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Salvação no Islã (parte 1 de 3): O que é salvação?

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1569 2014/07/15 2024/03/29

O Islã nos ensina que a salvação é alcançável através da adoração de Deus apenas.  Uma pessoa deve acreditar em Deus e seguir Seus mandamentos.  Essa é a mesma mensagem ensinada por todos os profetas, incluindo Moisés e Jesus.  Existe um único Deus merecedor de adoração.  Um Deus, sem parceiros, filhos ou filhas.  Salvação e, portanto, felicidade eterna, podem ser alcançadas pela adoração sincera.


Além disso, o Islã nos ensina que os seres humanos nascem sem pecado e são naturalmente inclinados a adorar somente a Deus (sem quaisquer intermediários).  Para reter esse estado de ausência de pecado a humanidade deve seguir os mandamentos de Deus e se empenhar em viver uma vida virtuosa.  Se alguém incorrer em pecado, tudo que é exigido é o arrependimento sincero, seguido da busca pelo perdão de Deus.  Quando uma pessoa peca se afasta da misericórdia de Deus. Entretanto, o arrependimento sincero a aproxima de Deus. 


Salvação é uma palavra poderosa que o dicionário define como o ato de preservação ou libertação da destruição, dificuldade ou mal.  Teologicamente é o resgate espiritual do pecado e suas consequências.  Mais especificamente, no Cristianismo é associado com redenção e a expiação de Jesus.  Salvação no Islã é um conceito muito diferente.  Embora ofereça libertação do fogo do inferno, também rejeita alguns dos princípios básicos do Cristianismo e afirma claramente que a salvação é alcançada somente por meio da submissão a Deus, o misericordioso.


"Que mencionam Deus, estando em pé, sentados ou deitados, e meditam na criação dos céus e da terra, dizendo: Ó Senhor nosso, não criaste isto em vão. Glorificado sejas! Preserva-nos do tormento infernal!" (Alcorão 3: 191)


De acordo com a doutrina cristã, a humanidade é considerada desviada e pecadora.  A doutrina do pecado original afirma que a humanidade já nasce contaminada pelo pecado de Adão e, portanto, separada de Deus e precisando de um redentor.  O Islã, por outro lado, rejeita totalmente o conceito cristão do pecado original e a noção de que a humanidade nasce em pecado. 


A ideia de que bebês ou crianças inocentes são pecadoras soa completamente absurda para um crente que sabe que o Islã se trata de perdão original e não de pecado original.  A humanidade, de acordo com o Islã, nasce em um estado de pureza, sem pecado, e naturalmente inclinada à adoração e louvor de Deus.  Entretanto, seres humanos também receberam o livre arbítrio e podem cometer erros e pecar. São até capazes de cometer grandes males.


Toda vez que uma pessoa peca, é a única responsável por aquele pecado.  Cada pessoa é responsável por seus próprios atos.  Consequentemente, nenhum ser humano é responsável pelos erros cometidos por Adão e Eva.  Deus diz no Alcorão:

"Nenhuma alma arca com o pecado de outra." (Alcorão 35:18)


Adão e Eva cometeram um erro, se arrependeram sinceramente e Deus em Sua infinita sabedoria os perdoou.  A humanidade não está condenada a ser punida, geração após geração.  Os pecados do pai não são transferidos para os filhos.


"E ambos comeram (os frutos) da árvore, e suas vergonhas foram-lhes manifestadas, e puseram-se a cobrir os seus corpos com folhas de plantas do Paraíso. Adão desobedeceu ao seu Senhor e foi seduzido. Mas logo o seu Senhor o elegeu, absolvendo-o e encaminhando-o." (Alcorão 20:121-122)


Acima de tudo o Islã nos ensina que Deus é perdoador e continuará perdoando, repetidamente.  Faz parte do ser humano cometer erros.  Algumas vezes os erros são feitos sem deliberação ou má intenção, mas às vezes consciente e deliberadamente pecamos e prejudicamos outras pessoas.  Portanto, como seres humanos precisamos constantemente de perdão.


A vida deste mundo está repleta de testes e tribulações, mas Deus não abandonou a humanidade a esses testes.  Deus equipou a humanidade com o intelecto e a habilidade de fazer escolhas e tomar decisões.  Deus também nos deu palavras de orientação.  Como nosso criador, Ele está bem ciente de nossa natureza e ansioso para nos guiar na senda reta que leva à bênção eterna.


O Alcorão é a revelação final de Deus e é aplicável para toda a humanidade; todas as pessoas, todos os lugares, todas as épocas.  Em todo o Alcorão Deus pede continuamente que nos voltemos para Ele em arrependimento e peçamos Seu perdão.  Esse é o caminho para a salvação.  Esse é nosso resgate da destruição.

"E quem cometer uma má ação ou se condenar e, em seguida (arrependido), implorar o perdão de Deus, sem dúvida achá-Lo-á Indulgente, Misericordiosíssimo."  (Alcorão 4:110)

"Ó meu povo! Implorai o perdão de vosso Senhor e voltai-vos a Ele, arrependidos, Que vos enviará do céu copiosa chuva e adicionará força à vossa força. Não vos afasteis, tornando-vos pecadores!" (Alcorão 11:52)

"Dize: Ó servos Meus, que se excederam contra si próprios, não desespereis da misericórdia de Deus; certamente, Ele perdoa todos os pecados, porque Ele é o Indulgente, o Misericordiosíssimo." (Alcorão 39:53)


O Alcorão não é apenas um livro de orientação, é um livro de esperança.  Nele, o amor, misericórdia e perdão de Deus são óbvios e, assim, a humanidade é lembrada de não entrar em desespero.  Não importa os pecados que uma pessoa possa ter cometido. Se ela se voltar para Deus de forma resoluta, em busca de salvação, a salvação está assegurada.


O profeta Muhammad descreveu o pecado como pontos negros que cobrem o coração.  Disse: "Em verdade se um crente peca, um ponto negro cobre seu coração.  Se se arrepende, para o pecado e busca perdão, seu coração fica limpo novamente.  Se persistir (ao invés de se arrepender), o ponto negro aumenta até cobrir seu coração..." [1]


A salvação não é necessária no Islã por causa da mancha do pecado original.  A salvação é necessária porque a humanidade é imperfeita e precisa do perdão e amor de Deus.  Para entender o conceito de salvação corretamente, devemos entender outros tópicos incorporados na salvação.  Esses tópicos são a compreensão da importância do tawhid, ou a unicidade de Deus, e saber como se arrepender sinceramente.  Discutiremos esses tópicos nos dois próximos artigos.



Notas de rodapé:

[1] Ibn Majah.

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