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Aisha, ex-cristã, Austrália

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1599 2015/04/21 2024/11/10

Meu nome é Aisha, sou de Melbourne, Austrália e essa é minha história.

Sempre me considerei uma pessoa que gostava de questionar as coisas.  Quando menina sempre fiz perguntas como as crianças fazem e quando entrei na adolescência me interessei por filosofia e ciência.  Queria entender como as coisas funcionam e analisar o mundo em que vivemos.

Comecei a questionar a igreja católica e suas práticas com a idade de 15 anos.  Comecei a explorar outras crenças e depois de concluir o bacharelado de Ciências viajei para o Nepal e Índia, onde fui exposta a um lado da humanidade que nunca tive que enfrentar na Austrália: uma humanidade que vivia entre a natureza e longe do modo de vida materialista que temos no mundo moderno.

Essa experiência me modificou de uma forma que senti que somos todos um povo e somos todos iguais.  Senti esse senso de igualdade entre a humanidade, do homem sagrado na Índia às crianças órfãs no Nepal, o sentimento era o mesmo: somos todos iguais.  Foi quando comecei a sentir o Islã, mas não sabia o que era.  Era apenas um sentimento.

Quando retornei de minhas viagens decidi me inscrever em um curso de Trabalho Social.   Depois que me graduei comecei a trabalhar com comunidades diferentes.

Trabalhava com pessoas que estavam à margem da sociedade, sem voz para falar por si mesmas, que tinham doenças mentais, deficientes e jovens em risco de atividade criminal.

Senti ainda mais o Islã nesse trabalho e o sentia mais forte quanto mais dava às pessoas e as ajudava.  Sinto mais o Islã quando estou ajudando pessoas ou quando as pessoas estão me ajudando.

Então comecei a trabalhar com comunidades árabes em Melbourne e fiz amizade com muitos muçulmanos.  Entretanto, nunca falaram comigo sobre o Islã.  Trabalhei com a comunidade por 4 anos e decidi viajar para o Oriente Médio para aprender mais.

Passei seis meses viajando pelo Oriente Médio e foi lá que comecei a ler sobre o Islã.  Falei com muitas pessoas sobre o Islã enquanto estava viajando e foi muito difícil mudar de minha identidade como uma pessoa espiritual de direitos humanos para muçulmana.  Foi a coisa mais difícil.  Mas não conseguia me afastar! O Islã estava me atraindo e a atração do Islã era muito forte para ignorar.

Era muito forte e muito natural para mim, o que estive buscando por toda a minha vida.  A coisa que me atraiu para o Islã foi a igualdade entre a humanidade e não haver hierarquia.  Também amei não haver imagens e intermediários entre você e Deus.  É entre você e Ele.   

Voltei para casa de minha viagem ao Oriente Médio e não sabia se abraçaria o Islã ou não.  Mas em 11 de agosto de 2009 abracei o Islã e foi bonito.  Disse a Shahada e deitei em minha cama com um sorriso no rosto.

A conversão me fez capaz de me sentir perto de Deus.  Estou vendo o mundo agora de forma mais clara e tudo parece fazer sentido.  Sinto que posso compreender qualquer situação sem ser manipulada ou seduzida a ser manipulada.

Sinto-me como uma mulher forte que sabe qual é seu papel.  Sinto-me inteligente e orgulhosa de ser muçulmana.  Queria poder usar o hijab porque amo usá-lo, mas tenho muito medo de usá-lo em minha sociedade... talvez no futuro.

Nem tudo tem sido fácil.  Tenho sofrido de angústia e tristeza pela separação espiritual de minha família e amigos e sinto isolamento social especialmente em épocas especiais, como o Ramadã.  Isso foi muito duro para mim.  Meu primeiro Ramadã foi muito difícil, mas sinto que Deus tem me guiado.

Toda minha família reagiu de sua própria maneira.  Minha mãe estava preocupada em não ter me educado direito e que eu usaria o véu, o que a aborreceria.  Também estava aborrecida porque os homens podem ter quatro esposas.

Meu pai estava muito zangado e sentia a necessidade de se proteger e à sua fé e começou a falar também sobre a opressão das mulheres e terrorismo.

Minha irmã disse que se me fazia feliz, por ela estava tudo bem, mas que estava preocupada que eu pudesse me distanciar mais.

No momento tenho altos e baixos.  Cada dia é diferente.  Tem sido difícil porque agora me sinto como minoria.  Embora as irmãs muçulmanas que estou encontrando sejam todas calorosas e adoráveis, sinto que fui educada de maneira diferente e assim me sinto isolada e com medo, às vezes.

Mas sei em meu coração que Deus está comigo e toda vez que estou com medo lembro a mim mesma que Deus me guiou para o Islã e digo Alhamdulillah (Todos os louvores são para Allah).

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