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Hanifah bint Stefan, Ex-Cristã, Suécia

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1792 2015/08/02 2024/12/21

A primeira vez que pensei pela primeira vez em ter o Islã como religião foi com a idade de 15 anos. Ao ler uma história em meu livro de religião do segundo grau sobre uma sueca que se converteu pensei: como seria se me tornasse muçulmana?  Como isso mudaria minha vida?

Essa mulher usava um lenço sobre sua cabeça e trabalhava como secretária.  Por causa de minha falta de conhecimento sobre o Islã, isso me chocou muito.  Como ela podia trabalhar com aquela coisa na cabeça?  Quem contrataria uma mulher como aquela?

Minha conclusão era que nunca me tornaria muçulmana porque chamaria a atenção e diminuiria minhas chances de conseguir o emprego dos sonhos.  Acho que esse pensamento dependia muito da forma como fui educada.  Meus pais são pessoas honestas e trabalhadoras, mas não veem necessidade de religião.  Veem que o significado da vida está na vida em si e que depois dela, quando todos nos tornarmos pó, não há mais nada.

Entretanto, acho que minha mãe respeitava as tradições e morais de nossa igreja protestante e me enviou bem cedo para o grupo de crianças. Posteriormente, com 14 anos, me perguntaram se gostaria de ir para as aulas de confirmação.

Concordei.  Achava que era melhor fazê-lo.  Quem sabe, talvez eu mudasse de ideia mais tarde e me arrependesse de não ir e então estaria fora da igreja.  Também era divertido ir a essas aulas.  Pintávamos, cantávamos músicas, fazíamos teatro e acampávamos.  Não havia muita gente séria entre nós - a maioria vinha só por causa da tradição e para receber presentes, joias e dinheiro dos parentes no grande dia em que as aulas finalmente terminassem e houvesse uma cerimônia na igreja.

A partir dessa época, lembro-me de ter fortes dúvidas sobre o Cristianismo.  Lia a Bíblia, mas ela não me dava o que eu precisava.   Sabia que havia algo que estava procurando, mas não sabia o que.  Aprendi sobre astrologia e tentei meditação, mas tudo isso fez com que me sentisse mais confusa.

Comecei a manter um “jornal espiritual”.  Era um pequeno livro que preenchia com material diferente, religioso e não religioso.  Coletava versículos bíblicos, poemas, cânticos hindus, canções e qualquer coisa que tivesse sentido para mim.

Comecei a escola secundária com 16 anos. Como vivia em um pequeno subúrbio fora da cidade precisei me transferir para uma escola na cidade grande.  Escolhi a que achei que tivesse o status mais alto.  Não podia imaginar que lá haveria tantos estrangeiros.

Imediatamente após começar, senti que não estava feliz.  Queria mudar minha especialização e me transferi de Mídia para Línguas e fui para uma nova aula onde não conhecia ninguém.  As primeiras pessoas que falaram gentilmente comigo e com quem fiz amizade foi uma garota africana e uma garota iraquiana que usava um lenço.  Era tão exótico para mim!  Toda a minha vida tinha estado cercada por pessoas com o mesmo histórico e agora sentia o gosto de outras culturas e estilos de vida.

Estava tão fascinada pela garota iraquiana que comecei a andar muito com ela e também fiquei amiga dos amigos dela.  Fiquei famosa como a sueca que não tinha amigos suecos.  Era mais do que uma coisa legal para mim - sentia que precisava me distanciar da multidão normal.

Os muçulmanos de minha escola às vezes tinham discussões ativas sobre o Islã que me impressionavam muito.  Pensava: como essa religião pode ser parte ativa de suas vidas?  Não é como o Cristianismo. É vida, não morta!  E tem um impacto sobre tudo em suas vidas.

Um dia quando fui com meu pai para um mercado de coisas usadas, procurei alguns livros e encontrei uma antiga tradução do Alcorão para o sueco.  Decidi comprá-lo por propósitos históricos e obter maior entendimento da religião de meus amigos.

Nessa época comecei a acrescentar itens islâmicos ao meu jornal.  Estava escrevendo a surata de abertura, Al-Fatiha, e sua tradução.  Também a memorizei.  Não tinha motivo para fazê-lo e estava apenas interessada nele.

Em pouco tempo estava totalmente absorvida no Alcorão.  Sentia como se tivesse encontrado um verdadeiro tesouro.  Havia algo que me atraía - algo que não era lógico, especialmente porque essa tradução que tinha era escrita por um orientalista e continha várias falhas sérias.  A pior coisa de todas era que o autor apontava supostas falhas na ordem em que os versículos vieram.  Disse que era evidente que alguns versículos deviam trocar de lugar.  Alhamdulillah (louvado seja Deus) que aprendi a verdade ao perguntar minha amiga.

Fui à minha amiga iraquiana e contei a ela que estava interessada no Islã.  Ela ficou muito chocada e senti que era necessário sentar-se ou ia desmaiar!  Depois que o choque passou, ela decidiu me levar para uma organização islâmica e lá consegui alguns livros, panfletos e o telefone de outra sueca que tinha se tornado muçulmana.

Temia o que minha família ia dizer e, de fato, minha mãe sentiu-se insultada quando disse a ela que queria me tornar muçulmana.  Toda a família fez uma busca no meu quarto e jogou fora meus livros islâmicos.  Disseram que o Islã era como um culto e que eu tinha sofrido lavagem cerebral.

Mas isso não me impediu.  No mês de julho de 2001 declarei minha shahada (testemunho de fé) abertamente.  Tinha ligado para a sueca de quem tinha o telefone e ela organizou lições islâmicas na casa dela.  Fui à sua casa, que tinha um jardim, e oramos a oração de zhur (vespertina) lá ao ar livre.  Para mim foi um ato simbólico, porque em minha sociedade não é apreciado fazer atos de adoração abertamente.  Senti-me muito livre e não me importava com o que as pessoas pensavam.

Foi com uma voz alta e orgulhosa que disse as palavras que, sem dúvida, tiveram o maior impacto sobre toda a minha vida:

Ashhadu an laa ilaaha illa Allah, wa ashhadu anna Muhammadan rasool Allah

Testemunho que não há divindade merecedora de adoração exceto Deus

E testemunho que Muhammad é o mensageiro de Deus.

Nenhuma outra frase me influenciou como essa.

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