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PRESERVAÇÃO DA SUNNAH POR DEUS (PARTE 5 DE 7): PRIMEIRO CRITICISMO DE HADITHS E AVALIAÇÃO DE NARRADORES

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817 2019/01/15 2024/12/18
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Outro aspecto importante na preservação dos hadiths foi o desenvolvimento precoce de criticismo de hadiths e avaliação de narradores.  Mesmo durante a vida do Mensageiro de Deus, os Companheiros com frequência iam a ele para confirmar alguns relatos que tinham ouvido sobre sua autoridade.  O professor Azami, se referindo aos exemplos nas coletâneas de hadiths de Ahmad, al- Bukhari, Muslim e al‑Nasaai escreve:
“Se criticismo for o esforço para distinguir entre o que é certo e o que é errado, então podemos dizer que isso começou na vida do Profeta. Mas nesse estágio não era mais do que ir ao Profeta e verificar algo que disseram que ele disse...
... Encontramos que esse tipo de investigação de verificação foi realizada [sic] por Ali, Ubai ibn Kaab, Abdullah ibn Amr, Umar, Zainab esposa de ibn Masud e outros. Á luz desses eventos, pode ser dito que a investigação dos hadiths ou, em outras palavras, criticismo dos hadiths começou de forma rudimentar durante a vida do Profeta.” [1]
Obviamente essa prática de confirmar relatos diretamente com o Mensageiro de Deus tinha que cessar com a morte do Profeta, que a misericórdia e bênçãos de Deus estejam sobre ele.  Na época dos Companheiros, liderados por notáveis como Abu Bakr, Umar, Ali, ibn Umar e outros, costumavam confirmar os hadiths uns com os outros.  Umar, por exemplo, era estrito na salvaguarda da disseminação adequada de hadiths.  Em Sahih Muslim pode-se encontrar o exemplo de Abu Moosa al‑Ashari.  Umar ameaçou puni-lo se ele não apresentasse testemunha para um hadith que tinha narrado para Umar.  Comentando sobre esse hadith, Abdul Hamid Siddiqi afirmou que Umar não duvidava de Abu Moosa, mas apenas queria manter uma rígida supervisão sobre a transmissão de hadiths.[2]
Muitos exemplos como esse podem ser fornecidos.  Abu Hurairah, Aisha, Umar e ibn Umar verificavam hadiths.  Às vezes verificavam o hadiths por “referência cruzada” (como Umar e Abu Moosa acima) e outras vezes faziam o que podia ser chamado de verificação cronológica.  O Imame Muslim registra que Aisha ouviu certo hadith narrado de Abdullah ibn Amr.  Um ano depois ela fez seu servo ir até Abdullah ibn Amr para ouvir o hadith dele novamente para se assegurar de que ele tinha narrado exatamente como tinha ouvido do Profeta e que ele não tinha cometido erros ou feito adições em sua narração.[3]
Essa investigação de narradores levou ao desenvolvimento da ciência mais fascinante e única de al-jarh wa al-tadeel, na qual as vidas e qualidades acadêmicas e morais de literalmente milhares de narradores são discutidas em detalhes.  Cada narrador deve atender qualificações morais e acadêmicas para seu hadith ser aceito.  Um, sem o outro, simplesmente não é suficiente.  Um indivíduo pode ter uma grande memória ou ser capaz de registrar material de forma muito precisa, mas se não for considerado uma pessoa completamente honesta e confiável, suas narrações de hadith, a informação mais importante que um indivíduo pode passar adiante, não serão aceitas.  Da mesma forma, uma pessoa pode ser muito piedosa e honesta, mas se não possui as qualidades literárias ou acadêmicas para ser capaz de passar adiante informação de forma precisa e correta, suas narrações também não podem ser confiáveis.
Assim, os estudiosos desenvolveram muitos meios para testar a proficiência e precisão dos narradores de hadiths.  Azami afirma que existiam quatro formas básicas para verificar a proficiência de um narrador.  Ele deu exemplos de cada tipo.[4]  As quatro são:
(1)  Comparação entre o hadith de estudantes diferentes do mesmo estudioso.  Um exemplo é o de Yahya ibn Maeen que leu os livros de Hammad ibn Salama para dezessete estudantes de Hammad.  Ele disse que fazia isso porque seria capaz de identificar os erros que Hammad fez (ao compará-los com o que outros estudiosos tinham narrado) e os erros que cada estudante individual fez (ao compará-los com os outros estudantes de Hammad).
(2)  Comparação entre afirmações de um único estudioso em épocas diferentes.  Foi feita menção antes ao hadith de Aisha, em que ela mandou perguntar a Abdullah ibn Amr ibn al‑As sobre um hadith que ele tinha narrado um ano antes.  Quando ela constatou que ele não havia feito qualquer alteração no hadith, soube que ele o tinha memorizado exatamente como o ouviu do Profeta.
(3)  Comparação entre recitação oral e documentos escritos.  Azami deu o seguinte exemplo:
Abdur Rahman b. Umar transmitiu um hadith através de Abu Huraira relacionado à oração de Dhuhr [oração do meio-dia], que pode ser retardada no verão [sic] a partir de seu horário mais cedo.  Abu Zurah disse que estava incorreto.  Esse hadith foi transmitido sobre a autoridade de Abu Said. Abdur Rahman b. Umar levou isso muito a sério e não esqueceu.  Quando voltou para sua cidade, verificou em seu livro e descobriu que estava errado.  Então escreveu para Abu Zurah reconhecendo seu erro e pedindo a ele para informar aquela e aquela pessoa e outras pessoas que tinham perguntado sobre isso de seus alunos e informar-lhes sobre seu erro e disse que Deus o recompensaria, porque a vergonha é muito melhor que o inferno.[5]
(4)  Comparação entre hadith e o texto do Alcorão.  Essa prática começou com os Companheiros.  O Alcorão era o primeiro teste que o hadith tinha que passar.  Os Companheiros não aceitavam qualquer hadith que contradissesse o Alcorão; ao invés disso, concluíam que o Companheiro devia estar errado ou tinha entendido mal o que o Profeta tinha narrado.  Sabiam que o Alcorão e a Sunnah eram essencialmente uma revelação e não era possível que uma contradissesse a outra.
Azami menciona apenas os quatro métodos acima de verificação de proficiência de um narrador, mas havia outros.  Os que se seguem eram muito comuns: comparar o que um narrador relatou com o que outros narraram (ou seja, não alunos de um mesmo professor), comparar uma Sunnah com outra e comparar o texto do hadith com eventos históricos bem conhecidos.

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