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Filobo, Padre Copta Egípcio e Missionário (parte 2 de 2)

1380 2015/03/31 2024/12/05

Naquela mesma noite, conclui dramaticamente Sr. Khalil:

“Tomei minha decisão final.  Pela manhã falei com minha esposa com quem tinha três filhos e uma filha.  Mas assim que ela sentiu que estava inclinado a abraçar o Islã, chorou e pediu ajuda ao chefe da missão.  Seu nome era Sr. Shavits, da Suíça.  Era um homem muito astuto.  Quando me perguntou sobre minha verdadeira atitude, disse a ele de maneira franca o que eu realmente queria e então ele disse: considere-se fora do trabalho até que descubramos o que aconteceu com você.  Então eu disse: aqui está meu pedido de demissão.  Ele tentou me convencer a adiá-la, mas insisti.  Então ele espalhou um boato entre as pessoas de que eu tinha enlouquecido.  Dessa forma, passei por um teste e uma opressão muito grandes até deixar Aswan e retornar ao Cairo.” 

Quando perguntado sobre as circunstâncias de sua conversão, ele respondeu: “No Cairo fui apresentado a um professor respeitável que me ajudou a superar meu grave teste e ele fez isso sem saber nada sobre minha história. Tratou-me como um muçulmano, porque me introduzi dessa forma embora ainda não tivesse oficialmente abraçado o Islã. Foi o Dr. Muhammad Abdul Moneim Al Jamal, na época subsecretário do tesouro. Era muito interessado em estudos islâmicos e queria fazer uma tradução do Alcorão Sagrado para ser publicada na América. Pediu-me para ajudá-lo porque eu era fluente em inglês, já que tinha obtido meu título de mestrado em uma universidade americana. Ele também sabia que eu estava preparando um estudo comparativo do Alcorão, o Torá e a Bíblia. Cooperamos nesse estudo comparado e na tradução do Alcorão.

Quando o Dr. Jamal soube que eu tinha me demitido de meu emprego em Aswan e que estava desempregado, me ajudou com um emprego em uma empresa no Cairo.  Então fiquei bem depois de um curto tempo.  Não contei à minha esposa sobre minha intenção de abraçar o Islã. Ela achava que eu tinha esquecido o assunto e que tudo não tinha passado de uma crise temporária.  Mas eu sabia muito bem que minha conversão oficial ao Islã precisava de medidas complicadas e demoradas. Que era, de fato, uma batalha que eu preferia adiar por algum tempo, até me estabelecer e completar meu estudo comparado.”

O Sr. Khalil continuou:

“Em 1955 completei meu estudo e meu material e condições de vida estavam bem estabelecidos. Demiti-me da empresa e abri um escritório de treinamento para importação de artigos escolares e de papelaria. Era um negócio bem-sucedido que me trouxe muito mais dinheiro do que eu precisava. Então decidi declarar minha conversão oficial ao Islã. No dia 25 de dezembro de 1959 enviei um telegrama ao Dr. Thompson, chefe da missão americana no Egito, informando-o de que tinha abraçado o Islã. Quando contei minha verdadeira história ao Dr. Jamal ele ficou completamente atônito. Quando declarei minha conversão ao Islã, novos problemas começaram. Sete dos meus ex-colegas na missão tentaram ao máximo me convencer a cancelar minha declaração, mas recusei. Ameaçaram separar-me de minha esposa e eu disse: ela é livre para fazer o que quiser. Ameaçaram matar-me. Mas quando viram o quanto eu estava determinado me deixaram em paz, e enviaram um velho amigo que também era um colega na missão. Ele chorou muito na minha frente. Então recitei os seguintes versículos do Alcorão:

E, ao escutarem o que foi revelado ao Mensageiro, tu vês lágrimas a lhes brotarem nos olhos; reconhecem naquilo a verdade, dizendo: Ó Senhor nosso, cremos! Inscreve-nos entre os testemunhadores! E por que não haveríamos de crer em Deus e em tudo quanto nos chegou, da verdade, e como não haveríamos de aspirar a que nosso Senhor nos contasse entre os virtuosos?” (Alcorão 5:83-84)

Disse a ele:

“Você devia ter chorado em humilhação a Deus ao ouvir o Alcorão e acreditar na verdade que conhece, mas recusa.  Ele se levantou e me deixou, já que não viu alternativa.  Minha conversão oficial ao Islã foi em janeiro de 1960.”

Sobre a atitude de sua esposa e filhos, o Sr. Khalil respondeu:

“Minha esposa me deixou na época e levou com ela toda a mobília de nossa casa.  Mas todos os meus filhos se juntaram a mim e abraçaram o Islã.  O mais entusiasta entre eles é o meu filho mais velho, Isaque, que mudou seu nome para Osman, depois meu segundo filho José e meu filho Samuel, cujo nome é Jamal, e minha filha Majida, que agora se chama Najwa.  Osman agora é doutor em filosofia e trabalha como professor na Universidade de Sorbonne em Paris, ensinando estudos orientais e psicologia.  Ele também escreve no “Le Monde”.  Com relação à minha esposa, ela deixou a casa por seis anos e concordou em voltar em 1966, desde que pudesse manter sua religião.  Aceitei, porque no Islã não existe compulsão na religião.  Disse a ela: não quero que se torne muçulmana por minha causa, mas sim porque está convencida.  Ela agora sente que acredita no Islã, mas não pode declarar isso por temor a família dela. Nós a tratamos como uma muçulmana e ela jejua no Ramadã porque todos os meus filhos oram e jejuam.  Minha filha Najwa estuda na Faculdade de Comércio, José é farmacêutico e Jamal é engenheiro.

Durante esse período, desde 1961 até o momento presente, fui capaz de publicar vários livros sobre o Islã e os métodos usados pelos missionários e orientalistas para atacá-lo.  Agora estou preparando um estudo comparado sobre as mulheres nas três religiões divinas com o objetivo de destacar a posição das mulheres no Islã.  Em 1973 eu fiz o Hajj (peregrinação à Meca) e faço atividades de pregação do Islã.  Faço seminários nas universidades e entidades de caridade.  Recebi um convite do Sudão em 1974, onde fiz muitos seminários.  Meu tempo é todo usado a serviço do Islã.”

Finalmente, perguntado sobre as características do Islã que mais chamaram a sua atenção, o Sr. Khalil respondeu:

“Minha fé no Islã surgiu através da leitura do Alcorão Sagrado e da biografia do Profeta Muhammad, que a misericórdia e bênçãos de Deus estejam sobre ele.  Não acredito mais nos conceitos errôneos contra o Islã e sou especialmente atraído pelo conceito da unidade de Deus, que é a característica mais importante do Islã.  Deus é Único.  Nada se compara a Ele.  Essa crença faz de mim o servo somente de Deus e ninguém mais.  A unicidade de Deus libera o homem da servidão a qualquer ser humano e essa é a verdadeira liberdade.

Também gosto muito da norma sobre o perdão no Islã e da relação direta entre Deus e Seus servos.

“Dize: Ó servos meus, que se excederam contra si próprios, não desespereis da misericórdia de Deus; certamente, Ele perdoa todos os pecados, porque Ele é o Indulgente, o Misericordiosíssimo.  E voltai, contritos e se Submetam a Ele antes que o castigo lhes chegue, porque, então, não sereis socorridos.” (Alcorão 39:53-54)

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