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Como o Islã Difere de outras Crenças? (parte 1 de 2)

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1764 2013/11/21 2024/11/17

Simplicidade, Racionalidade e Praticalidade

O Islã é uma religião sem qualquer mitologia.  Seus ensinamentos são simples e inteligíveis.  É livre de superstições e crenças irracionais.  A unicidade de Deus, a missão profética de Muhammad, e o conceito de vida após a morte são artigos básicos de sua fé.  São baseados na razão e lógica sólida.  Todos os ensinamentos do Islã fluem dessas crenças básicas e são simples e diretos.  Não existe hierarquia de sacerdotes, nem abstrações forçadas, nem ritos ou rituais complicados.


Todos podem abordar o Alcorão diretamente e aplicar seus ensinamentos na prática.  O Islã desperta no homem a faculdade da razão e o exorta a usar seu intelecto.  O encoraja a ver as coisas à luz da realidade.  O Alcorão o aconselha a buscar conhecimento e invocar a Deus para expandir sua consciência:

“Dize: ‘Ó meu Senhor!  Aumente meu conhecimento.’” (Alcorão 20:114)

Deus também diz:

“Poderão, acaso, equiparar-se os sábios com os insipientes?  Mas apenas homens de entendimento prestarão atenção.” (Alcorão 39:9)

É relatado que o Profeta, que a misericórdia e bênçãos de Deus estejam sobre ele, disse:

“Aquele que deixa sua casa em busca de conhecimento anda no caminho de Deus.” (At-Tirmidhi)

E que

“Buscar conhecimento é obrigatório para cada muçulmano ou muçulmana.” (Ibn Majah e al-Bayhaqi)

É assim que o Islã tira o homem do mundo de superstição e escuridão e o inicia no mundo do conhecimento e luz.

O Islã é uma religião prática e não permite indulgência em teorização vazia e fútil.  Diz que a fé não uma mera profissão de crenças, mas o motivo principal da vida.  A conduta virtuosa deve vir acompanhada da crença em Deus.  A religião é algo a ser praticado e não algo da boca para fora.  O Alcorão diz:

“Os crentes que praticam o bem terão a bem-aventurança e um feliz retorno.” (Alcorão 13:29)

Também é relatado que o Profeta disse:

“Deus não aceita crença se não é expressa em ações, e não aceita ações se não estão em conformidade com a crença.” (At-Tabarani)

Sendo assim, a simplicidade, racionalidade e praticalidade são o que caracterizam o Islã como uma religião verdadeira e única.

Unidade de Matéria e Espírito

Uma característica única do Islã é que ele não divide a vida em compartimentos de matéria e espírito.  Não se posiciona pela negação da vida mas pelo seu preenchimento.  O Islã não acredita no ascetismo.  Não pede ao homem para evitar as coisas materiais.  Mantém que a elevação espiritual deve ser alcançada por uma vida virtuosa nas dificuldades da vida, não pela renúncia ao mundo.  O Alcorão nos aconselha a orar como se segue:

“Ó Senhor nosso! Concede-nos a graça deste mundo e do futuro, e preserva-nos do tormento infernal!” (Alcorão 2:201)

Mas ao fazer uso dos luxos da vida, o Islã aconselha ao homem a ser moderado e se afastar da extravagância. Deus diz:

“...comei e bebei; porém, não vos excedais, porque Ele não aprecia os perdulários.” (Alcorão 7:31)

Sobre esse aspecto de moderação, o Profeta disse:

“Observe o jejum e o quebre (no momento certo) e ore e faça devoção (à noite) mas durma, porque seu corpo tem direitos sobre você e seus olhos têm direitos sobre você e sua esposa tem direito sobre você, e a pessoa que o visita tem direito sobre você.”

Consequentemente, o Islã não admite qualquer separação entre “material” e “moral”, vida “mundana” e “espiritual”, e encoraja o homem a devotar todas as suas energias à reconstrução da vida com fundações morais saudáveis.  O ensina que poderes materiais e morais devem estar juntos e que a salvação espiritual pode ser alcançada usando recursos materiais para o bem do homem no serviço de fins justos e não vivendo uma vida de ascetismo ou fugindo dos desafios da vida.


O mundo sofreu nas mãos dos unilaterais de muitas outras religiões e ideologias.  Alguns enfatizaram o lado espiritual da vida mas ignoraram seus aspectos material e mundano.  Olharam para o mundo como uma ilusão, uma fraude e uma armadilha.  Por outro lado, ideologias materialistas ignoraram totalmente o lado espiritual e moral da vida e o descartaram como se fosse fictício e imaginário.  Ambas as atitudes resultaram em desastre, porque destituíram a humanidade de paz, contentamento e tranquilidade.


Mesmo hoje o desequilíbrio se manifesta em uma direção ou outra.  O cientista francês, Dr. De Brogbi, diz de forma correta:

“O perigo inerente em uma civilização material tão intensa é para a própria civilização; é o desequilíbrio que resultaria se um desenvolvimento paralelo da vida espiritual fracassasse em fornecer o equilíbrio necessário.”


O Cristianismo errou em um extremo, enquanto que a civilização ocidental moderna, em suas variantes de democracia capitalista secular e socialismo marxista, errou em outro. De acordo com Lorde Snell:

“Construímos uma estrutura externa de proporções nobres, mas negligenciamos o requisito essencial de uma ordem interior; planejamos cuidadosamente, decoramos e limpamos o lado de fora da xícara, mas o interior está cheio de extorsão e excesso; usamos nosso conhecimento e poder aumentados para administrar os confortos do corpo, mas deixamos o espírito empobrecido.”


O Islã busca estabelecer o equilíbrio entre esses dois aspectos da vida – o material e o espiritual.  Diz que tudo no mundo é para o homem, mas o homem foi criado para servir a um propósito maior: o estabelecimento de uma ordem moral e justa que atenderá a vontade de Deus.  Seus ensinamentos atendem as necessidades espirituais e temporais do homem.   O Islã encoraja o homem a purificar sua alma e reformar sua vida diária – tanto individual quanto coletivamente – e a estabelecer a supremacia do certo sobre o poder e da virtude sobre o vício.  Sendo assim o Islã opta pelo caminho do meio e o objetivo de produzir um homem moral no serviço de uma sociedade justa.


Islã, um Estilo de Vida Completo

O Islã não é uma religião no sentido comum e distorcido, porque não restringe seu escopo à vida privada.  É um estilo de vida completo e está presente em todos os campos da existência humana.  O Islã provê orientação para todos os aspectos da vida – individual e social, material e moral, econômico e político, legal e cultural, e nacional e internacional.  O Alcorão encoraja o homem a abraçar o Islã sem qualquer reserva e a seguir a orientação de Deus em todas as áreas da vida.


De fato, foi um dia infeliz quando o escopo da religião ficou confinado à vida privada do homem e seu papel social e cultural foi reduzido a nada, como aconteceu nesse século.  Talvez nenhum outro fator tenha sido mais importante na causa do declínio da religião nos tempos modernos do que seu afastamento para o campo da vida privada.  Nas palavras de um filósofo moderno: “A religião nos pede para separar as coisas de Deus das de César.  Tal separação judicial significa a degradação tanto do secular quanto do sagrado...  A religião não tem valor quando a consciência de seus seguidores não é perturbada quando a guerra paira sobre todos nós e conflitos industriais ameaçam a paz social.  A religião enfraqueceu a consciência moral e a sensibilidade moral do homem ao separar as coisas de Deus das de César."


O Islã denuncia totalmente esse conceito de religião e afirma de forma clara que seus objetivos são a purificação da alma e a reforma e reconstrução da sociedade.   Como lemos no Alcorão:


“Enviamos os Nossos mensageiros com as evidências: e enviamos, com eles, o Livro e a balança, para que os humanos observem a justiça; e criamos o ferro, que encerra grande poder (para a guerra), além de outros benefícios para os humanos, para que Deus Se certifique de quem O secunda intimamente, a Ele e aos Seus mensageiros. Sabei que Deus é Poderoso, Fortíssimo.” (Alcorão 57: 25)


Deus também diz:

“O juízo somente pertence a Deus, que vos ordenou não adorásseis senão a Ele.  Tal é a verdadeira religião; porém, a maioria dos humanos o ignora.” (Alcorão 12: 40)

Portanto, mesmo um estudo superficial dos ensinamentos do Islã mostra que é um estilo de vida abrangente que não permite que nenhum ramo da existência humana se torne um playground para as forças do mal.

 

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