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O conceito islâmico de espiritualidade
e se refugiando em um canto. Ao invés disso, o homem deve viver e trabalhar nela e dar o melhor de si. É parte de uma avaliação dele; todo aspecto e esfera de vida é, como foi, uma pergunta em um teste: a casa, a família, a vizinhança, a sociedade, o mercado, o escritório, a fábrica, a escola, os tribunais, a delegacia, o parlamento, a conferência de paz e o campo de batalha, todos representam perguntas em testes que o homem precisa responder. Se deixar a maior parte do livro de respostas em branco, está propenso a ser reprovado no teste. Sucesso e desenvolvimento só são possíveis se o homem devota toda sua vida a esse teste e tenta responder a todas as perguntas do teste que conseguir.
O Islã condena e rejeita a visão ascética de vida e propõe um conjunto de métodos e processos para o desenvolvimento espiritual do homem não fora desse mundo, mas dentro dele. O lugar verdadeiro para o crescimento do espírito é no meio da vida e não em locais solitários de hibernação espiritual.
Critério de desenvolvimento espiritual
Discutiremos agora como o Islã julga o desenvolvimento ou decadência da alma. Em sua função como vice gerente (Califa) de Deus, o homem presta contas a Deus por todas as suas atividades. É seu dever usar todos os poderes que lhes foram concedidos de acordo com a vontade divina. Deve utilizar ao máximo todas as faculdades e potencialidades concedidas a ele para buscar a aprovação de Deus. Em seus negócios com outras pessoas deve se comportar de modo a tentar agradar a Deus. Em resumo, todas as suas energias devem ser direcionadas para a regulamentação dos assuntos desse mundo da forma que Deus os quer regulamentados. Quanto melhor um homem fizer isso, com senso de responsabilidade, obediência e humildade e com o objetivo de buscar a satisfação do Senhor, mais próximo estará de Deus. No Islã o desenvolvimento espiritual é sinônimo de proximidade com Deus. Da mesma forma, não será capaz de se aproximar de Deus se for preguiçoso e desobediente. E, no Islã, distância de Deus significa a queda espiritual e a decadência do homem.
Do ponto de vista islâmico, portanto, as esferas de atividade do homem religioso e do homem secular são as mesmas. Não apenas ambos trabalharão nas mesmas esferas; o homem religioso trabalhará com maior entusiasmo que o homem secular. O homem de religião será tão ativo quanto o homem do mundo. De fato, será mais ativo em sua vida doméstica e social, que se estende dos confins da sua casa a praça do mercado e até a conferências internacionais.
O que distinguirá suas ações será a natureza de suas relações com Deus e os objetivos por trás de suas ações. O que quer que um homem religioso faça, será feito com o sentimento de que presta contas a Deus, de que deve tentar assegurar a satisfação divina, que suas ações devem estar de acordo com as leis de Deus. Uma pessoa secular será indiferente em relação a Deus e será guiada em suas ações somente por seus motivos pessoais. Essa diferença faz toda a vida material de um homem de religião um empreendimento totalmente espiritual e toda a vida de uma pessoa secular uma existência destituída da faísca da espiritualidade.