recitou versículos sobre a proteção do Senhor, pediu Sua proteção. Depois de tudo isso fez o ruku dizendo: ‘Subhana Rabbi Al Adhim’ (Glorificado seja meu Senhor, o Poderoso). Sua inclinação durou quase o mesmo tempo que durou de pé (e ao retornar à posição de pé após o ruku) disse: ‘Sami’a Al-lahu liman Hamida’ (Allah ouve quem O louva); e então ficou de pé quase o mesmo tempo que ficou inclinado. Então prostrou-se fazendo o sujud dizendo: ‘Subhana Rabbil A’la’ (Glória ao meu Senhor o Exaltado), e sua prostração durou quase o mesmo tempo que a sua estadia em pé”.

Ahmad (que Allah o tenha em Sua misericórdia) narrou que Umm Salama (que Allah esteja satisfeito com ela) falou sobre a recitação do Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) e disse:

“Em sua recitação, parava ao final de cada ayah”

(Ahmad 26583 e Daraqutni 118. Nawawi o classificou autêntico em Al Majmu’, Vol.3, p.333).

7. É Sunna fazer o taslim (saudação) a cada duas rakas.

Ibn Omar (que Allah esteja satisfeito com ele) narrou que um homem perguntou ao Mensageiro de Allah (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) sobre a oração noturna. O Mensageiro de Allah respondeu:

“A oração noturna é oferecida em duas rakas e assim por diante; mas se temes que o alvorecer comece, deves rezar uma raka e isso será suficiente como Witer”

(Bukhari 990 e Muslim 749).

Isso significa que o Profeta rezava de duas em duas, e não fazia quatro rakas seguidas à noite.

8. Também é Sunna ler certos capítulos nas últimas três rakas.

É Sunna ler o capítulo de Al ‘Ala (87) na primeira raka, Al Kafirun (108) na segunda, e Al Ikhlas (112) na terceira.

E sua evidência é:

O hadith narrado por Ubai ibn Ka’b (que Allah esteja satisfeito com ele):

“O Profeta rezava o Witer e lia os capítulos 87, 108 e 112” (Abu Dawud 1423,

Nasa’i 1733 e Ibn Majah 1171. Declarado Sahih por Nawawi e Al Albani).

9. É Sunna fazer ocasionalmente a súplica de Qunut na oração do Witer.

O Qunut é uma súplica que neste caso é feita na última raka depois de recitar o capítulo 112.

Fazer Qunut é Sunna, então é bom fazê-lo ocasionalmente; isto porque alguns dos sahabas o faziam. A opinião de Ibn Taymiyah (que Allah o tenha em Sua misericórdia) é que deve ser feito poucas vezes, sendo mais vezes que não o faz do que as vezes que o faz.

         Pergunta: As mãos devem ser levantadas ao fazer o Qunut?

A resposta correta é que sim, as mãos devem ser levantadas e esta é a opinião da maioria dos eruditos, com base no que foi relatado de Omar Ibn Al Khattab (que Allah esteja satisfeito com ele) tal como foi registrado e autenticado por Al Baihaqui.

Al Baihaqui (que Allah o tenha em Sua misericórdia) disse: “Um grande número de Companheiros levantava as mãos ao fazer Qunut” (Sunnan Al Kubra, Vol.2, p.211).

         Pergunta: Com que palavras o Qunut deve ser iniciado?

A opinião mais forte ―e Allah sabe mais― é que inicia-se louvando a Allah, glorificando-O, pedindo paz e bênçãos sobre o Profeta Muhammad, e então fazem-se as súplicas. Isso seria o mais próximo de ter a súplica aceita.

A evidência é a seguinte:

O hadith de Fudhala Ibn Obaid que narrou:

“O Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) ouviu um homem fazendo súplicas, mas não pediu paz e bênçãos sobre o Profeta. Ele disse: ‘Esse homem estava com pressa’. Então o chamou. Disse a ele e aos demais: ‘Quando um de vós faz uma súplica, que comece louvando a Allah, glorificando-O, pedindo paz e bênçãos para o Profeta, e então faça a súplica que quiser’”

(Tirmidhi 3477; é um hadith Hasan Sahih).

Ibn Al Qayyim (que Allah o tenha em Sua misericórdia) disse: “É recomendável que na súplica a pessoa comece louvando a Allah, glorificando-O e depois pedindo o que deseja, como estabelecido no hadith de Fudhala” ( Al Wabil As-As’ib, p.101).

         Pergunta: Se deve passar as mãos sobre o rosto ao terminar a súplica de Qunut?

A opinião correta é que não se deve passar as mãos sobre o rosto depois de fazer a súplica de Qunut, já que não há evidência autêntica que apoie tal ação.

O Imam Malik (que Allah o tenha em Sua misericórdia) foi informado sobre um homem que havia passado as mãos sobre o rosto ao finalizar o du’a e desaprovou o ato. Ele disse: “Não conheço [ninguém das primeiras gerações que fez isso]” (Kitab Al Witer de Marwazi, p.236).

O Sheikh Al Islam Ibn Taymiyah (que Allah o tenha em Sua misericórdia) disse: “Quanto a passar as mãos sobre o rosto, há apenas um ou dois hadiths e não podem ser usados como evidência legal decisiva” (Majmu’ Al Fatawa, Vol. 22, p.519).

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