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William, ex-judeu, EUA

1319 2014/09/16 2024/04/18

Meu nome é William e moro em uma grande cidade do meio-oeste nos Estados Unidos.  Sou um americano típico de muitas formas que se refletem tanto na minha vida profissional quanto pessoal.  Profissionalmente sou supervisor de um grande departamento de polícia e estive no exército, tanto na ativa quanto na reserva pela maior parte de minha vida adulta.  Pessoalmente moro no subúrbio com minha esposa e filho, dirijo uma picape e ocasionalmente uso botas de caubói.  Pago minhas contas, trato bem meus vizinhos e antes da minha reversão/conversão ao Islã, seguia minha religião da maneira na qual foi instruído.  Como disse, minha vida era a de um americano típico, com minhas preocupações principais sendo pequenos detalhes da vida cotidiana com os quais todos se preocupam.  Nem imaginava que minhas crenças religiosas me tirariam da vida “típica” que levava e se tornariam um fator importante em minha vida, fornecendo uma sensação de paz e plenitude que pouco tempo antes não pensei ser possível.


Minha jornada ao Islã começou com minha associação e posterior amizade com um homem chamado Nasir.  Encontrei Nasir através do trabalho no final dos anos 1980 e fiquei impressionado com suas maneiras e a forma como me tratava.  Tinha encontrado pouquíssimos muçulmanos e ficava sempre um pouco desconfortável ao lado deles porque não tinha certeza se me aceitariam.  Além de ter a aparência de um caipira que carrega uma espingarda e dirige uma picape, também sou judeu, e a combinação parece incomodar as pessoas.  Nasir, entretanto, não se abalava e, como resultado, lentamente floresceu uma amizade.  Através de Nasir realmente formei minhas primeiras impressões sobre o Islã e seus adeptos.

Ao longo dos anos observei como Nasir lidava com diferentes situações e era constantemente impressionado com a sabedoria e paciência que exibia quando lidava com pessoas ou situações difíceis.  Sempre adotava o melhor caminho, mesmo em tempos em que eu, se estivesse na mesma situação, seria tentado a tratar as pessoas de forma diferente.  Se perguntava a ele por que fazia certas coisas, contava um pouco da sabedoria que guiava suas ações.  A maioria delas (percebi depois), era citações diretas ou indiretas do Alcorão, que me contava de uma forma proselitista, mas gentil, como se estivesse ensinando uma criança a maneira adequada de se conduzir no mundo.  De fato, antes de ler o Alcorão me maravilhava como uma pessoa podia ser tão sábia e ter tanto conhecimento! Não imaginava que aqueles princípios orientadores foram registrados onde eu ou qualquer outra pessoa podia lê-los.  Percebo agora como sou abençoado por ter sido exposto ao Islã e aos muçulmanos de forma positiva.


Por volta do inverno do ano 2000 comecei a ter um interesse sério no Islã.  Li o Alcorão, mas não consegui entendê-lo plenamente.  Apesar dessa dificuldade, continuei a ter um sentimento persistente de que devia continuar e, assim, estudei outros livros sobre o Islã.  Aprendi muito, mas de uma forma acadêmica e não espiritual.  Mais uma vez tentei ler e compreender o Alcorão e novamente tive dificuldades.  Finalmente resolvi pedir ajuda a Nasir e então aconteceu o incidente de 11 de setembro.  Repentinamente tinha muitas novas preocupações e deixei minhas perguntas em suspenso.  Durante esse período tive muita exposição ao Islã, mas pouquíssimo de maneira positiva.  Como supervisor de polícia constantemente recebia alertas sobre ameaças islâmicas detectadas e, como um oficial na reserva, estava cercado de pessoas que identificavam o Islã como uma ameaça direta e os muçulmanos como possíveis inimigos.  Assim, para minha vergonha, continuei esperando e restringi meus estudos sobre o mundo islâmico àquelas áreas que influenciavam diretamente minha vida profissional.


Então, no verão de 2004, aquele sentimento persistente repentinamente se intensificou e finalmente pedi orientação a Nasir.  Ele me contou sobre os princípios da fé e sobre a natureza do Alcorão.  E o mais importante, me contou como o Islã era crucial para sua vida e o quanto acreditava nele, não apenas como a palavra de Deus, mas como a maneira que o homem devia viver.  Ele e seu irmão Riyadh me forneceram alguns livretos sobre o Islã com respostas a muitas das perguntas que eu tinha.  Com esse conhecimento em mãos me aproximei novamente do Alcorão e de repente o achei não apenas compreensível, mas que fazia sentido! Só posso pensar que não estava “pronto” mentalmente antes ou que, simplesmente, precisava de dados extras para entender e processar adequadamente a informação.  Qualquer que seja o motivo, li e reli tudo que recebi e então verifiquei duas vezes os fatos que me tinham sido apresentados.  Quanto mais lia, mais maravilhado ficava.


Constatei que seria impossível para Mohammed, que a misericórdia e bênçãos de Deus estejam sobre ele, ter conhecimento da informação que estava no Alcorão se não fosse um profeta.  Não apenas teria sido impossível para um homem com seu histórico e localização geográfica ter sabido muitas dessas coisas, mas também teria sido impossível para qualquer um de sua época-período tê-las sabido.  Verifiquei duas vezes as datas das “descobertas” modernas que foram abordadas no Alcorão e fiquei atônito com o que encontrei.  O Alcorão além de conter informação séculos a frente de seu tempo, a passava com detalhes, muitos dos quais não tinham sido conhecidos até este século.  Convenci-me de que Mohammed era de fato um profeta, que tinha sido inspirado por Allah através de Seu anjo.  Apesar disso, ainda enfrentava um dilema.  Embora agora acreditasse que Mohammed era um profeta, ainda estava confuso sobre o que fazer.  Tudo que sempre tinha acreditado foi repentinamente virado de cabeça para baixo, estava perdido e precisando de uma explicação.


Aquela noite orei, pedindo orientação e entendimento.  Só acreditava em um Deus, mas queria saber a maneira na qual devia manter aquela crença.  A oração foi simples, mas de coração, e fui dormir cheio de esperança de que receberia um entendimento da situação.  Quando acordei, o fiz com o sentimento de que tinha experimentado uma epifania.  De repente tudo estava claro e compreendi como todas as coisas que tinha praticado antes eram simplesmente observâncias idealizadas pelo homem, em uma tentativa de seguir princípios religiosos que tinham sido mudados ao longo do milênio.  Não recebi informação ou crenças novas, mas ao invés disso, fui capaz de entender o que já tinha aprendido.  Senti-me exultante, feliz e em paz, e aquela manhã disse a shahada.


Contei a Nasir e ele me levou a uma mesquita próxima para a oração de sexta-feira.  Na mesquita fui levado à frente por Nasir e contei à congregação reunida por que tinha chegado lá.  Então Nasir e o imame me ajudaram a repetir a profissão de fé em árabe.  Embora estivesse um pouco nervoso, a alegria que senti ao fazer isso superava em muito quaisquer outros sentimentos que tivesse.  Depois disso recebi as boas vindas da maioria dos membros de uma forma tão calorosa que mal posso descrever.  A maioria da congregação apertou minha mão e me deu as boas vindas ao Islã e muitos deles se ofereceram para ajudar ou responder quaisquer perguntas que eu pudesse ter.  Foi uma experiência maravilhosa que nunca esquecerei.


Em suma, quero dizer que o sentimento de paz que tomou conta de mim continua comigo e, embora ainda esteja muito no início de meu aprendizado, estou feliz e confiante de que tomei a decisão certa.  Continuo um americano típico com aparência de caipira que dirige uma picape.  Só que agora sou um americano muçulmano e com a orientação e assistência contínua de pessoas como Nasir e Riyadh, espero um dia ser um bom exemplo para outras pessoas como eles têm sido para mim.


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