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Modéstia (parte 2 de 3): Histórias sobre Modéstia I
Muhammad e a Modéstia perante Deus
O Profeta, que a misericórdia e bênçãos de Deus estejam sobre ele, afirmou:
“Toda religião tem sua característica e a característica do Islã é a modéstia.” (al-Muwatta)
A modéstia, no sentido de se proteger com propriedade do olhar lascivo ou invejoso, significa tomar cuidado sobre como se expressar em palavras e atos. Não se quer que os outros olhem de forma estranha ou censurável. Encoraja a ser apropriado no comportamento e pensamento com outras pessoas e na relação com Deus. O profeta uma vez disse aos seus companheiros:
“Seja modesto diante de Deus de acordo com Seu direito à modéstia perante Ele.”
Eles disseram: “Ó mensageiro de Deus, em verdade somos modestos. Louvado seja Deus.”
Ele disse: “Não é isso. Modéstia diante de Deus de acordo com Seu direito à modéstia é que protejam suas mentes em relação ao que elas aprendem; seus estômagos no que ingere. E lembrem da morte e tribulações vinculadas a isso; e quem desejar a Vida Eterna, deixe os adornos dessa vida.
Quem quer que faça tudo isso é verdadeiramente modesto diante de Deus de acordo com Seu direito à modéstia.”[1]
Modéstia e vergonha se aplicam a todo aspecto da vida, e a conscientização da presença de Deus ajuda a sermos modestos e decentes na forma como nos comportamos em cada atividade em que nos engajamos. Coroa a ética moral de comportamento e prática, porque inspira a fazer tudo que é belo e previne de fazer o que é maléfico. É um escudo de castidade para o corpo e de pureza para a alma, já que a vergonha privada deriva de estar consciente de que Deus está observando. O Profeta disse:
“A modéstia vem da fé e a fé está no paraíso.” (Ahmed)
Muhammad e a Festa de Casamento
Na ocasião de seu casamento em Medina com Zainab, a filha de Jahsh, o profeta convidou as pessoas para sua festa de casamento. Esse foi um convite para o final da manhã e a maioria das pessoas simplesmente chegavam e saíam após comer, como era o costume. O noivo, entretanto, permaneceu sentado e algumas pessoas, talvez pensando que era um sinal para que eles permanecessem, ficaram depois dos outros convidados terem ido. O mensageiro de Deus não gostava de dizer às pessoas para irem embora e por isso se levantou e deixou o local com seu protegido, ibn Abbas.
Foi até o quarto de Aicha, outra de suas esposas, antes de retornar ao quarto de Zainab, esperando que os convidados tivessem entendido a dica. Entretanto, eles continuavam lá, sentados em seus lugares. Então ele saiu mais uma vez e voltou ao quarto de Aicha, acompanhado de seu protegido.
Na segunda vez que ele retornou as pessoas tinham partido e então o mensageiro de Deus entrou. Ibn Abbas ia segui-lo, mas Muhammad pegou a cortina divisória e a puxou, fechando a entrada.[2]
Uma das lições da história é que a casa de uma pessoa é privada e que se deve ter vergonha de abusar de um convite. Além disso, como Muhammad foi gentil demais e não pediu que as pessoas saíssem, suas ações fornecem um exemplo de como ensinar uma lição sem ser ofensivo. Ele usou meios não verbais para mostrar às pessoas que deviam partir e, uma vez que seu espaço privado ficou livre, usou outro gesto para demonstrar que o convite havia terminado.
Moisés e Zafora
Depois de esperar um longo tempo na fila, sendo somente duas mulheres entre todos os homens, alguns finalmente as ajudaram e elas foram capazes de levar suas ovelhas e cabras para casa. Seu pai era velho e elas não tinham irmão para fazer as tarefas externas. Por ser uma das tarefas mais árduas, tirar água do poço para dar de beber ao rebanho era feito por homens; foi um dia de sorte para elas, voltar para casa cedo depois de dar água fresca ao rebanho. O pai ficou surpreso com o retorno antecipado e quando perguntou sobre a ocorrência, suas filhas lhe contaram que um homem que parecia um viajante as tinha ajudado. O pai pediu a uma delas para procurar o homem e convidá-lo para ir até a casa. Ao retornar ao poço, a moça se aproximou dele timidamente. Quando ele estava ao alcance de sua voz, ela deu a ele o convite do pai para que pudesse recompensá-lo por sua ajuda. Ele manteve os olhos no chão enquanto lhe respondia, dizendo que tinha feito aquilo somente por Deus e não queria compensação. Entretanto, percebendo que Deus havia enviado ajuda, aceitou o convite. Enquanto ela andava na frente dele, o vento levantou seu vestido revelando a parte inferior das suas pernas. Então ele pediu que ela caminhasse atrás dele e apontasse o caminho que ele devia seguir, quando alcançou uma bifurcação.
Quando chegaram na casa, o pai o presenteou com uma refeição e perguntou de onde ele era. O homem disse que era um fugitivo do Egito. A filha que o tinha trazido para casa sussurrou para o pai: “Ó pai, contrate-o, porque o melhor dos trabalhadores é aquele que é forte e confiável.”
O pai perguntou a ela: “Como sabe que ele é forte?”
Ela disse: “Ele levantou a tampa de pedra do poço que não pode ser removida exceto por muitos.”
O pai perguntou: “Como sabe que é confiável?”
Ela disse: “Ele me pediu para andar atrás dele para que não pudesse me ver enquanto eu caminhava e quando conversei com ele, manteve o olhar baixo com timidez e respeito.”
Esse era o profeta Moisés, que a misericórdia e bênçãos de Deus estejam sobre ele, que tinha fugido do Egito depois de matar alguém por engano, e o pai das moças era o temente a Deus das tribos de Midian; um homem sem filhos, mas que tinha tido essas duas filhas.
O versículo no Alcorão que nos conta essa história enfatiza a forma como ela abordou Moisés:
“E uma (moça) se aproximou dele, caminhando timidamente…” (Alcorão 28:25)
Tanto a forma como Zafora abordou Moisés quanto seu cuidado para não ver mais dela do que era necessário descrevem sensos intensos de decência. Não tinham um acompanhante e nem as pessoas podiam ver o que fizeram e, ainda assim, ambos se conduziram com o máximo decoro. Isso foi feito por temor Àquele que tudo vê. O resultado foi que quando o pai propôs a Moisés que se casasse com uma de suas filhas, Moisés as considerou uma perspectiva adequada de casamento. O pai e suas filhas também viram nele todas as virtudes que um homem precisa ter como companheiro para uma mulher consentir em sua orientação e cuidado ao longo da vida. Moisés aceitou e também foi contratado por dez anos como pastor de rebanhos.