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Consideração com os vizinhos

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1495 2015/05/25 2024/11/17

O profeta Muhammad, que Deus o cubra com Seus louvores, é um homem amado por todos os muçulmanos.  É honrado e respeitado por um número incontável de pessoas e considerado influente tanto em questões religiosas quanto seculares.  Mahatma Gandi o descreveu como escrupuloso em relação a promessas, intenso em sua devoção aos amigos e seguidores, intrépido, destemido e com absoluta confiança em Deus e em sua própria missão.  Os muçulmanos em todo o mundo o consideram o exemplo a seguir em sua adoração a Deus e em suas relações com outros.


A religião do Islã, como nos foi ensinada pelo profeta Muhammad, encoraja o tratamento gentil e atencioso com nossos vizinhos.  Eles merecem nosso respeito e bom tratamento independente de sua religião, raça ou cor.  Em um dito narrado por Aisha[1], uma esposa do profeta Muhammad, é relatado que o anjo Gabriel insistiu que o profeta Muhammad compreendesse a importância do bom tratamento aos vizinhos.  O profeta Muhammad disse que em um estágio ele pensou que o anjo Gabriel concederia o direito de herança aos vizinhos, tamanha foi sua insistência sobre o tratamento gentil e justo.


A missão do profeta Muhammad foi simplesmente transmitir a mensagem de Deus, que claramente ordenou o bom tratamento aos vizinhos no Alcorão.


"Adorai a Deus e não Lhe atribuais parceiros. Tratai com benevolência vossos pais e parentes, os órfãos, os necessitados, o vizinho próximo, o vizinho estranho, o companheiro, o viajante e os vossos servos.  Porque Deus não estima arrogante e jactancioso algum." (Alcorão 4:36)


Os homens e mulheres ao redor do profeta Muhammad eram lembrados constantemente de suas obrigações com Deus e uns com os outros.  O profeta Muhammad com frequência era ouvido exortando-os a fazer boas ações e a lembrar de suas obrigações.  Ele disse: "Que aquele que acredita em Deus e no Dia do Juízo não prejudique ou incomode seu vizinho...". Também lembrou, não só aos seus companheiros, mas a todos nós, que um crente em Deus não permite que seu irmão ou irmã passe fome ou viva em condições infelizes.  Hoje, em um tempo em que os idosos morrem sozinhos e esquecidos e quando nossos vizinhos próximos e distantes ficam famintos enquanto temos comida, faríamos bem em lembrar-se dos exemplos estabelecidos por nossos predecessores virtuosos.


O profeta Muhammad disse a Abu Dhar, um dos companheiros próximos, para acrescentar água à sua sopa para poder oferecer um pouco a seus vizinhos.[2]  Outro companheiro, Abdullah ibn Amr, uma vez perguntou a seu servo depois de abater uma ovelha: "Você deu um pouco a nosso vizinho judeu?"  Um crente é encorajado a dar presentes mesmo se forem de pouco valor.  O verdadeiro valor do presente é o espírito generoso com o qual é dado.  Dar presentes encoraja a amizade e apoio mútuo.  Quando Aisha, a esposa do profeta, perguntou a ele para qual vizinho devia enviar os presentes, ele respondeu: "Para os que têm a porta mais próxima da sua."[3].  Embora os vizinhos mais próximos sejam os que devemos ter em mente em primeiro lugar, o Islã nos encoraja a cuidar de todos os nossos vizinhos.  É um sistema que leva em consideração as necessidades e sentimentos de outros na comunidade como um todo.


Quando alguém entende verdadeiramente os ensinamentos do Islã, percebe que se um membro de uma comunidade sofre, toda a comunidade fica em conflito.  Depois da família, os vizinhos são as pessoas das quais dependemos nos momentos de conflito e calamidade e em tempos de necessidade.  Uma relação ruim com os vizinhos pode tornar a vida miserável.  É importante que as pessoas que compartilham uma vizinhança sejam capazes de confiar e se apoiar umas nas outras, independente de sua religião ou etnia.  Os vizinhos devem estar certos de que tanto sua honra quanto sua riqueza estão seguros.  O profeta Muhammad descreveu um bom vizinho como uma das alegrias da vida de um muçulmano e disse: "Entre as coisas que trazem felicidade ao crente nesta vida são um bom vizinho, uma casa espaçosa e um bom cavalo."[4]  Um bom vizinho é alguém que garante conforto e segurança.  Por essa razão é importante que aquele que acredita na obediência a Deus não poupe esforços em ser atencioso e generoso com os vizinhos.  O profeta Muhammad alertou seus companheiros contra prejudicar ou aborrecer os vizinhos.


Em um dito[5] que é tão verdadeiro hoje quanto era há 1.500 anos, perguntaram ao profeta Muhammad sobre uma mulher que orava e jejuava mais do que era obrigatório e dava caridade generosamente, mas, infelizmente, não se continha em falar de forma ríspida com os vizinhos.  Ele a descreveu como sendo uma das pessoas do inferno, que seria punida por isso.  No mesmo dito perguntaram a ele sobre outra mulher que cumpria apenas seus deveres obrigatórios e dava pouca caridade, mas cujos vizinhos estavam seguros de palavreado ríspido da parte dela e que ela não ofendia a ninguém.  O profeta Muhammad a descreveu como entre as pessoas do paraíso.  A religião do Islã dá muita ênfase na solidariedade de famílias, vizinhanças e da comunidade como um todo.


O Islã aconselha os crentes de maneira contínua a serem gentis e atenciosos com os vizinhos.  O que acontece, entretanto, se alguém tem um vizinho que se comporta mal e não mostra o respeito inerente nos ensinamentos do Islã?  Um muçulmano é paciente e tolerante e não guarda ressentimento.  Um crente se empenha para corrigir a relação por meio de boa moral e educação e uma atitude perdoadora na esperança de receber grande recompensa de Deus.  Um crente suporta pacientemente os incômodos ao máximo.  Se a situação fica intolerável, pode ser um último recurso tornar público o mau comportamento.


O profeta Muhammad uma vez aconselhou um homem a reunir seus pertences no meio da estrada, como indicação de que não podia mais morar ao lado de seu vizinho.  O "mau vizinho" imediatamente se desculpou e implorou que seu vizinho retornasse.[6]  Ninguém gosta que seu mau comportamento se torne público e isso é especialmente verdade em relação ao muçulmano, cuja religião requer que tenha os padrões morais mais elevados.  O Islã coloca grande ênfase nas qualidades do respeito, tolerância e perdão e essas qualidades mostradas aos vizinhos é uma demonstração dos valores morais e virtudes imbuídos na adoração do Deus Único e Verdadeiro.




Notas de rodapé:

[1] Saheeh Al-Bukhari

[2] Saheeh Muslim

[3] Ibid.

[4] Relatado com uma cadeia Sahih por al-Hakim.

[5] Saheeh Al-Bukhari

[6] Saheeh Al-Bukhari, Ibn Habban & Abu Dawood.

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