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Stephanie, ex-católica, África do Sul (parte 4 de 6)

1496 2015/03/30 2024/11/17

13 de fevereiro de 2011: Fui educada por tanto tempo com essa mentalidade cristã fundamentalista que teme outras religiões e que se eu as explorasse desagradaria a Deus.  E estou muito apavorada com o que minha mãe pode pensar. Mesmo que ela tenha mencionado há alguns anos no shopping: "Você devia ter nascido muçulmana!", ela disse outro dia quando contei do meu interesse na oração da Páscoa: "Desde que não se torne maometana!" Pensei: "Ó Deus, mãe, acho que... Gosto do Islã!" Acabei dizendo algo parecido com isso a ela - que minha escolha de religião era problema meu, não dela.


Quando penso no por que de amar a vida enclausurada de uma freira e o que amava no Catolicismo, vejo no Islã todas essas coisas, especialmente a unicidade, que é o que me atrai.  É a religião que provavelmente está mais próxima de minha própria perspectiva de vida.  Tenho que explorá-la ou continuarei retornando mais intensamente.  Sinto que se a explorar posso perder o fascínio e retornar para o Cristianismo.  Parte de mim quer se converter e parte de mim está APAVORADA.  "E se eu for para o inferno?" é minha pior preocupação.  E, ainda assim, senti o mesmo medo em vir para o Catolicismo. Essa noite cai no choro por estar tão dividida com tudo isso.  Venho pesquisando muito sobre o Islã recentemente e lendo histórias de conversões e até sintonizei meu rádio em uma estação muçulmana. Falei com Deus o quanto uma parte de mim odeia o Islã por despertar meu interesse e, com certeza, é uma relação de amor e ódio.  Tenho que aprender a viver com meu interesse.  Mas como disse temo ofender a Deus - e o que Jesus pensa?  Sinto-me uma hipócrita na missa, mas continuo a ir.


14 de fevereiro de 2011: Frequentemente tenho medo de contar aos cristãos que me são caros de meu interesse no Islã, por temer que digam que estou no caminho errado, me afastando da verdade, e prejudicarei minha alma. Acho o Islã muito severo, simples, forte e austero, ao contrário do Catolicismo que é mais complexo e até sentimental, às vezes.


Muitas coisas - o conjunto de orações nas quais se prostram, sua simplicidade, sua separação de homens e mulheres durante a adoração, orar descalços, sua ênfase MARAVILHOSA na modéstia e no véu, opinião sobre as mulheres (eu me considerava uma antifeminista ferrenha, mas quando vejo o feminismo através das lentes islâmicas faço as pazes com ele, porque as mulheres não comprometem sua modéstia e feminilidade).  Também amo o jejum de Ramadã, a peregrinação que fazem, a limpeza da lavagem ritual, sua abstinência do álcool, a desaprovação do namoro - preferindo encontros castos e acompanhados entre homens e mulheres, casamentos arranjados e assim por diante. 


Quando olho para a minha vida, parecia ser muçulmana pela maneira como me comportei.  Dificilmente tinha encontros - encontrava meus dois namorados em minha casa ou na deles, ou saía com eles junto com outra amiga ou meus pais, etc. A partir dos 17 anos me vesti modestamente e amava cobrir minha cabeça. Nunca fui inclinada ao álcool, gostava do desafio do jejum e das orações estabelecidas (daí meu antigo amor pela vida enclausurada). 


Não é que quisesse rejeitar o Cristianismo, mas encontrei algo com o qual sentia que podia me identificar mais e pertencer.


Vindo para o Islã

Não pude mais resistir e fiz muita pesquisa, lendo muitas histórias de conversão de mulheres e comecei a acreditar que fosse possível deixar Deus me guiar.  Como meu coração já tinha sido conquistado há muito tempo, tudo que tinha a fazer era convencer minha mente... Então li artigos da internet e a tradução para o inglês do Alcorão e comecei a orar da maneira islâmica, fazendo Isha a princípio, usando um pequeno tapete para orar e fazendo wudu (a ablução ritual) da forma prescrita.  Foi difícil para mim conquistar minha mente, mas orei para Deus Todo-Poderoso, Compassivo e Misericordioso, para que me guiasse.  Pedi a Ele uma reviravolta e no dia seguinte li alguns artigos


Nada parecia me despertar, até que li um artigo em www.defending-islam.com chamado "O Milagre do Alcorão" de Khalid Baig.  Ele dizia o seguinte:


"O proeminente sábio Dr. Hamidullah conta sobre um esforço na Alemanha por parte dos sábios cristãos para reunir todos os manuscritos gregos da Bíblia, já que a Bíblia original em aramaico está extinta. Reuniram todos os manuscritos no mundo e depois de examiná-los, relataram: "Foram encontradas duzentas mil narrações contraditórias... dessas, um oitavo são importantes." Quando o relatório foi publicado, algumas pessoas estabeleceram um Instituto para Pesquisa Corânica em Munique, com o objetivo de examinar o Alcorão da mesma forma. Até 1993 tinham sido coletadas 43.000 fotocópias de manuscritos corânicos. Embora alguns erros pequenos de caligrafia tenham sido encontrados, não foi descoberta uma única discrepância no texto!"


Uau, uau, UAU!!!... Isso realmente É um milagre!  Como isso seria possível de outra forma???  Estava tão impressionada de só haver uma única versão do Alcorão.  Como cristã protestante tinha pesquisado pela Bíblia mais autêntica e peguei a versão do Rei Jaime, porque era "autorizada".  Então quando me tornei católica percebi que não era a mais original.  Comprei uma versão revisada da Bíblia, mas considerava a versão de Douay-Rheims a mais autêntica porque era baseada na Vulgata de São Jerônimo - a mais próxima que pude conseguir da Bíblia primitiva.  Infelizmente era muito cara.  Amava a Bíblia de Jerusalém, que era usada na liturgia, mas também havia duas versões dela!  Era tão confuso!  Mas com o Alcorão, apesar de haver traduções para vários idiomas, existe uma única versão - a original em árabe - e não apenas isso, mas todo muçulmano tem acesso ao aprendizado do árabe e pode se beneficiar da verdadeira versão.  Muito diferente da história cristã, quando a Bíblia só era lida por algumas pessoas, na maioria padres, que podiam facilmente ensinar às pessoas suas próprias opiniões.


Foi então que decidi me submeter a Deus.   Como estava feliz!  Não só isso, mas as opiniões do Islã sobre as mulheres colocaram um fim em minhas lutas na igreja católica.  Pude reconciliar as boas coisas no feminismo com a modéstia e o véu.  Finalmente, encontrei um nicho!  Minha amargura se dissolveu como orvalho ao sol.


Isso tinha acontecido logo depois de outro evento - depois de todos os anos de luta para discernir uma vocação para um convento, decidi que era hora de procurar um emprego adequado para que finalmente pudesse me mudar da casa de meus pais e me tornar independente - e do jeito que as coisas estavam caminhando, agora era essencial!  Mencionei em uma carta acima (2 de março de 2010) que ia regularmente a uma loja par comprar material de costura, porque conhecia bem os donos na época (e porque eram muçulmanos!) Decidi pedir um emprego part-time lá.  Na semana seguinte passei para comprar alguns aviamentos como desculpa para pedir o emprego e compartilhar meu interesse no Islã.  Quando comprei os aviamentos comecei a conversar sobre o Islã com uma senhora maravilhosa que trabalhava lá, que me deu o número da irmã dela para contato.  A irmã dela conhecia alguém que trabalhava em uma madrassa (escola islâmica) e que estaria disposta a me ensinar.  Para minha alegria consegui o emprego (entretanto, fui despedida logo depois).  Então a senhora fez algo que me tocou profundamente - disse ao homem que não deviam me saudar mais com "olá", mas com "Salaam Aleikum!" (a paz esteja sobre você). Então respondi: "Wa Aleikum Assalaam! (e que a paz esteja sobre você também)!"

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