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A Busca por Paz Interior (parte 2 de 4): Aceitar o Destino

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1518 2015/05/14 2024/12/11

Temos tantos problemas, tantos obstáculos que são como doenças.  Se tentarmos lidar com eles um a um nunca terminaremos.  Precisamos identificá-los, colocá-los em algum tipo de categoria geral e atacá-los como um grupo ao invés de tentar atacar cada obstáculo e problema individual.

Para fazer isso temos primeiro que remover os obstáculos que estão além de nosso controle.  Temos que ser capazes de distinguir quais obstáculos estão dentro de nosso controle e quais estão além de nosso controle.  Embora percebamos aqueles que estão além de nosso controle como obstáculos, na realidade eles não são.  São as coisas que Deus nos destinou em nossas vidas, não são realmente obstáculos, mas os interpretamos de forma errada como obstáculos.

Por exemplo, alguém que nasceu negro em um mundo que favorece os brancos em relação aos negros; ou nasceu pobre em um mundo que favorece os ricos em relação aos pobres, ou nasceu baixo, ou manco, ou com qualquer condição física que é considerada uma deficiência.

Todas são coisas que estão além de nosso controle.  Não escolhemos em que família nascer; não escolhemos em qual corpo nosso espírito será soprado, não é nossa escolha.  Então, se encontrarmos esses tipos de obstáculos apenas temos que ser pacientes e perceber que, de fato, não são realmente obstáculos.  Deus nos disse:

“... é possível que repudieis algo que seja um bem para vós e, quiçá, gosteis de algo que vos seja prejudicial. Deus sabe, mas tu não sabes.” (Alcorão 2:216)

Então podemos não gostar dos obstáculos que estão além do nosso controle e podemos até tentar mudá-los. De fato, algumas pessoas gastam muito dinheiro tentando mudá-los.  Michael Jackson é um exemplo clássico.  Nasceu negro em um mundo que favorece pessoas brancas e então gastou muito dinheiro tentando mudar-se, mas acabou fazendo misturando as coisas.

Paz interior só pode ser alcançada se os obstáculos que estão além de nosso controle forem aceitos por nós pacientemente como parte do destino de Deus.

Saiba que o que quer que aconteça que não tivemos ou não temos controle, então Deus colocou nisso algum bem, sejamos ou não capazes de captar esse bem; o bem continua lá.  Então aceitamos!

Havia um artigo em um jornal que tinha uma fotografia de um egípcio sorridente.  Ele tinha um sorriso no rosto de orelha a orelha, com suas mãos estendidas e ambos os polegares para cima; seu pai o beijava em uma bochecha e sua irmã na outra.

Abaixo da fotografia havia uma legenda.  Ele deveria estar no vôo da Gulf Air no dia anterior, de Cairo para Bahrain.  Ele havia corrido para o aeroporto para pegar o vôo e quando chegou lá faltava um carimbo em seu passaporte (no Cairo você tem que ter muitos carimbos em seus documentos. Uma pessoa carimba isso e assina aquilo, e aquela pessoa carimba aquilo e assina isso), mas lá estava ele no aeroporto com um carimbo faltando.  Como era professor em Bahrain e aquele vôo era o último de volta para Bahrain que permitiria que ele se apresentasse a tempo, perdê-lo significava perder seu emprego.  Então ele os importunou continuadamente para que o deixassem pegar o vôo.  Ficou furioso, começou a chorar e a gritar de forma frenética, mas não pôde entrar no avião.  Partiu sem ele.  Ele foi (para sua casa no Cairo) perturbado, pensando que estava acabado e sua carreira tinha terminado.  Sua família o confortou e disse a ele para não se preocupar.  No dia seguinte ele ouviu a notícia de que o avião que deveria ter pegado sofreu um acidente e todos a bordo morreram.  E lá estava ele, em êxtase porque não pegou o vôo, mas no dia anterior era como se fosse o fim de sua vida, uma tragédia ele não ter pegado o vôo.

Esses são sinais, e esses sinais podem ser encontrados na história de Moisés e Khidr (o que poderia ser melhor para recitar toda Jumah, ou seja, o Capítulo al-Kahf do Alcorão Sagrado).  Quando Khidr fez um buraco no barco das pessoas que foram gentis o bastante para levá-lo e a Moisés para atravessar o rio, Moisés perguntou por que ele (Khidr) fez aquilo.

Quando os donos do barco viram o buraco se perguntaram quem teria feito aquilo e consideraram que era uma coisa terrível para se fazer.  Um pouco mais tarde o rei desceu para o rio e pela força levou todos os barcos, exceto o que tinha um buraco.  Então os donos do barco louvaram a Deus por haver um buraco em seu barco.[1]

Existem outros obstáculos ou coisas que são percebidas como obstáculos em nossa vida.  São coisas nas quais não conseguimos entender o que há além delas.  Uma coisa acontece e não sabemos por que, não temos uma explicação para isso.  Para algumas pessoas isso as leva à descrença.  Se alguém ouvir um ateu, ele não tem paz interior e rejeitou Deus.  Por que aquela pessoa se torna um ateu?  É anormal descrer em Deus, enquanto que é normal para nós crer em Deus porque Deus nos criou com uma inclinação natural para crer Nele.

Deus diz:

“Volta o teu rosto (Muhammad) para a religião monoteísta. É a obra de Deus, sob cuja qualidade inata Deus criou a humanidade. A criação feita por Deus é imutável. Esta é a verdadeira religião; porém, a maioria dos humanos o ignora.” (Alcorão 30:30) [2]

O Profeta Muhammad, que a misericórdia e bênçãos de Deus estejam sobre ele, disse:

“Toda criança nasce com uma natureza pura (como um muçulmano, com uma inclinação natural para crer em Deus)...” (Saheeh Al-Bukhari, Saheeh Muslim)

Essa é a natureza dos seres humanos, mas uma pessoa que se torna atéia sem ter aprendido isso na infância, geralmente o faz por causa de uma tragédia.  Se uma tragédia acontece em suas vidas, elas não têm explicação.

Por exemplo, uma pessoa que se tornou atéia pode dizer que ele/ela tinha uma tia maravilhosa; uma pessoa muito boa e todos a amavam, mas um dia enquanto cruzava a estrada um carro veio do nada, a atingiu e ela morreu.  Por que isso aconteceu com ela, entre tantas pessoas?  Por que?  Nenhuma explicação!  Ou uma pessoa (que se tornou atéia) pode ter tido um filho que morreu e dizer ‘por que isso aconteceu com meu filho?’ Por quê?  Nenhuma explicação!  Como resultado dessas tragédias elas pensam que não pode haver um Deus.



Footnotes:

[1] O rei era um opressor e era conhecido por tomar todo barco bom pela força, mas as pessoas que eram proprietárias dos barcos eram pobres e eles eram seu único meio de benefício. Por isso Khidr queria que o barco parecesse defeituoso para que o rei não o tomasse e as pessoas pobres continuassem a usufruir dele.

[2] Esse versículo foi acrescentado à transcrição pelos transcritores.

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