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Diane Charles Breslin, Ex-Católica, EUA (parte 2 de 3)

1463 2015/07/15 2024/12/30

Os Outros

Foi durante a minha preparação para obtenção do meu mestrado que eu li o Alcorão pela primeira vez.  Até então, como a maioria dos americanos, eu sabia “dos árabes” apenas como predadores misteriosos, prontos para atacar nossa civilização.  O Islã nunca era mencionado – apenas os árabes sujos, camelos e tendas no deserto.  Como uma criança na aula de religião, freqüentemente eu me perguntava quem eram as outras pessoas.  Jesus caminhava em Canaã, Galiléia e Nazaré, mas tinha olhos azuis - quem eram as outras pessoas?  Eu tinha um senso de que havia um elo perdido em algum lugar.  Em 1967 durante a guerra árabe-israelense todos nós tivemos um primeira impressão das outras pessoas, e elas eram claramente identificadas com o inimigo pela maioria.  Mas eu gostava deles, e sem razão aparente.  Eu até hoje não posso explicar isso, exceto que eu compreendia que eles eram meus irmãos muçulmanos.

Eu estava com 35 anos quando li minha primeira página do Alcorão.  Eu o abri com a intenção de uma pesquisada casual para me informar sobre a religião dos habitantes da região sobre a qual eu estava me especializando para o meu diploma de mestrado.  Deus fez com que o livro caísse aberto na Surata al-Muminum (Os Crentes) versículos 52-54:

“Verdadeiramente, esta é a vossa nação, uma nação única, e Eu sou vosso Senhor. Então, temei-Me.  Mas eles quebraram o mandamento em seitas, cada um jubiloso em sua crença.  Então, deixa-os em seu erro até um certo tempo.” (Alcorão 23:52-54)

Da primeira leitura eu sabia que havia uma certa verdade – clara e poderosa, revelando a essência de toda a humanidade e confirmando tudo que eu tinha estudado como uma especialista em História.   A patética rejeição da verdade pela humanidade, sua incessante competição vã para ser especial e sua negligência do propósito de sua própria existência, tudo exposto em poucas palavras.   Estados-nações, nacionalidades, culturas, línguas – todos se sentindo superiores quando, de fato, todas essas identidades mascaram a única realidade que nós devemos ficar felizes em compartilhar – servir a um mestre, O ÚNICO Que criou tudo e Que é dono de tudo.

Eu Continuo a Amar Jesus e Maria

Quando criança eu costumava dizer a frase “Virgem Maria, mãe de Deus, rogai por nós pecadores, agora e na hora de nossa morte, Amém,” encontrada na oração “Ave-Maria”.   Eu agora vejo o quanto Maria foi difamada pelas falsas afirmações sobre ela ser mãe de Deus.  É suficiente vê-la como escolhida sobre todas as mulheres para conceber o grande profeta Jesus através do Nascimento Virginal.  A minha mãe freqüentemente justificava suas súplicas constantes à Maria explicando que ela também era mãe e entendia os sofrimentos de uma mãe.  Seria muito mais útil para a minha mãe e todos os outros contemplar como a pura Maria foi caluniada pelos judeus de seu tempo, acusada de um pecado muito desprezível, o da fornicação.  Maria suportou tudo isso, sabendo que ela seria vindicada pelo Todo-Poderoso e que ela receberia forças para suportar todas as calúnias.

Esse reconhecimento da fé de Maria e confiança na misericórdia de Deus permite que se reconheça a sua posição mais exaltada entre as mulheres, e ao mesmo tempo remove a calúnia de chamá-la de mãe de Deus, o que é uma acusação ainda pior do que a dos judeus de seu tempo. Como muçulmano você pode amar Maria e Jesus, mas amar mais a Deus concederá a você o Paraíso, porque são Dele as regras que você deve obedecer. Ele o julgará em um dia no qual ninguém poderá ajudá-lo.  Ele criou você, Jesus e sua abençoada mãe Maria, como Ele criou Muhammad.  Todos morreram ou morrerão – Deus nunca morre.

Jesus (Isa em árabe) nunca clamou ser Deus.  Ao contrário, ele repetidamente se referiu a si próprio como um enviado.  Quando eu olho para trás e reflito sobre a confusão que experimentei em minha juventude, vejo que suas raízes residem na alegação da igreja de que Jesus era mais do que ele próprio admitia.   Os pais da igreja formularam uma doutrina para inventar o conceito de Trindade.  É essa interpretação confusa do Torá e Injil [Evangelho] originais (escrituras dadas a Moisés e Jesus) que está no centro da questão da Trindade.

É suficiente simplesmente afirmar que Jesus foi um profeta, sim, um mensageiro que veio com a palavra Daquele Que o enviou.   Se nós vermos Jesus, que Deus o exalte, em sua perspectiva correta, é fácil então aceitar Muhammad, que Deus o exalte, como seu irmão mais jovem que veio com a mesma missão – chamar todos à adoração do ÚNICO Todo-Poderoso, Que criou tudo e para Quem nós retornaremos.   Não é importante debater suas características físicas.  Árabe, judeu, caucasiano, olhos azuis ou castanhos, cabelos longos ou curtos - tudo é completamente irrelevante em comparação à sua importância como portadores da mensagem.  Toda vez que eu penso em Jesus agora, após conhecer o Islã, eu sinto aquela conexão que se sente em uma família feliz – uma família de crentes.  Você vê Jesus como um “muçulmano”, alguém que se submeteu ao seu Senhor.

O primeiro dos “Dez Mandamentos” declara:

1.    Eu sou o Senhor teu Deus, não terás outros deuses além de mim.

2.    Tu não tomarás o nome do Senhor teu deus em vão.

Qualquer um que conheça o significado correto de  “la ilaha ill-Allah” (não existe deus exceto Deus) imediatamente reconhecerá a semelhança nesse testemunho.  Então nós podemos realmente unir a estória real de todos os profetas e por um fim às distorções.

“E eles dizem que o Misericordioso tomou para Si um filho.  De fato fizeste algo terrível.  Por causa disso os céus quase se despedaçam, e a terra se fende, e as montanhas caem em ruínas.” (Alcorão 19:88-90)

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