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Adoração no Islã (parte 3 de 3): A Abrangência da Adoração
Como mencionado anteriormente, a definição de adoração no Islã é abrangente, incluindo tudo que a pessoa compreende, pensa, pretende, sente, diz e faz. Também se refere a tudo que Deus requer, externo, interno ou interativo. Isso tanto inclui rituais quanto crenças, trabalho, atividades sociais e comportamento pessoal.
Existe uma distinção entre o que é bom, o que é mal e o que é neutro. Uma coisa boa é aquela que está de acordo com os propósitos e natureza feitos por Deus. Leva à harmonia e é, portanto, uma recompensa em si porque remove o conflito e o sofrimento. Disso se conclui que qualquer coisa que esteja de acordo com essa definição deve ser uma forma de adoração.
O entendimento islâmico de adoração permite que toda a vida de uma pessoa seja um ato de adoração, desde que o objetivo dessa vida seja agradar a Deus, o que é alcançado fazendo o bem e evitando o mal. Uma pessoa pode transformar atividades diárias em atos de adoração purificando sua intenção e sinceramente buscando a satisfação de Deus através dessas atividades. O Mensageiro de Deus, que Deus exalte sua menção, disse:
“Ajudar uma pessoa ou seus pertences em sua montaria é um ato de caridade. Uma palavra boa é caridade. Cada passo dado no caminho para realizar as orações é caridade. Remover um obstáculo da estrada é caridade.” (Saheeh Al-Bukhari)
Ganhar o sustento pode ser uma forma de adoração. Os Companheiros viram um homem e ficaram atônitos com seu trabalho duro e indústria. Eles lamentaram: “Se ele estivesse fazendo todo esse trabalho em nome de Deus...”
O Mensageiro de Deus disse:
“Se ele estiver trabalhando para sustentar seus filhos pequenos, então isso é em nome de Deus. “Se ele estiver trabalhando para sustentar seus pais idosos, então isso é em nome de Deus. Se ele estiver trabalhando para se ocupar e manter seus desejos sob controle, então isso é em nome de Deus. Se, por outro lado, ele estiver fazendo isso apenas para se exibir e ganhar fama, então ele está trabalhando em nome de Satanás.” (al-Mundhiri, as-Suyuti)
Mesmo os atos mais naturais podem se tornar atos de adoração se forem acompanhados pela intenção adequada: O Mensageiro de Deus disse:
“Quando um de vocês se aproxima de sua esposa, isso é um ato de caridade.” (Saheeh Muslim)
O mesmo pode ser dito sobre comer, dormir e trabalhar, e atributos de bom caráter, como sinceridade, honestidade, generosidade, coragem e humildade, podem se tornar adoração através de intenção sincera e obediência deliberada a Deus.
Para que esses atos mundanos sejam contados como atos de adoração merecedores de recompensa divina, as seguintes condições devem ser atendidas:
A. A ação deve ser acompanhada pela intenção apropriada. O Mensageiro de Deus disse:
“As ações valem pelas intenções, e uma pessoa só recebe aquilo que pretendeu.” (Saheeh Al-Bukhari)
B. A ação deve ser lícita em si mesma. Se a ação for algo proibido, quem a executa merece punição. O Mensageiro de Deus disse:
“Deus é puro e bom, e Ele aceita somente o que é puro e bom.” (Saheeh Muslim)
C. Os ditames da Lei Islâmica devem ser completamente observados. Engodo, opressão e iniqüidade devem ser evitados. O Mensageiro de Deus disse:
“Aquele que engana não é um de nós.” (Saheeh Muslim)
D. A atividade não deve impedir a pessoa de cumprir suas obrigações religiosas. Deus diz:
“Ó vós que credes! Que vossas riquezas e vossos filhos não vos distraiam da lembrança de Deus.” (Alcorão 63:9)
Como vemos aqui, o conceito de adoração no Islã não está restrito ao mero monasticismo, meditação ou reconhecimento da realidade na qual Deus nos criou, nem é baseada em mero ritualismo e execução de certos atos sem significados aparentes. Ao contrário, o Islã combinou o interior e o exterior e definiu o que é virtude e estabeleceu para ela uma recompensa. É através dessa abrangência do conceito de adoração que os humanos podem cumprir o propósito para o qual foram criados. Deus diz:
“E Eu não criei os jinns e os humanos, exceto para Me adorarem.” (Alcorão 51:56)
É exigido dos humanos que não vivam de acordo com seus desejos subjetivos, automatismo, condicionamento mental ou de acordo com o que ditam as autoridades sociais, políticas ou acadêmicas, mas de acordo com seu propósito cósmico inerente em nós: a adoração de Deus.
“Então ergue tua face para a religião, a natureza estabelecida por Deus com a qual Ele criou a humanidade. Não há alteração na criação de Deus, essa é a religião reta, mas a maioria dos homens não sabe.” (Alcorão 30:30)
Quando alguém vive sua vida cumprindo os aspectos que Deus ordenou, deixando as coisas que Deus proibiu, e ajustando cada uma de suas ações à Vontade de Deus, sua vida, de manhã até a noite, do momento do nascimento até a morte, estará voltada para a adoração pela qual será recompensado. Esse foi o estado dos Profetas, como Deus diz:
“De fato, minha oração, meu sacrifício, minha vida e minha morte são de Deus, o Senhor dos mundos.” (Alcorão 6:162)
Quando alguém alcança esse estado, entra em harmonia com o resto da criação e volta ao estado natural do ser, assim como todas as outras criações de Deus estão inconscientemente em constante adoração de Deus, como Ele disse:
“Não viste que diante de Deus se prostra quem está nos céus e na terra, o sol, a lua, as estrelas, as montanhas, as árvores, os animais e muitos entre a humanidade...” (Alcorão 22:18)