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Propagação do Islã na África Ocidental (parte 2 de 3): Os Impérios de Mali e Songai

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1851 2014/02/11 2024/12/21

Islã no Império de Mali

A influência do Islã em Mali data do século 15 quando Al-Bakri menciona a conversão de seu governante ao Islã.  Foi um período miserável de seca que chegou ao fim com a oferenda de orações islâmicas e abluções.  O império do Mali surgiu das ruínas do império de Gana.  Existiram dois nomes importantes na história do Islã em Mali: Sundiata (1230-1255) e Mansa Musa (1312-1337).  Sundiata é o fundador do império de Mali, mas era um muçulmano fraco, uma vez que praticava o Islã com práticas sincréticas e era desaprovado pelos sábios.  Mansa Musa, por outro lado, era um muçulmano devoto e é considerado o arquiteto real do império de Mali.  Na época em que Sundiata morreu em 1255, um grande número de antigas dependências de Gana também passou para seu poder.  Depois dele veio Mansa Uli (1255-1270) que fez a peregrinação à Meca.


Mansa (imperador) Musa chegou ao poder em 1312 e sua fama foi além do Sudão, norte da África e se espalhou até a Europa.  Mansa Musa governou de 1312 a 1337 e em 1324-25 fez sua famosa peregrinação à Meca [Hajj].  Quando retornou de sua peregrinação, trouxe um grande número de sábios e arquitetos muçulmanos que construíram cinco mesquitas pela primeira vez com tijolos cozidos.  Assim o Islã recebeu seu maior impulso durante o reinado de Mansa Musa.  Muitos sábios concordam que por causa de seu apego ao Islã Mansa Musa pode introduzir novas idéias para sua administração.  O famoso viajante e estudioso Ibn Batutah chegou ao Mali durante o reinado de Mansa Sulaiman (1341-1360) e faz um excelente relato do governo de Mali e sua prosperidade econômica – de fato, um legado da política de Mansa Musa.  A peregrinação de Mansa Musa projetou a enorme riqueza e potencialidades de Mali, que atraíram mais e mais comerciantes e sábios muçulmanos.  Esses sábios e comerciantes muçulmanos contribuíram para o desenvolvimento cultural e econômico de Mali.  Foi durante seu reinado que foram estabelecidas relações diplomáticas com a Tunísia e o Egito e, assim, Mali começou a aparecer no mapa do mundo. 


Islã no Império de Songai

O Islã começou a se propagar no império de Songai em algum período no século 11, quando a dinastia governante Za ou Dia o aceitou.  Era uma região próspera por causa de seus crescentes negócios com Gao.  Por volta do século 13 ficou sob o domínio do império do Mali, mas se libertou no final do século 14 quando a dinastia recebeu o novo nome de Sunni.  A fronteira de Songai se expandiu e no século 15, sob a liderança de Sunni Ali, que governou entre 1464-1492, as cidades mais importantes do Sudão ocidental ficaram sob o império Songai.  As grandes cidades de aprendizado islâmico como Timbuktu e Jenne ficaram sob seu poder entre 1471-1476.


Sunni Ali era um muçulmano nominal que usou o Islã para seus próprios objetivos.  Até perseguiu sábios muçulmanos e praticou cultos locais e mágica.  Quando o famoso sábio al-Maghilli o chamou de pagão, ele o puniu também.  A crença em cultos e mágica não era, entretanto, algo novo em Songai.  Existiu em outras partes da África ocidental até a época em que os movimentos para reavivar a fé ganharam momento no século 18.  Diz-se que Sunni Ali tentou um ajuste entre o paganismo e o Islã, embora orasse e jejuasse.  Os sábios consideraram simplesmente um escárnio.


O sincretismo de Sunni Ali logo foi desafiado pelas elites e sábios muçulmanos em Timbuktu, que era então um centro de aprendizado e civilização islâmicos.  A famosa família de Agit, os sábios berberes, tinham o posto do ministro da justiça e eram conhecidos por sua oposição destemida aos governantes.  Em sua vida Sunni Ali adotou medidas contra os sábios de Timbuktu (em 1469 e em 1486). Mas com sua morte a situação mudou completamente: o Islã e os sábios muçulmanos triunfaram.  Muhammad Toure (Towri), um comandante militar pediu ao sucessor de Sunni Ali, Sunni Barou, para fazer uma aparição pública com uma confissão aberta de sua fé no Islã.  Quando Barou se recusou, Muhammad Toure o depôs e estabeleceu uma nova dinastia em seu próprio nome, chamada dinastia Askiya.  Sunni Ali pode ser comparado com Sundiata de Mali e Askiya Muhammad Toure com Mansa Musa, um campeão da causa do Islã.


Ao chegar ao poder estabeleceu a lei islâmica e organizou um grande número de muçulmanos para serem treinados como juízes.  Deu seu patronato generoso aos sábios concedendo-lhes grandes pedaços de terra como presente.  Tornou-se um grande amigo do famoso sábio Muhammad Al-Maghilli.  Por causa de seu patronato eminentes sábios muçulmanos foram atraídos para Timbuktu, que se tornou um grande local de aprendizado no século 16.  Timbuktu tem o crédito de estabelecer a primeira universidade islâmica, chamada Universidade Sankore, na África Ocidental. Seu nome é comemorado até hoje na Universidade de Ibadan, na qual uma área de residência de sua equipe foi nomeada como Avenida Sankore.


Como Mansa Musa do Mali, Askia Muhammad Toure fez a peregrinação e assim entrou em contato próximo com sábios e governantes muçulmanos nos países árabes.  Em Meca o rei tratou-o com grande respeito e ele foi coberto com um turbante.  O rei lhe deu uma espada e o título de califa do Sudão ocidental.  Em seu retorno de Meca no ano de 1497, orgulhosamente usava o título de Al-Hajj. 

 


Askia assumiu um grande interesse no sistema legal islâmico e fez várias perguntas sobre teologia islâmica a seu amigo Muhammad al-Maghilli.  Muhammad al-Maghilli respondeu suas perguntas detalhadamente e Askia as fez circular no império Songai.  Algumas das perguntas eram sobre a estrutura fundamental da fé, como “quem é um verdadeiro muçulmano?” e “quem é um pagão?”.  Quando lemos os trabalhos de Shehu ‘Uthman Dan Fodio, podemos ver alguns de seus argumentos citados sobre a autoridade de Al-Maghilli.  Em outras palavras, as discussões detalhadas de Al-Maghilli sobre essas questões levantadas por Askiya Muhammad desempenharam um grande papel em influenciar Shehu

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