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Lynda Fitzgerald, Ex-Católica, Irlanda (parte 2 de 4)

1419 2015/06/23 2024/11/17

O Alcorão

Duas coisas aconteceram comigo enquanto lia o Alcorão.  Primeiro, estava lendo a Surata 2 – Al Báqara – 21 e parei de ler.  Fechei meus olhos e pensei sobre Deus.  De repente tive uma sensação da unicidade de Deus, da superioridade de Deus.  Podia ver que Ele não tinha razão para ter um parceiro.  Não podia enxergar ninguém lá com Ele no mesmo nível, porque não haveria ninguém.  Estava certa disso.  Uma paz estranha tomou conta de mim e me senti realmente segura de que não havia Deus a não ser Deus.   Só queria que aquele sentimento durasse para sempre, foi se foi em poucos minutos.

O segundo foi quando li a surata Al Hajj (22-5).  Novamente fechei meus olhos e retratei o mundo, estéril e recém-nascido.  Vi um monte de terra e uma semente se transformando em árvore e pensei: “De onde veio aquela semente?” De onde vieram todas as belas variedades de plantas que se encontra no mundo todo?  Só podiam ter vindo de Deus.  Novamente senti paz e senti a maravilha de Deus.

Os Meses Antes da Reversão

Esses tinham que ser os meses mais difíceis da minha vida.  Às vezes estava feliz e às vezes me sentia em profundo desespero.  Esse é um extrato do meu diário em abril:

“Algo estranho está acontecendo comigo e não sei como me sentir a respeito, se é uma coisa boa ou ruim, se minha imaginação está muito fértil ou se estou permitindo que me façam lavagem cerebral. Mas pode ser o que é certo e o que deve acontecer.

O ponto é que tenho estudado o Islã e estou realmente pensando em me reverter – que Deus me ajude.  No momento não sei o que pensar porque a coisa toda me assusta muito.  Nunca pensei que uma coisa dessas pudesse acontecer comigo.  Com certeza não queria me reverter.  Sempre me considerei católica, sempre acreditei em Deus e sempre acreditei que Jesus era o filho de Deus.  “Agora estou questionando tudo isso, questionando o que cresci acreditando e todo o meu estilo de vida.”

Penso sobre Islã da hora que acordo até a hora que vou para casa, à noite.  Depois de um tempo, quando ouvia o adhan, sentia um desejo muito forte de orar, e no começo orava da antiga maneira cristã.  Então perguntei a um dos rapazes no trabalho sobre um livro ensinando como orar, e ele me deu um.  Li aquele livro, assisti as pessoas orando na TV e fiz muitas perguntas.  Então comecei a orar.  Apesar disso, ninguém sabe a respeito exceto dois rapazes no trabalho.  O egípcio e outro jordaniano que também é um bom muçulmano.

No começo orava sem cobrir meu cabelo.  Não sabia que devia fazê-lo e quando alguém finalmente me contou, não pude entender o porquê.  Tive uma longa discussão sobre isso com Khaled um dia no trabalho e ainda não consegui entender.  Então, quando ia para casa naquela noite, estava caminhando para pegar o ônibus e senti uma sensação de superioridade de Deus e do quanto eu era pequena e insignificante comparada a Ele. Senti-me tão pequena quanto uma formiga com o mundo inteiro diante de mim e soube que devia cobrir minha cabeça quando orava. Ele podia ver todo movimento que eu fazia e eu não tinha direito de ser orgulhosa. Devia fazer tudo para agradá-Lo.  Nunca mais duvidei de que devia cobrir minha cabeça enquanto orava.

Meu diário 23 de abril de 1995

“Bem, ainda não estou certa do que estou fazendo. Às vezes parece tão claro e penso: “Sim, acredito e quero gritar bem alto.  Outras vezes me sinto realmente insegura, com dúvidas e medo, e não sei o que estou fazendo.  É difícil.  Além de qualquer outra coisa, realmente é uma boa religião.  O Alcorão é muito belo e está tudo lá – como se comportar, como orar, o que fazer, o que não fazer.  Não existe nada disso na igreja católica, além do fato de que a mudam de tempos em tempos para que se adeque.  Se segue essa religião não pode ser mau, para ninguém.  Só pode ser gentil e paciente e tolerante e não pode nunca esquecer Deus, porque O está adorando cinco vezes ao dia.   Amo orar, sempre amei.  Ajuda a lembrar de todas as coisas boas que tem na vida, de onde elas vieram e que deve ser grato por elas sempre.  Traz paz para sua vida.”

Às vezes, estou realmente feliz de ter aprendido sobre o Islã e outras gostaria de nunca ter ouvido falar dele, porque agora sei a verdade e percebi que não tenho escolha a não ser reverter. Mas continuo presa à minha antiga vida; mesmo que deixasse de beber e ir a festas, temo perder meus amigos ocidentais e o preconceito que terei que enfrentar quando começar a cobrir minha cabeça.  Falei sobre isso com Khaled muitas vezes. Todas as vezes eu disse: "Nunca terei coragem de usar o hijab" e cada vez ele respondeu: “Quando Deus quiser, você terá a coragem.”

Meu diário: Meu problema é que nasci covarde.  Temo a reação das pessoas quando começar a cobrir minha cabeça.  Como poderia dizer a minha mãe ou Liz na Austrália?  Como poderia ir para a Austrália ou mesmo Irlanda e cobrir minha cabeça – não acho que conseguirei enfrentar isso.  Deus, dê-me forças.

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