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Marcela, ex-mórmon, El Salvador

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1668 2015/06/10 2024/11/17

Minha história começa em El Salvador.  Nasci em San Salvador, El Salvador, e com a idade de 12 anos (19 anos atrás), migrei para a Austrália com minha mãe, meu irmão e minha irmã.


Do momento que chegamos à Austrália, lembro-me de visitar igrejas cristãs diferentes de denominações diferentes, como costumávamos fazer em El Salvador.  Infelizmente, nenhuma era sólida o suficiente para que permanecêssemos.  Fui originalmente batizada na igreja católica e quando adolescente achei que ser católica era muito confortável.  Comecei a buscar mais orientação para seguir os mandamentos de Deus.


Com a idade de 15 anos, minha família e eu começamos a frequentar a "Igreja de Jesus Cristo dos Últimos Dias", comumente conhecida como os "mórmons". Minha tinha era membro há muito tempo e achamos que fazia muito mais sentido que muitos outros ensinamentos cristãos que tínhamos ouvido.  A única coisa é que junto com as coisas boas vinham muitas que não pareciam ter nenhuma explicação lógica, como o fato de que existem profetas inspirados com revelações dentro da igreja.  Então, pensei que com fé um dia as compreenderia e fariam sentido.  Poucos meses depois fui batizada.  Poucos anos se passaram e realmente gostava da igreja, mas mais uma vez estava confusa com o fato de não parecerem achar que havia algo errado com jovens desfrutando da vida noturna desde que não bebessem, fumassem e fizessem más escolhas. 


Como adolescente, pode me dizer como é possível desfrutar de tudo isso e ainda assim se manter longe de tentação? Ficar longe de tanta tentação era difícil e, assim, fiquei "inativa", como eles dizem, por um tempo.


Com a idade de 19 anos encontrei um rapaz que agora é meu marido.  Ele é muçulmano.  Ele não era um muçulmano praticante na época, mas o que gostei nele foi o fato de que tinha princípios e amava a Deus profundamente.  Conversamos sobre casamento e concluí que queríamos estar juntos.  Na época, sendo uma cristã inativa e ele um muçulmano, chegamos a um acordo mútuo de casarmos somente no cartório para evitar qualquer preferência de nossas respectivas crenças religiosas.


À medida que os anos passaram, pensei sobre voltar para a igreja - qualquer igreja, já que meu amor por Jesus continuava e sentia a necessidade de estar perto de Deus.  Mas o pensamento logo desaparecia quando pensava sobre uma das principais razões que fizeram com que eu parasse de ir à igreja em primeiro lugar.  Havia muita briga, difamação e criticismo.  Isso sempre acontecia nas muitas igrejas que frequentei e achava que fazia as pessoas esquecerem o propósito real de estarem lá.  Ir à igreja parecia mais um evento social de domingo do que adoração a Deus.


Posso dizer honestamente que, naquela época, o Islã não me interessava e, acreditem, tornar-me muçulmana nunca tinha sido uma opção em minha "lista de preferências" sobre as maneiras de me aproximar de Deus.  Não havia nenhum interesse, até recentemente.


Poucos meses atrás tive um sonho que realmente me balançou.  Fiquei muito assustada e acordei orando a Deus por orientação.

Duas semanas depois tive outro sonho muito semelhante ao primeiro e acordei dizendo em espanhol "¡En el nombre de Dios todo poderoso y todo piadoso!" (em nome de Deus o todo-poderoso e misericordioso).


Orei e pedi orientação a Deus, para me ajudar a me aproximar Dele, a fazer Sua vontade e mostrar como ou o que precisava fazer para ficar próxima Dele.  Pedia continuamente a Ele que se quisesse que eu fosse à igreja para adorá-Lo, que por favor me guiasse para a igreja correta.  Mas mais importante, pedia a Ele que deixasse claro para mim compreender como e de que maneira Ele queria que me aproximasse Dele.  Também pedia a Ele que deixasse tão claro que meu coração não pudesse negar Sua vontade. 


Dentro de uma semana tive um terceiro sonho.  Estava em um carro indo na direção de uma montanha muito alta.  Não consigo dizer se era a motorista ou passageira.  Mas quando o carro quase chegou ao topo da montanha, tive uma sensação de que algo ruim aconteceria.  Olhei para fora da janela do carro e notei que tinha chegado ao ponto mais alto da montanha e podia ver um lago azul lá no fundo.  Era tão pequeno que mal podia ver a água azul nele.  Naquele segundo o carro perdeu o controle.  Tentei muito recuperar o controle do volante, mas foi impossível.  Lembro-me de pensar como a morte tinha cruzado meu caminho, não havia chance ou esperança de sobrevivência e que logo, quando meu carro caísse no abismo, morreria. 


Fiquei com muito medo e frustrada por não haver chance de salvação.  Estava de frente para a morte. 


Comecei a me sentir extremamente estressada com o medo porque o carro estava caindo na direção do lago.  Enquanto o carro caía ouvi uma voz alta ecoando pelas montanhas.  Era tão alta que fazia as montanhas tremerem.  A voz era alta, mas bonita.  Era tão bonita que me deu paz interior e me fez perder o medo de morrer, mas o mais importante foi que o que me deu essa paz foram as palavras sendo ditas.


Então ouvi a voz pela segunda vez.  Dessa vez prosseguiu um por um período mais longo.  Uma luz brilhante laranja e amarela apareceu entre as montanhas - era o nascer do sol.  Como o carro estava prestes a atingir o solo, uma estrada apareceu do nada.  Era a estrada para minha salvação.  Mas o que realmente tinha me salvado foram as palavras ditas pela voz através das montanhas e as palavras eram


"Allah Akbar." A chamada para a oração, o Adhan, chamado pelo muezim na mesquita. 

Acordei instantaneamente e foi tão emocional que não pude parar de chorar.  Acho que chorei seriamente por umas duas horas, mas foi o sentimento mais bonito de todos.  Não consegui nem conversar e meu marido ficava perguntando o que estava errado.  Contei a ele o meu sonho.  E então disse a ele que queria ler o ALCORÃO.  Senti que era uma mensagem de Deus querendo que eu buscasse conhecimento. 


Na manhã seguinte comecei a analisar o Islã.  É tão engraçado que pelos últimos 13 anos tenha estado cercada por tantos muçulmanos e nunca estive ciente da verdadeira beleza do Islã.  Lembro-me de meu cunhado, um muçulmano praticante, explicando a divindade de Deus, a importância de adorar somente Deus e que nenhum outro ser deve ser adorado junto com Ele ou ao invés Dele, mas meu coração estava completamente selado.  Nunca me interessei em saber qualquer coisa a respeito.  De fato ficava ofendida e às vezes queria dizer a ele o quanto estava desorientado.  Estava convencida de que não era a religião certa – definitivamente não a religião para mim. 

Quando estava buscando conhecimento, investiguei tanto que aprendi bastante.  Até comecei a trocar e-mails com pessoas com conhecimento do outro lado do mundo.  Descobri como o Islã não é só para pessoas do Oriente Médio ou árabes, como a maioria das pessoas pensa.  O Islã é para todos, independente de sua raça, nacionalidade ou origem étnica.  É para aqueles que verdadeiramente amam os ensinamentos de Jesus (que a paz esteja sobre ele) como eu.  É para aqueles que amam todos os servos, mensageiros e profetas de Deus e, mais importante, para aqueles que reconhecem a importância dos benefícios que se seguem quando adoramos verdadeiramente apenas a Deus. 


Alhamdulillah (todos os louvores são para Deus) fiquei tão fascinada com o tesouro que tinha acabado de descobrir, a bela verdade, a evidência e os benefícios dos ensinamentos do Islã.  Li a história do Cristianismo e estudei alguns versos da Bíblia.  Li não só o lado islâmico, mas a história real de todas essas crenças que tinham me cegado tanto por tantos anos. 

Quem poderia imaginar que ouvir o chamado para a oração não só me salvaria em meu sonho, mas que também era a verdade e salvação pelas quais tinha estado pedindo na realidade? Deus havia respondido minhas orações.

Coloquei meus sentimentos espirituais de lado e analisei a evidência que tinha diante de mim e minha conclusão foi essa: 


"Ashhadu Alla Ilaha Illa Allah Wa Ashhadu Anna Muhammad un rasulullah"

"Testemunho que não existe nenhum verdadeiro deus exceto Allah e que ninguém tem o direito de ser adorado, exceto Deus (e que Deus não tem nem parceiro e nem filho) e testemunho que Muhammad, que as bênçãos e misericórdia de Deus estejam sobre ele, era um verdadeiro profeta (e mensageiro) enviado por Deus".


Agora em 2010, depois de 13 anos sendo casada com meu marido, me reverti ao Islã.  Meu marido ainda está chocado que eu tenha me revertido ao Islã e a família dele e, claro, a minha, também.  Mas quando você sabe que tudo que está fazendo é em nome de Deus e ninguém mais, está tudo certo.

Alguns de minhas amigas mais próximas me deram muito apoio porque sabem que o Islã tem me dado paz interior e humildade.  Outras acham que me tornei uma extremista porque oro 5 vezes ao dia e mudei meu código de vestimenta completamente, Alhamdulillah.  (Louvado seja Deus)


Quando comecei a orar, lembro-me de achar muito estranho a princípio, mas parecia tão certo ao mesmo tempo.  O Islã não é apenas uma religião, mas um modo de vida.


Alhamdulillah, usando o hijab agora me sinto tão livre e respeitada.  As pessoas que não me conhecem automaticamente têm a impressão que sou do Oriente Médio e quando descobrem que sou latino-americana ficam chocados, já que uma muçulmana latina é estranho aqui na Austrália.  Ainda não encontrei uma.  Perguntam por que a mudança drástica, mas Alhamdulillah, é uma coisa boa porque me dá a chance de fazer uma pequena explanação sobre a beleza e maravilhas do Islã.  Usar o hijab me dá uma sensação de orgulho porque sinto que tenho contribuído para os bons valores que muitos de nós esquecemos.  O hijab não é uma responsabilidade, é um direito concedido a mim por meu Criador, que nos conhece melhor.  Definitivamente sinto que estou contribuindo para a sociedade de hoje para que as mulheres não sejam oprimidas tendo que se vestir ou comportar de determinada maneira para serem aceitas.  Não posso dizer o quanto estou feliz, Alhamdulillah, que Allah tenha me guiado para Seu caminho e sei que planejamos coisas, mas Allah é o melhor planejador.  Assim como a ayah (versículo) do Alcorão diz:


"Ele é Quem dá a vida e a morte e , quando decide algo, diz somente: Seja!, e é." (Alcorão 40:68)

Em questão de semanas, soube que era o caminho certo.  Meu coração sentiu o oposto completo da rejeição que tinha pelo Islã.  Reverter ao Islã me ajuda a lutar para estar do Seu lado na outra vida - minha vida nessa terra não é para sempre.  Portanto, tenho que me empenhar para ser uma boa serva de Deus para estar no Paraíso um dia.  A felicidade que tenho aqui não é eterna, mas se retornar para o lado de meu Criador terei felicidade eterna. 

Peça somente a Deus orientação com submissão total e busque conhecimento, porque será recompensado por nosso Criador.


Meu nome é Marcela, nasci em El Salvador e estou muito orgulhosa de ser muçulmana.  Sou verdadeiramente grata a Allah por me guiar para me reverter ao Islã.  Aqueles que Allah orienta não podem nunca ser desorientados.  Insh’Allah (se Deus quiser) minha história será um encorajamento para trazer mais latinos para a verdadeira beleza do Islã.

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