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Lynette Wehner, ex-católica, EUA
Meu novo emprego em uma escola islâmica foi recebido com entusiasmo reservado da minha família cristã. "Apenas assegure-se de não se converter", disse meu sogro quando soube. Minha sogra ficou intrigada pela ideia de estar perto de algo "exótico". Lutei com o que queria trabalhar nessa escola. Embora fosse ter minha própria sala de aula (que queria desesperadamente), seria apenas part-time e era exigido que me vestisse da maneira islâmica (inclusive cobrir meu cabelo). Todo esse conceito era estranho para mim. Debati comigo mesma por um dia ou dois até que me decidi a aceitar minha primeira tarefa nessa escola. Estava aberta e determinada de que essa seria uma experiência de aprendizado para mim. E foi!
No primeiro dia, as novas professoras "não muçulmanas" receberam uma aula de "lenço" ministrada por uma irmã na sala dos professores. Ríamos enquanto tentávamos estilos diferentes. Ainda me lembro daquela manhã muito relaxada e foi durante esse evento que percebi que sempre achei que os muçulmanos eram austeros e sérios. É estranho como mantemos certos estereótipos das pessoas sem ao menos conhecê-las. Menos um equívoco!
Durante meu primeiro ano apendi muitas coisas. Fiquei extremamente impressionada em ver que meus alunos conheciam minha religião (Cristianismo) melhor que eu. Como conheciam as histórias? Meus alunos sempre me perguntavam sobre minhas crenças e me faziam pensar. No QUE eu realmente acreditava?
Fui educada como católica e, quando adulta, comecei a me desviar. Não sabia o que me deixava desconfortável, só que algo não estava certo. Aventurei-me um pouco em um tipo de Cristianismo nova era, mas aquilo não combinava comigo também. Apenas sabia que queria me conectar com Deus. Não queria que minha religião fosse algo que tinha que fazer para ser considerada uma "boa pessoa" aos olhos de meus parentes (como era o caso com meu marido). Queria senti-la em meu coração. Olhando para trás, estava perdida, mas não sabia na época.
Crianças são crianças e meus alunos muçulmanos não eram diferentes. Deixavam seus livros na sala de aula, ao invés de levá-los para casa. Isso foi uma bênção disfarçada, já que comecei a ler esses livros depois da aula. Muito do que continham fazia sentido. Para ajudar ainda mais, uma irmã e um irmão ficavam mais do que felizes em responder a todas as minhas perguntas e eu tinha muitas! Discutíamos o Islã e religião por horas. Era muito estimulante intelectualmente e fiquei excitada com isso. Sentia que tinha encontrado o que buscava. Havia uma paz que se espalhava lentamente em meu coração.
Por essa época comecei a ler o Alcorão em casa. Meu marido na época (desde então me divorciei dele) não gostava do meu interesse no Islã. Quando eu lia o Alcorão, fazia em particular e sem o conhecimento dele. A princípio sentia como se estivesse fazendo algo blasfemo. Lembro-me de ficar com muito medo de Deus ficar zangado comigo. Pensava comigo mesma como algum outro livro além da Bíblia podia vir de Deus? Tentei ouvir meu coração e ele me dizia para ler. Algumas das passagens do Alcorão parecia terem sido escritas justamente para mim. Muitas veze me peguei sentada e chorando. Sentia-me em paz, mas confusa. Havia algo me impedindo de aceitá-lo de todo o coração.
Depois de meses de leitura, conversas com pessoas e muita introspecção, aconteceu um evento que considero ser o fator determinante em me tornar muçulmana. Estava de pé no quarto do meu filho tentando orar. Tinha um livro sobre o Islã aberto na seção "como orar". Estava lá em conflito comigo mesma. Não estava acostumada a orar diretamente para Deus. Toda a minha vida me ensinaram a orar para Jesus, que então contaria a Deus minha súplica (ou algo do gênero). Estava muito amedrontada por estar fazendo algo errado. Não queria que Jesus ficasse zangado comigo. Naquele momento, fui como que atingida por um maremoto. Eu realmente achava que Deus ficaria zangado comigo por querer me aproximar Dele? Eu realmente acreditava que Jesus ficaria zangado comigo por tentar me aproximar de Deus? Não é isso que ele quer que eu faça? Deus sabe minha intenção. Até hoje acredito que era Deus falando comigo - de tão poderosos que eram o sentimento e a voz dentro de minha cabeça. O que tinha a temer? Como eu podia NÃO me converter ao Islã? Naquele momento comecei a chorar. Era o que precisava ouvir. Sabia na época que tinha que me converter ao Islã. Sentia que era o certo e nada mais importava.
Depois de fazer minha shahada na presença da escola inteira, era uma pessoa nova. Não tinha mais aquele sentimento "onde-pertenço-e-no-que-acredito". Foi embora. Sabia que tinha tomado a decisão certa.
Nunca estive tão próxima de Deus como desde que me tornei muçulmana. Alhamdullilah, tenho muita sorte.