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Carla, uma ex-católica romana (parte 1 de 3)

1309 2014/10/06 2024/11/17

Quando alguém recentemente me perguntou como entrei no Islã, fui pega de surpresa.  Nunca havia pensado sobre a minha vinda para o Islã como sendo um momento crítico e decisivo.  Quando questionei o Catolicismo pela primeira vez? Quando quis ser muçulmana pela primeira vez? As respostas a essas e muitas outras perguntas exigem mais reflexão do que poderia ter imaginado.  Para realmente responder a essas perguntas tenho que começar bem do início para que entendam o ponto em que cheguei em minha vida e que me levou a finalmente a aceitar a verdade do Islã.  Tornei-me muçulmana com a idade de 67 anos e agradeço a Deus por ter me abençoado para que me tornasse uma crente no Islã. 


"A quem Deus quer iluminar, dilata-lhe o peito para o Islã; a quem quer desviar (por tal merecer), oprime-lhe o peito, como aquele que se eleva na atmosfera. Assim, Deus cobre de abominação aqueles que se negam a crer." (Alcorão 6: 125)


Cresci em um lar estritamente católico romano, a filha do meio de três filhas.  Meu pai trabalhava duro e por muitas horas todos os dias.  Saía cedo pela manhã todos os dias e voltava tarde da noite. Tudo isso para que minha mãe pudesse ficar em casa e cuidar de minhas irmãs e eu.  Em um dia muito triste e infeliz minha mãe nos contou que meu pai tinha sofrido um acidente de carro.  Morrei repentinamente e todo o nosso mundo virou de cabeça para baixo.  Com todas as mudanças que estavam acontecendo, minha mãe nos disse que teria que voltar a trabalhar.  Minha mãe, que já tinha sido enfermeira, foi então forçada a voltar a trabalhar para nos sustentar.  Conseguiu emprego em um hospital local, muitas vezes trabalhando em dois turnos.  Mas com essa nova responsabilidade minha mãe não era mais capaz de supervisionar nossa educação.  E embora ela tenha nos enviado para a escola católica, o emprego a impedia de ficar de olho em suas filhas.


Então, com muito tempo livre, me vi passando o tempo com meus amigos nas cafeterias locais.  Foi lá que encontrei um muçulmano muito gentil que mais tarde se tornou meu marido.  Minha mãe não sabia que eu passava tempo com esse homem.  De fato, quando contei a ela que estava apaixonada e queria me casar, ela me alertou que tínhamos históricos diferentes e que teríamos problemas.  Afirmou que se tivéssemos filhos no futuro, inquestionavelmente surgiriam problemas relacionados à religião.  Com vinte anos não podia imaginar que teríamos problemas em nosso casamento.  Estava muito apaixonada e feliz porque alguém tomaria conta de mim.  Meu marido não era um homem muito religioso na época e no fundo sentia que seria capaz de convertê-lo ao catolicismo.  Quanto a não termos a mesma origem étnica, me considerava mais mente aberta e estava excitada em abraçar uma nova cultura. 


Tudo pareceu transcorrer perfeitamente pelos vários anos seguintes.  Estávamos felizes e nem uma vez a cultura ou religião nos causou qualquer problema.  Deus nos abençoou com um belo filho e, então, vários anos depois, com uma bela filha.  Ainda assim, seguimos em frente com nossas vidas e até comecei a levar meus filhos para a igreja comigo.  Meu marido nunca me impediu de frequentar a missa semanal aos domingos.  Entretanto, depois de levar nossos filhos algumas vezes à igreja, ele disse que não queria que as crianças frequentassem a igreja.  Francamente fiquei zangada e aborrecida.  "Mas por que não?", objetei.  "Qualquer religião é melhor do que religião nenhuma", argumentei.  Não podia compreender o mal em levá-los para a igreja.  Até esse ponto nunca tínhamos sequer discutido religião.  De fato, nunca tinha nem questionado que poderia haver uma religião diferente do catolicismo.  Nasci católica e achava que o catolicismo era a religião certa.   Depois de incontáveis explicações, pareceu que desse dia em diante muitos problemas ficaram evidentes.  Discutíamos o tempo todo - sobre tudo e todos.  Pequenas coisas se tornavam um grande problema.  A religião se tornou um motivo de discussão entre nós.  As diferenças em nossas culturas passaram a ser algo a discutir.  Discutíamos sobre nossos sogros e, o que era mais triste, discutíamos sobre a educação familiar de nossos filhos.  Tudo que minha mãe havia alertado estava se tornando realidade. 


A única paz e harmonia que havia agora entre nós era a sabedoria, sinceridade, preocupação e amor que o pai de meu marido, meu sogro, tinha pelo nosso casamento.  Meu sogro amava o filho e os netos e, ainda assim, me amava de forma genuína como sua filha.  Era um muçulmano muito religioso e devoto e um homem muito sábio.  Naquela época, como eu não estava cercada pelo Islã, meu sogro foi a primeira apresentação que tive do Islã.  Fazia todas as orações, jejuava durante o mês de Ramadã e era muito generoso com os pobres.  Podia sentir a conexão dele com Deus.  Meu sogro era tão gentil com os necessitados que todos os dias depois de vir para casa da oração de dhur na mesquita, convidava qualquer pessoa necessitada para almoçar em sua casa.  Isso acontecia todos os dias.  Até sua morte com a idade de 95 anos, os parentes lembraram que ele mantinha esse hábito. 


Meu sogro não gostava das brigas entre eu e meu marido e nos aconselhou a encontrar uma solução antes que as crianças sofressem como resultado de nossas brigas.  Tentou desesperadamente nos ajudar a encontrar uma solução.  Alertou o filho para me dar espaço para praticar minha religião, mas as brigas já não eram mais sobre religião.  Sentia-me frustrada e queria dar um tempo.  Quando pedi ao meu marido uma separação, ele concordou que talvez fosse a melhor coisa para o nosso casamento.  Você conhece o ditado: "A ausência aumenta a paixão." Bem, não no nosso caso.  De fato, a ausência fez com que nos afastássemos.  Depois da separação, ambos queríamos uma separação permanente e concordamos com o divórcio.  Embora eu desesperadamente quisesse que meus filhos morassem comigo, ambos sentimos que seria melhor para as crianças serem criadas pelo pai.  Ele estava em posição muito melhor, financeiramente, para educá-las e dar a elas muitos confortos, algo que não estava preparada para dar.  Como sentia a falta deles todas as noites.  Voltei a morar com minha mãe e continuei a ver meus filhos todos os finais de semana.  Meu ex-marido deixava as crianças nas tardes de sexta-feira e as pegava nas manhãs de domingo.  Embora esse arranjo doesse, era melhor que nada.

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