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O que o Islã diz sobre as crianças (parte 3 de 5): Dando as boas-vindas a um recém-nascido

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1567 2014/09/22 2024/11/17

Uma das obrigações mais importantes no Islã é que os pais amem e criar seus filhos.  As crianças têm o direito de serem protegidas e de aprender como adorar e obedecer a Deus.  Como discutido anteriormente, os direitos das crianças começam antes de sua concepção e nascimento e Deus alerta a humanidade para se proteger e às suas famílias contra o tormento do fogo.


"Ó vós que credes! Guardai-vos a vós mesmos e a vossas famílias do Fogo, cujo combustível são homens e pedras." (Alcorão 66:6)


O nascimento de uma criança, menino ou menina, é motivo para grande celebração.  No Islã existe certa etiqueta para dar as boas-vindas à criança na família e na comunidade.  Há vários rituais recomendados nas tradições autênticas do profeta Muhammad, que Deus o exalte, feitas para assegurar que o recém-nascido seja recebido de maneira adequada pela sociedade muçulmana.  Entretanto, a ausência de todas ou algumas dessas ações recomendadas não nega nenhum dos direitos das crianças no Islã. 


É recomendado que seus pais ou cuidadores façam tahneek e orem pelo recém-nascido.  Tahneek significa colocar algo doce como tâmaras ou mel na boca da criança.  Um dos companheiros do profeta, Abu Musa, que Deus esteja satisfeito com ele, disse: "Tive um filho e o trouxe ao profeta.  Ele lhe deu o nome de Ibrahim, fez tahneek com uma tâmara, orou a Deus para que o abençoasse e o devolveu a mim."[1]


O destacado sábio muçulmano Imam an Nawawi disse que é recomendado fazer o tahneek com tâmaras para a criança recém-nascida. Se não for possível, usar um tipo de doce semelhante. A tâmara deve ser mascada até que fique macia o suficiente para que o bebê a sugue com facilidade. 


As palavras do chamado para a oração frequentemente são recitadas no ouvido direito do recém-nascido logo após o nascimento.  A primeira coisa que a criança ouve nesse mundo são as palavras de submissão ao Deus Único.  Foi relatado que um dos companheiros do profeta o viu dizer o chamado para a oração no ouvido direito de seus netos recém-nascidos.[2]  O recém-nascido tem direito a receber um bom nome.  Os nomes são importantes. O nome de uma pessoa transmite significado e se torna um símbolo daquela pessoa.  É recomendado que a criança receba um nome no sétimo dia após o nascimento. Entretanto, o sábio muçulmano Ibn al Qayyim disse que a questão era "ampla em escopo" e que era permitido dar nome à criança após o nascimento ou no sétimo dia, ou em qualquer período antes ou após esses dias.[3]


 É usual que o pai escolha o nome da criança, mas os sábios recomendam que os pais escolham o nome juntos.  O mais importante é que a criança receba um bom nome, como ‘Abd-Allah ou ‘Abd al-Rahmaan. O profeta Muhammad, que Deus o exalte, disse: "Os nomes mais amados para Deus são Abd-Allaah (servo de Deus) e ‘Abd al-Rahmaan (servo do Misericordioso).[4]  Também é recomendado que a criança receba o nome dos profetas ou de predecessores virtuosos.  O profeta Muhammad deu ao seu próprio filho o nome de Ibrahim, por causa do profeta Ibrahim.  Ele disse: "Uma criança nasceu para mim na noite passada e deu a ele o nome de meu pai Ibrahim."[5]


É proibido usar nomes que pertençam somente a Deus, como al-Khaaliq (o Criador) e al-Qudus (o Mais Sagrado) ou nomes que não se adequam a ninguém mais além de Deus, como Malik al-Mulook (Rei dos Reis).  Também é proibido usar nomes que implicam servidão a qualquer um ou qualquer coisa além de Deus, como ‘Abd al-‘Uzza (servo de al-Uzza - uma deusa pagã), Abd al-Kabah (servo da Caaba), Abd al-Daar (servo da Casa).


Não é bem visto dar nomes que tenham significados ruins, de mau gosto, que soem estranhos, façam com que outras pessoas debochem de quem o carrega ou causem embaraço.  Também é melhor não usar nomes associados com pecadores ou tiranos.  Alguns sábios também não aprovam dar nome de anjos ou de capítulos do Alcorão. Os nomes têm significados explícitos e implícitos e eles terão efeito sobre a criança para o bem ou para o mal.  Os pais devem ter muito cuidado ao escolher um nome apropriado para seu recém-nascido.


No Islã é recomendado que os pais observem o nascimento de um filho com uma oferta conhecida como aqeeqah. Quando uma criança nasce é comum que a família abata  um ou dois carneiros e convide os parentes e vizinhos para uma refeição, para permitir que a comunidade compartilhe do evento feliz. 


 Embora uma aqeeqah não seja obrigatória, ela contém muitos benefícios.  Ibn al-Qayyim disse que a aqeeqah é um sacrifício através do qual a criança é aproximada de Deus logo após chegar a esse mundo, um sacrifício por meio do qual o recém-nascido é resgatado, assim como Deus resgatou Ismael com o cordeiro[6]  e é a reunião de parentes e amigos para a waleemah (festa).


Um dos rituais para o recém-nascido e parte dos direitos das crianças é a circuncisão. É obrigatório que os meninos sejam circuncisados.  O Profeta Muhammad, que Deus o exalte, disse que cinco coisas são parte da natureza inerente das pessoas.  São elas raspar o pelo púbico, a circuncisão, aparar o bigode, remover os pelos das axilas e cortar as unhas.[7]  Essas coisas estão relacionadas com a pureza e condições essenciais da oração e implicam submissão completa à vontade de Deus.


Das tradições autênticas do profeta Muhammad vem que o cabelo do recém-nascido deve ser raspado e dado em ouro ou prata para caridade o equivalente ao peso do cabelo.[8] É suficiente estimar o peso e dar a quantia equivalente em moeda corrente.


Receber o recém-nascido na família e na comunidade é mais que uma celebração. Os direitos e rituais realizados servem para lembrar aos crentes que as crianças têm direitos no Islã.  Se os pais estiverem vivos ou mortos, presentes ou ausentes, conhecidos ou não, a criança tem o direito de ser cuidada e educada com segurança, cercada pelo amor e leis de Deus.  Na próxima semana descobriremos e exploraremos os direitos das crianças enquanto crescem para a vida adulta.

 

 



Notas de rodapé:

[1] Saheeh Al-Bukhari, Saheeh Muslim.

[2] At-Tirmidhi

[3] Tuhfat al-Mawlood, p. 111

[4] Saheeh Muslim

[5] Ibid

[6] Tuhfat al-Mawlood, p. 69

[7] Saheeh Al-Bukhari, Saheeh Muslim.

[8] At-Tirmidhi

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