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Richard Leiman, Ex-Judeu, EUA
Quando criança sempre tive acesso a um rádio de ondas curtas. Costumava ouvir o Serviço Mundial da BBC sobre o Oriente Médio. Também amava a música daquela parte do mundo e provavelmente estava ouvindo o Alcorão ser recitado, mas não sabia disso naquela época.
À medida que cresci, continuei a ouvir o Serviço Mundial da BBC. Na época tinham um programa chamado Palavras de Fé no qual um palestrante religioso diferente falava por cinco a oito minutos a cada dia da semana, representando todas as principais religiões do Reino Unido. De todos os palestrantes os muçulmanos eram aqueles que eu mais gostava de ouvir.
Toda vez que o representante dos muçulmanos falava, eu queria saber mais sobre o Islã. Minha impressão da religião era que a pessoa que pratica o Islã é feliz, não como as pessoas ruins retratadas pela mídia americana. Recusei-me a acreditar que pessoas que amavam tanto a Allah pudessem ser como as retratadas pela mídia. Como venho de um antecedente judaico, o que me unia ao Islã era a crença de que Allah não tem parceiros.
Trabalho no Reino Unido
Uma época importante na minha vida veio quando encontrei um muçulmano real, mas não sabia disso ainda. Trabalhava com programação de computadores no estado de Nova Iorque quando senti um grande ímpeto de visitar o Reino Unido.
Visitei Londres e amei. Durante minha visita fui a várias agências de emprego sem ter sorte. Uma das agências me deu várias revistas de negócios. Quando voltei aos Estados Unidos comecei a enviar mais CVs para as empresas e outras agências listadas nas revistas. Voltei ao Reino Unido porque uma das empresas queria me entrevistar. Então, comecei a visitar mais empresas e agências até que consegui uma posição, apesar de estar com um visto de turista.
A empresa que me contratou deu entrada em um visto de trabalho para mim e o Departamento de Pessoal me disse que eu tinha que deixar o país para a papelada ser processada. Mais uma vez, voltei aos Estados Unidos. Outra agência obteve um visto temporário de trabalho e me empregou para uma empresa chamada Logo Tech que, naquela época, ficava em Egham, Surrey.
Encontro com um Muçulmano Real pela Primeira Vez
Algum tempo depois de começar a trabalhar na Logo Tech, descobri que meu supervisor, Anis Karim, era muçulmano. Perguntei a ele se sabia como eu poderia conseguir uma cópia do Alcorão. Para minha surpresa, ele obteve uma cópia do Alcorão para mim em poucos dias. Também me pediu para prometer que tomaria um banho antes de ler o Alcorão[1] e que nunca o mostraria a alguém que pudesse fazer comentários blasfemos relacionados a ele.
No dia seguinte tomei meu banho matutino e fiz meu café da manhã. Enquanto tomava o café da manhã, comecei a ler. Depois descobri que “ler” foi o que Allah ordenou que o anjo Gabriel instruísse nosso profeta a fazer, apesar de ele não poder ler ou escrever!
Bem, palavras não podem descrever como me senti quando li apenas uma pequena parte do livro mais sagrado do mundo. Levou apenas 10 páginas quando, naquele ponto, disse a mim mesmo que essa religião era para mim. Foi por volta de 1990. Quanto mais lia, mais queria saber, e amava o que estava lendo.
Na época não sabia nada sobre como orar ou quaisquer detalhes do Islã. Se Anis tivesse me convidado para ir à mesquita em Londres, teria ido com ele. A única coisa que sabia sobre orar para Allah era a posição de prostração. Na época, sabia que os muçulmanos oravam várias vezes ao dia, e comecei a fazê-lo à noite antes de ir para a cama e de manhã quando acordava.
De Volta aos Estados Unidos
Quando o visto de trabalho expirou tive que retornar aos Estados Unidos e fiquei desempregado por vários anos. Visitei meu pai em Huntsville, Alabama, e criei uma aplicação de base de dados para ele. Vi que Huntsville era uma cidade high-tech cosmopolita e decidi tentar uma posição de programador. Meu pai me disse que se eu não conseguisse um emprego teria que voltar para minha mãe, em Nova Jérsei. Uma quinzena antes de voltar para Nova Jérsei consegui um emprego de programador em uma empresa em Huntsville.
Minha Primeira Ida a uma Mesquita
Minha irmã e eu estávamos planejando uma viagem a Indonésia porque tínhamos um amigo que fizemos pela internet. Minha irmã me perguntou se poderia ajudá-la a encontrar uma jóia islâmica para levar como presente. Na época não tinha idéia de que havia muçulmanos em Huntsville.
Então Allah ajeitou as coisas para mim. Lembrei de que havia uma loja chamada Crescente Importação, que pensei ser administrada por muçulmanos. Não era. Era administrada pelo grupo chamado Nação do Islã. Aqui é a parte estranha que somente Allah poderia ter arranjado. Falamos com o dono da loja e dissemos a ele que queríamos encontrar uma jóia islâmica Ele nos encaminhou para o Centro Islâmico de Huntsville.
Agradeço a Allah por eles terem me encaminhado para a mesquita. Fomos para o prédio, mas havia somente um carro estacionado lá. Falei com o homem no carro e ele nos disse que deveríamos falar com o imame sobre onde encontrar a jóia. Continuava com medo de entrar no prédio porque, para mim, era um lugar sagrado.
Lembrei de um dia quando vi uma senhora no trabalho usando um hijab. Disse a ela sobre aceitar o Islã pessoalmente e ela disse: “Por que não visita a mesquita em Huntsville?” Finalmente voltei para a mesquita depois de reunir coragem suficiente para entrar no lugar sagrado.
Falei com o imame e ele me convidou a fazer a oração com os irmãos muçulmanos. Esse foi um momento decisivo em minha vida. Amei e comecei a visitar a mesquita uma vez por semana à noite. Então comecei a visitá-la várias vezes por semana à noite. O ímpeto de vir mais vezes era mais forte e agora realizava a maioria de minhas orações na mesquita, exceto as orações de Asr e Magrebe, quando estava no trabalho.
Aceitei Oficialmente o Islã
Em novembro de 1996 fiz publicamente minha shahada. Oro Zhur e Asr sozinho ou com outros irmãos muçulmanos em uma pequena mesquita em meu local de trabalho. Carrego meu tapete de orações com orgulho nos corredores de meu trabalho, na tentativa de fazer as pessoas me perguntarem o que é. Quando me perguntam, digo-lhes que sou muçulmano e que uso o tapete para orar. Minha área de trabalho, inclusive meu computador, é decorada com ilustrações islâmicas. Meu plano de fundo em meu computador geralmente é a Caaba ou nossa mesquita.
Agora que sou um muçulmano, não há volta para a descrença!