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Adoração no Islã (parte 1 de 3): O Significado da Adoração
O conceito e propósito da adoração no Islã não têm paralelo com qualquer outra religião existente. Ele combina o mundano com o espiritual, o indivíduo com a sociedade, e a alma interna com o corpo externo. A adoração tem um papel singular no Islã, e através da adoração, uma pessoa é considerada um verdadeiro muçulmano que leva sua vida inteira de acordo com a Vontade de Deus.
A importância da adoração pode ser vista no fato de que foi prescrita por Deus em todas as religiões antes do Islã. Deus disse no Alcorão:
“E certamente enviamos a todos os povos um mensageiro (com o mandamento): adorai a Deus...” (Alcorão 16:36)
A adoração no Islã tem tantas facetas que é difícil descrever todas elas em palavras. O significado mais genérico de adoração no Islã inclui tudo que agrada a Deus, seja lidar com assuntos da crença ou atos do corpo. Pode incluir tudo que uma pessoa compreende, pensa, pretende, sente, diz e faz. Também se refere a tudo que Deus requer, externo, interno ou interativo. Isso inclui tanto rituais quanto crenças, trabalho, atividades sociais e comportamento pessoal, já que o ser humano é um todo, e todas as partes se afetam mutuamente.
A adoração pode ser classificada em dois tipos:
1) Crenças específicas, sentimentos e atos visíveis de devoção que Ele ordenou feitos em reverência a Deus.
2) Todos os outros atos de bondade geralmente encorajados na vida de um muçulmano.
Devoção a Deus
Essa faceta da adoração inclui que certos atos que Deus ordenou em Sua religião sejam cumpridos, lidem eles com o eu interior ou com o corpo exterior, e sejam eles obrigatórios ou voluntários. Essa faceta da adoração não está limitada somente a seguir Seus mandamentos, mas também inclui abandonar as coisas que Ele proibiu. A adoração, nesse sentido, pode ser definida como qualquer coisa que se acredita, sente ou faz como um ato de obediência a Deus.
Nesse respeito, a adoração também pode ser chamada de servidão, já que é em essência viver a vida em completa servidão a Deus, fazendo o que Ele ordena, e evitando o que Ele proíbe, como um servo vive dentro da vontade de seu amo. Em essência todas as criações são servas de Deus, gostem elas ou não, porque todas estão sujeitas às leis que Ele estabeleceu em Sua criação:
“Todo ser que está nos céus e na terra chegará ao Misericordioso como um servo obediente.” (Alcorão 19:93)
“A Ele se submetem todas as criaturas nos céus e na terra, de bom ou mau grado.” (Alcorão 3:83)
Mas adoração difere de servidão no sentido de que deve ser combinada com amor, respeito e reverência. Nenhum ato de obediência é considerado adoração a menos que seja combinado com esses sentimentos; deve-se amar o ato e amar, ter respeito e reverência por Quem o ato está sendo feito.
Por essa razão, na discussão desse tópico, deve-se enfatizar que adoração é um direito somente de Deus. O Islã adere à forma mais estrita de monoteísmo e não tolera que qualquer ato de adoração seja direcionado para outro além de Deus. Deus somente exige nossa obediência, e é Deus somente que merece o nosso amor. Qualquer veneração de outras deidades além de Deus, sejam elas semideuses, profetas, anjos, santos ou mártires, ou suas relíquias, estátuas ou representações, é considerado um rompimento nesse monoteísmo e uma pessoa é considerada fora do Islã se o fizer. Mesmo que se justifique que veneram santos devido aos seus serviços a Deus, ou suas relíquias como lembrança deles, o Islã não diferencia entre adoração direta e indireta, ou subordinada e superior. Toda a adoração e atos de veneração, reverência e obediência devem ser oferecidos a Deus somente.
As Formas Interiores de Adoração
Como mencionado anteriormente, os atos de adoração prescritos por Deus lidam com o eu interior ou com o corpo exterior. Aqueles que lidam com o eu interior o fazem com crença e sentimentos. Os humanos são ordenados a acreditarem em certas verdades supremas, discutidas nos artigos de fé, e esse é o aspecto mais importante da adoração. A crença é a base para o que uma pessoa sente e faz – atos e sentimentos são um reflexo da crença. Se a crença de uma pessoa estiver incorreta ou fraca, ela nunca produzirá os resultados desejados em relação aos seus sentimentos ou atos. Por exemplo, se uma pessoa incorretamente acredita que Deus perdoou seus pecados devido meramente à fé, sua crença não produzirá o sentimento desejado de temor que deve estar presente em seu coração, nem sua crença fará a pessoa parar de pecar e realizar atos de virtude.
Deus também nos ordenou a manter certos sentimentos em nossos corações, tanto em relação a Deus quanto às Suas outras criações. Os muçulmanos devem amar a Deus, temê-Lo, respeitá-Lo, ter plena confiança Nele, e reverenciá-Lo. Os muçulmanos também devem amar seus companheiros muçulmanos, ter misericórdia e compaixão em relação a eles, amar a virtude e odiar o pecado. Todos esses são considerados atos de adoração do eu interior porque são em essência um cumprimento de mandamentos de Deus; os muçulmanos serão recompensados se os realizarem.