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Uma História do Hajj

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1552 2014/09/29 2024/11/17

Hajj literalmente significa ‘partir para um lugar’.  Islamicamente, entretanto, se refere à peregrinação anual que os muçulmanos fazem à Meca com a intenção de realizar certos rituais religiosos de acordo com o método prescrito pelo Profeta Muhammad, que a misericórdia e bênçãos de Deus estejam sobre ele.

O Hajj e seus rituais foram primeiro ordenados por Deus na época do Profeta Abraão e a quem Deus confiou a construção da Caaba - a Casa de Deus - junto com seu filho Ismael, em Meca.  Deus descreveu a Caaba e sua construção como se segue:

“E (recorda-te) de quando indicamos a Abraão o local da Casa, dizendo: Não Me atribuas parceiros, mas consagra a Minha Casa para os circungirantes, para os que permanecem em pé e para os genuflexos e prostrados [em oração].” (Alcorão 22:26)

Depois de construir a Caaba, Abraão ia para Meca realizar o Hajj todos os anos, e após sua morte, essa prática continuou com seu filho.  Entretanto, gradualmente, com a passagem do tempo, tanto a forma quanto o objetivo dos rituais do Hajj foram mudados.  Como a idolatria se espalhava pela Arábia, a Caaba perdeu sua pureza e ídolos eram colocados dentro dela.  Suas paredes ficaram cobertas com poemas e pinturas, incluindo uma de Jesus e sua mãe Maria.  Eventualmente mais de 360 ídolos foram colocados ao redor da Caaba.

Durante o período do Hajj em si, a atmosfera ao redor dos limites sagrados da Caaba era como a de um circo.  Homens e mulheres andavam em volta da Caaba nus, argumentando que deviam se apresentar perante Deus na mesma condição em que nasceram.  Suas orações se tornaram destituídas de toda lembrança sincera de Deus e ficaram reduzidas a uma série de bater de palmas, assobios e soprar de chifres.  Até o chamado para o Hajj foi distorcido por eles com os seguintes acréscimos: “Ninguém é Seu parceiro exceto aquele que tem Sua permissão. Tu és seu Mestre e o Mestre do que ele possui.”

Também eram feitos sacrifícios em nome de Deus.  Entretanto, o sangue dos animais sacrificados era despejado nas paredes da Caaba e a carne pendurada nas colunas ao redor da Caaba, na crença de que Deus exigia a carne e o sangue desses animais.

O canto, a bebida, o adultério e outros atos de imoralidade eram predominantes entre os peregrinos e as competições de poesia mantidas eram uma parte importante do evento do Hajj.  Nessas competições os poetas louvavam a bravura e esplendor dos homens de sua própria tribo e contavam histórias exageradas da covardia e avareza de outras tribos.  As competições em generosidade também eram encenadas, nas quais o chefe de cada tribo colocava enormes caldeirões e alimentava os peregrinos, apenas para ficarem conhecidos por sua extrema generosidade.

Dessa forma as pessoas tinham abandonado por completo os ensinamentos de seu antepassado e líder Abraão.  A Casa que ele fez pura para a adoração somente de Deus tinha sido totalmente profanadas pelos pagãos, e os rituais que ele tinha estabelecido foram completamente distorcidos por eles.  Essa triste situação continuou por quase dois mil e quinhentos anos.  Mas então, após esse longo período, chegou o momento da súplica de Abraão ser atendida:

“Ó Senhor nosso! Faze surgir, dentre eles, um Mensageiro, que lhes transmita as Tuas leis e lhes ensine o Livro, e a sabedoria, e os purifique. Tu és o Poderoso, o Prudentíssimo.” (Alcorão 2:129)

Certamente, um homem que atendia pelo nome de Muhammad ibn ‘Abdullaah, que a misericórdia e bênçãos de Deus estejam sobre ele, nasceu na mesma cidade na qual Abraão fez essa súplica séculos antes.  Por vinte e três anos o Profeta Muhammad, que a misericórdia e bênçãos de Deus estejam sobre ele, propagou a mensagem de monoteísmo – a mesma mensagem que Abraão e todos os outros Profetas trouxeram – e estabeleceu a lei de Deus sobre a terra.  Empreendeu todos os esforços para fazer a palavra de Deus suprema e sua vitória sobre a falsidade culminou com a destruição dos ídolos dentro da Caaba que novamente se tornou o centro universal para os adoradores do Verdadeiro Deus.


O Profeta não apenas livrou a Caaba de todas as suas impurezas, mas também restabeleceu todos os rituais do Hajj que foram estabelecidos pela Permissão de Deus, no tempo de Abraão.  Injunções específicas no Alcorão foram reveladas para eliminar todos os falsos rituais que tinham se tornado predominantes no período pré-islâmico.  Todos os atos indecentes e vergonhoso foram estritamente banidos na afirmação de Deus:


“A peregrinação realiza em meses determinados. Quem a empreender, deverá abster-se das relações sexuais, da perversidade e da polêmica.” (Alcorão 2:197)

Competições entre poetas nas exaltações aos seus antepassados e às realizações dos homens de suas tribos foram todas interrompidas.   Ao invés disso, Deus lhes disse:

“Quando celebrardes os vossos ritos, recordai-vos de Deus como vos recordar dos vosso pais, ou com mais fervor.” (Alcorão 2:200)

As competições em generosidade também foram proibidas.  Claro, alimentar os peregrinos pobres continuou sendo encorajado como era feito no tempo de Abraão, mas Deus ordenou que o abate de animais que era feito com esse propósito devia ser para buscar a satisfação de Deus, ao invés de fama e louvor das pessoas.  Ele disse:

“Invocai, pois, o nome de Deus sobre eles, no momento (do sacrifício), quando ainda estiverem em pé, e quando tiverem tombado. Comei, pois, deles e dai de comer ao necessitado e ao pedinte.” (Alcorão 22:36)

Quanto à prática deplorável de jogar sangue de animais sacrificados nas paredes da Caaba e pendurar sua carne em altares, Deus claramente os informou que:

“Nem suas carnes, nem seu sangue chegam até Deus; outrossim, alcança-O a vossa piedade.” (Alcorão 22:37)


O Profeta, que a misericórdia e bênçãos de Deus estejam sobre ele, também colocou um fim à prática de circular a Caaba em estado de nudez e o argumento de que os pagãos apresentavam para justificar esse ritual foi totalmente refutado na pergunta de Deus:


“Dize: Quem pode proibir as galas [ou seja, vestimentas] de Deus e o desfrutar os bons alimentos que Ele preparou para Seus servos?” (Alcorão 7:32)


Outro costume que foi proibido através do Alcorão foi o de partir para o Hajj sem levar provisões para a viagem.  No período pré-islâmico, algumas pessoas que alegavam virtude e dependerem totalmente de Deus, viajavam para realizar o Hajj pedindo comida durante toda a viagem.  Consideravam essa forma de comportamento um sinal de virtude e uma indicação de quanta fé tinham em Deus.  Entretanto Deus disse à humanidade que ter provisões suficientes para a viagem era uma das precondições para fazer o Hajj.  Ele disse:


“Equipai-vos de provisões, mas sabei que a melhor provisão é a devoção.” (Alcorão 2:197)

Dessa forma, todas as práticas pré-islâmicas que eram baseadas em ignorância, foram abolidas, e o Hajj passou a ser, mais uma vez, um modelo de piedade, temor a Deus, pureza, simplicidade e austeridade.  Agora, quando os peregrinos alcançam a Caaba, não encontram mais as folias e a galhofa e frivolidade que antes ocupava as mentes dos peregrinos.  Agora, existe a lembrança de Deus em cada passo e ação, e cada sacrifício é devotado somente a Ele.  Esse tipo de Hajj era merecedor da recompensa do paraíso, como o Profeta disse:


“A recompensa por um Hajj aceito não é nada menos que o paraíso.” (Saheeh Al-Bukhari)

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