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Eric Schrody, Ex-Católico, EUA (parte 1 de 2)

1517 2014/09/28 2024/11/17

O rap teve uma grande parcela de influência do Islã.  Com grupos como Public Enemy cantando rap sobre seu respeito pela Nação do Islã, a pessoas como Q-Tip de Tribe Called Quest abraçando o Islã tradicional, a religião parece ser um tema recorrente no gênero, causando impacto tanto na música quanto em vidas.  Um artista tocado mais recentemente pelo Islã é Eric Schrody, mais conhecido nos círculos musicais como Everlast.


Embora Everlast tenha começado sua carreira musical como artista de rap, ele recentemente demonstrou ter uma profundidade e diversidade muito maiores. Seu álbum atual, Whitey Ford Sings the Blues (atualmente na 49a. posição nas paradas musicais depois de estar na nona posição), exibe isso em seu tom de certa forma filosófico e reflexivo, mostrando relances da influência que o Islã tem tido em sua vida.


O que se segue é uma entrevista na qual Everlast discute sua jornada ao Islã e os desafios que enfrenta como um novo muçulmano.

AB: Fale sobre a primeira vez que aprendeu sobre o Islã.

E: Foi provavelmente por volta do final dos anos 80.  Eu andava com Divine Styler (um popular artista de rap de Los Angeles).  Ele estava basicamente no fim de seu período de 5% (se referindo à seita pseudo-islâmica "Nação de Deuses e Terras").  Estava começando a entrar no Islã.  Ele vivia com a família Bashir.  Abdullah Bashir era de certa forma seu professor, e passou a ser meu posteriormente.  Enquanto ele fazia a transição da 5% para o Islã, eu simplesmente estava por perto e ouvia coisas.

 


Estou tentando pensar sobre a primeira vez que reconheci como Islã.  Acho que foi quando um dos amigos de Divine fez a Shahada (a profissão islâmica de fé) e eu estava lá.  Ouvi-o dizer: “Testemunho que não há deus exceto Deus e que Muhammad é o servo e mensageiro.” Lembro-me de pensar: “O que é isso? Sou branco. Posso estar aqui?” Era muita ignorância, sabe?  Porque aqui na América o Islã é considerado uma “coisa de negros.” E foi quando alguém chamou minha atenção: “Você não tem idéia de quantos muçulmanos brancos existem no mundo.” Eu disse: “Sério?” e alguém confirmou.  Eu disse: “Isso é loucura. Eu não fazia idéia.”

 


AB: Você sente uma pressão extra por ser um muçulmano branco na América?

E: Eu não penso muito nisso.  Para mim, o Islã é meu.  Allah é o Deus de todos os mundos, de toda a humanidade e todos os Aalameen (mundos/universo).  O Islã é minha relação pessoal com Deus.  Então ninguém pode me pressionar mais do que eu já me pressiono.  Mas em relação à mesquita onde oro, nunca me senti mais em casa ou mais bem-vindo.  Não é só a minha.  Nas poucas mesquitas que frequentei em todo o país nunca me senti desconfortável.  Em Nova Iorque a mesquita é grande e tem tantas pessoas que ninguém nota você.  Havia chineses, coreanos, espanhóis, - tudo, o que foi bom para mim porque em minha mesquita sou o único branco, embora existam algumas mulheres brancas.


Eu pensava mais sobre isso nas primeiras vezes que fui para Jumma (a oração congregacional de sexta-feira. A primeira vez que fui para Jumma fui levado por um amigo meu em Nova Iorque. Foi no Brooklyn em Bed-Stuy (Bedford Stuyvestant). Estava nervoso sobre a vizinhança na qual ela ficava, não sobre a mesquita. Mas foi tudo muito fácil depois que já estava lá. Eu me dizia: “Isso é ótimo.” Não me senti diferente de ninguém na mesquita.


AB: Como sua família lida com sua mudança para o Islã?  Por que você cresceu como católico, certo?


E: Bem, você sabe, minha mãe é muito mente aberta, muito progressista.  Minha mãe mora comigo.  E fui criado toda a minha vida não com uma crença em Deus, mas com um conhecimento de que Ele existe.  Fui ensinado que se eu tivesse que saber qualquer coisa no mundo, deveria saber que existe um Deus.  E a minha mãe, mesmo sendo católica, foi a primeira pessoa a apontar a hipocrisia na igreja.  Minha mãe realmente não frequenta a igreja há muito tempo.  Mas com relação a mim, ela está feliz de eu ter Deus em minha vida.


Ela me vê fazendo as orações.  E Divine é uma das pessoas favoritas para ela no mundo.  Ela sabe o quanto nós somos diferentes desde que éramos crianças.  Quando eu e Divine começamos a andar juntos, éramos selvagens.  Vivíamos em festas, brigando, e fazendo o que tínhamos que fazer.  Pensávamos: “Isso é que é ser um homem. Vamos sair e ser durões.”


Mas ela viu o quanto isso mudou a mim e a ele; e quanta paz trouxe para mim desde comecei a realizar algo com isso.  Na verdade tive uma longa conversa com minha mãe no outro dia sobre religião.  Estávamos falando sobre vida e morte, o futuro e quando ela tiver que partir (morrer).  Isso não acontecerá por muito tempo, inshallah (se Deus quiser).  Mas pedi a ela para me fazer um favor.  Eu disse: “Mãe, quando morrer haverão alguns anjos que farão uma pergunta a você e quero que a responda; não tenho certeza de como é exatamente, porque não morri ainda. Lembre que existe apenas um Deus, e que nunca foi um homem.”


Ela disse: “Sei o que está tentando me dizer.” E eu disse: “Jesus não era Deus, mãe.”

Um pouco do que sei tem se manifestado em minha mãe.  Ela não é muçulmana, mas sabe que só existe um Deus.  E isso me faz muito feliz.  Conheço caras que se voltaram para o Islã e suas famílias os rejeitaram.

 

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