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O Perdão de Mohammad

4394 2011/01/11 2024/11/15

segundo ensaio

o perdão

 

o perdão é o ato de deixar de condenar pelo erro.1 o profeta (deus o abençoe e lhe dê paz) foi o alto exemplo de perdão pelos seus adversários, seus inimigos e os merecedores de castigo, como manifestação de sua misericórdia.

 

 

 o perdão de mohammad.

 

marcel boisard comenta o perdão de mohammad (deus o abençoe e lhe dê paz), dizendo:

“apesar de ser combatido e perseguido, ele perdoava na hora de poder.”2

 

o escritor indiano, maulana mohammad áli3 declara o aspecto de perdão no caráter do mensageiro de deus (deus o abençoe e lhe dê paz) como um dos aspectos da misericórdia de mohammad à humanidade com detalhes e provas, dizendo:

 

“o perdão é outra jóia de excessivo brilho na personalidade do mensageiro de deus (deus o abençoe e lhe dê paz). ele encontrou a sua perfeita forma nele. o alcorão sagrado aconselhou-o a ser indulgente, recomendar o bem e afastar-se dos ignorantes.4

 

ele recebeu a explicação disso de deus, exaltado seja, da seguinte forma: “relacione-se com quem corta as relações consigo, dê a quem o priva, perdoe a quem lhe fez o mal.” o profeta (deus o abençoe e lhe dê paz) viveu de acordo com essa instrução nas situações mais constrangedoras. na batalha de uhud (chauwal, ano 3 da hégira/abril de 624 d.c.) quando foi ferido e caiu, e um de seus companheiros lhe pediu que amaldiçoasse aos seus inimigos, respondeu: “não fui enviado para amaldiçoar as criaturas, mas como orientador e misericórdia. ó deus, oriente o meu povo, pois não sabem o que fazem!”5 uma vez um beduíno jogou o seu manto no pescoço do profeta (deus o abençoe e lhe dê paz) e o puxou com força. quando foi perguntado por que não fez o mesmo com o homem, respondeu: “não pago o mal com o mal nunca.”6

 

disse, ainda: “a história do mundo é incapaz de nos fornecer algo semelhante a esse generoso perdão que o mensageiro de deus mostrou para com aqueles grandes criminosos. aconselhar a ser indulgente e perdoar não custa nada. porém, o perdão aos torturadores necessita de enorme dignidade, principalmente, quando os torturadores estão sob o seu domínio.”7

 

sem dúvida, constatamos que o profeta (deus o abençoe e lhe dê paz) é a melhor pessoa quanto ao perdão, a mais amável de se conviver, indulta o maldoso e perdoa o errado de tal forma que o criador, glorificado e exaltado seja, o descreveu: “chegou-vos um mensageiro de vós mesmos, que tem pena do vosso infortúnio, anseia por proteger-vos, e é compassivo e misericordioso para com os crentes.” (9:128). deus, exaltado seja, ordenou-o adotar o método de indulgência, dizendo: “porém, indulta-os e perdoa-lhes os erros, porque deus aprecia os benfeitores.” (5:13).

 

segundo objeto de pesquisa: exemplos de seu perdão

 

primeiro: o seu perdão aos politeístas de makka no ano da conquista(ramadan, ano 8 da hégira/janeiro de 630 d.c.)

o escritor indiano, maulana mohammad áli fornece exemplos do perdão do profeta (deus o abençoe e lhe dê paz) aos politeístas de makka depois de tudo que fizeram com ele. disse:

 

“o profeta (deus o abençoe e lhe dê paz)  concedeu aoshabitantes de makka, que lhe ministraram e aos seus companheiros as mais bárbaras torturas, uma anistia geral.”8

 

o lord hidlay, comentando o perdão do profeta (deus o abençoe e lhe dê paz) na conquista de makka, disse:

“perdoou, sem restrições nem condições todos aqueles que o perseguiram e o torturaram. recorreram a ele todos aqueles que o exilaram de makka. ele enriqueceu seus pobres, perdoou os mais ferrenhos inimigos dele, quando a vida deles estava em suas mãos e sob a sua misericórdia!”9

 

gullen disse:

“observem comigo como eles o expulsaram  juntamente com os que o apoiavam de seus lares e os enclausuraram em uma região desértica, boicotando-os. eles penduraram os artigos daquele perverso boicote na parede da caaba. este boicote proibia o relacionamento com eles tanto em questão de comércio como de casamento.”

 

esse boicote durou três anos, obrigando os muçulmanos a comerem plantas, raízes e folhas de árvores, matando crianças e idosos por causa da fome, sem que os politeístas se importassem. não se contentando com isso, obrigaram-nos a abandonar suas casas e pátrias e emigrarem para locais longínquos. nem ali os deixaram em paz, mas com suas várias intrigas roubaram deles o gosto do sossego e da tranquilidade.”

 

durante as campanhas de badr e da trincheira envolveram-se com eles em batalhas sangrentas, vedando-lhes os mais simples direitos de visitarem a caaba. fizeram-nos retornar para seus lares depois de assinar um tratado com condições unilaterais. porém, deus, exaltado seja, os agraciou e conseguiram conquistar makka, com o mensageiro de deus entrando em makka liderando um enorme exército.”

como foi o seu tratamento aos habitantes de makka depois desse período repleto de inimizade e ódio? disse-lhes: “podem ir, estão livres.”10

 

se mohammad fosse um dos reis do mundo o sangue dos habitantes de makka teria sido derramado. porém, os recompensou com perdão. por isso, ingressaram em grupos na religião de deus.

 

segundo: o seu perdão aos povos do livro:

 

maulana mohammad áli disse:

 

“o seu perdão alcançou os seguidores de todas as religiões – judeus, cristãos, idólatras e outros. sua benevolência não se restringiu aos seus seguidores.”11

 

a exemplo disso, há o perdão à tribo judaica de bani cainucá que lhe declararam inimizade. tinha a capacidade de eliminá-los por completo na sua batalha contra eles em 15 de chauwal do ano 2 da hégira/9 de abril de 624, apesar do crime cometido por eles, descobrindo a vergonha de uma muçulmana em público, assassinando um muçulmano que defendeu a  honra da mulher.

 

outro exemplo, o seu perdão à tribo judaica de banu nadhir, depois da tentativa fracassada para matar o profeta (deus o abençoe e lhe dê paz). podia aplicar neles a sentença de morte pelo seu planejamento de matá-lo, como é costume em casos como esse nas leis internacionais. todos estavam sob o domínio dele depois de sua derrota na batalha contra os muçulmanos em rabiul auwal do ano 4 da hégira/agosto de 625 d.c. ele, porém, concedeu anistia geral a eles, em troca de sua saída além da fronteira do país.

 

terceiro: o seu perdão aos fracos durante as guerras:

 

ele ordenou os seus soldados de perdoarem os fracos, os idosos, as crianças, as mulheres, advertindo-os para não derrubarem casas, roubarem o comércio, cortarem árvores frutíferas.12

 

o profeta costumava estabelecer essas instruções aos seus soldados, fazendo-os prometerem cumprir as suas ordens por ser considerado o comandante geral das forças armadas.

 

quarto: seu perdão aos beduínos grosseiros:

 

1. o beduíno que falou com ele com descaramento:

 

abu mussa al ach’ari relatou que estava com o profeta (deus o abençoe e lhe dê paz) em ja’rána, entre makka e madina, juntamente com bilal. um beduíno foi ter com ele e lhe disse: “não vai me dar o que prometeu?” o profeta (deus o abençoe e lhe dê paz) lhe disse: “alegre-se pelo que vou lhe fazer.” o beduíno disse: “você sempre me diz para me alegrar!” então, o profeta (deus o abençoe e lhe dê paz) se voltou para mim e para bilal de forma zangada e disse: “o beduíno recusou as boas novas. por isso, vocês devem aceitá-la.” bilal e eu dissemos: “nós aceitamos.” o profeta (deus o abençoe e lhe dê paz) , então, pediu uma vasilha de água, lavou as mãos, o rosto nela e tomou um gole. em seguida, disse: bebam um pouco, molhem os rostos, o peito e fiquem contentes com as boas-novas.” tomamos a vasilha e fizemos o que ele mandou. ummu salama, por trás de uma cortina, disse: “guardem um pouco d’água para a vossa mãe” (quer dizer para ela, por ser esposa do profeta (deus o abençoe e lhe dê paz)). e eles deixaram um pouco para ela.13

 

2. o beduíno que acusou o profeta (deus o abençoe e lhe dê paz) de injustiça:

 

após a batalha de hunain (chauwal, ano 8 da hégira/janeiro de 630 d.c.), no dia da distribuição dos espólios entre o exército, o mensageiro de deus deu preferência a algumas pessoas na divisão. deu para pessoas que haviam se tornado muçulmanas recentemente e alguns nobres beduínos. um beduíno disse: “por deus, essa divisão não é justa e não se desejou com ela satisfazê-lo!” o companheiro, abdullah ibn mass’ud, apresentou a queixa ao profeta (deus o abençoe e lhe dê paz). o rosto do profeta (deus o abençoe e lhe dê paz) mudou imediatamente. então disse: “quem é justo quando deus e o seu mensageiro não são justos?” disse, em seguida: “que deus tenha piedade de moisés. ele foi acusado por muito mais do que isso e teve paciência.”14

 

3. o beduíno que pagou o bem do profeta (deus o abençoe e lhe dê paz) com o mal.

 

abu huraira relatou que um beduíno foi ter com o profeta (deus o abençoe e lhe dê paz) pedindo ajuda. o profeta lhe deu algo e lhe perguntou: “é suficiente?” o beduíno respondeu: “não, nem generoso foi.” os muçulmanos ficaram zangados com ele e queriam agredi-lo. o profeta (deus o abençoe e lhe dê paz) lhes indicou que o deixassem. então, levantou-se, entrou na casa e mandou o beduíno entrar. disse-lhe: “você veio nos pedir. demos-lhe algo, disse que era pouco.” o profeta (deus o abençoe e lhe dê paz)lhe deu mais e lhe perguntou: “está satisfeito?” o beduíno respondeu: “sim! que deus lhe recompense em família e tribo.” o profeta (deus o abençoe e lhe dê paz) lhe disse: “você veio a nós pedindo ajuda e nós lhe demos. disse que era pouco. meus companheiros se zangaram por isso. se você gostar, diga a eles o que disse a mim para eliminar a zanga deles!” o beduíno disse que faria. no dia seguinte, foi ter com eles novamente. o profeta (deus o abençoe e lhe dê paz) disse: “o seu amigo veio ter conosco e pediu ajuda e nós lhe concedemos. ele não gostou. levamo-lo para casa e lhe demos mais e ele declarou que ficou satisfeito. não foi?” o beduíno disse: “sim! que deus o recompense em família e tribo.” o profeta (deus o abençoe e lhe dê paz) disse: “o meu exemplo e o desse beduíno é o de um homem que tinha uma fêmea de camelo que fugiu. as pessoas a perseguiram e ela fugiu mais ainda. o dono dela lhe disse: “deixem-na comigo, pois eu a conheço melhor do que vocês.” ele se dirigiu a ela levando um pouco de alimento e devagar, conseguiu pegá-la. se eu tivesse deixado vocês quando o homem disse aquilo, vocês o teriam matado e ele teria ido para o inferno.”15  

 

esse tipo de proceder é um dentre as virtudes e a moral de mohammad. ele foi generoso, gentil, carinhoso e benfeitor ao lado da característica de perdão sobre o qual falamos. que deus abençoe e dê paz ao dono de excelente caráter.

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  1. ahmad abdel rahman ibrahim: “as virtudes morais do islam”, pág. 180.
  2. marcel boisard: “o humanismo do islam”, pág. 46.
  3. líder indiano, famoso pelo seu empenho a serviço do islam. é autor de uma das traduções do alcorão para a língua inglesa. “a religião do islam”, “a vida de a mensagem de mohammad” e “horas decisivas na vida do mensageiro” são algumas de suas obras.
  4. indicando as palavras de deus, exaltado seja: “conserva-te indulgente, recomenda o bem e afasta-te dos ignorantes.” (7:199).
  5. este é o texto do tradutor. o texto original no sahih musslim é “não fui enviado como amaldiçoador, mas como misericórdia.”, nº 4707, com relato de abu huraira.
  6. maulana mohammad áli: “a vida e a mensagem de mohammad”, págs. 273-274.
  7. idem, pág. 207.
  8. idem, pág. 269-270.
  9. ver ettiene dinet: “mohammad, mensageiro de deus”, pág. 27.
  10. mohammad fathalla gullen: “a luz eterna de mohammad, orgulho da humanidade”, 2/100.
  11. maulana mohammad áli, “a vida e a mensagem de mohammad”, págs. 269/270.
  12. emile dermenghem: “a vida de mohammad”, pág. 350.
  13. narrado por bukhári, nº 4328.
  14. narrado por musslim, livro do zakat, com base em ibn mass’ud, hadice nº 1062.
  15. narrado por cheikh assbaháni em “o caráter de mohammad”, nº 170. ver, também, mohammad ibn nasr maruzi, “o valor enorme da oração”, pág. 861. foi compilado pelo haiçami em majma’ azzawáid, foi citado também por ibrahim ibn al hakam ibn abán.”

 

 

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