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A Busca por Paz Interior (parte 3 de 4): Paciência e Objetivos na Vida

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1734 2013/12/18 2024/10/07

Voltando à história de Moisés e Khidr, depois de cruzarem o rio encontraram uma criança, e Khidr intencionalmente a matou.  Moisés perguntou a Khidr como ele podia ter feito tal coisa.  A criança era inocente e Khidr simplesmente a matou!  Khidr disse a Moisés que a criança tinha pais virtuosos e se a criança tivesse crescido (Deus sabia disso) teria se tornado um terror para seus pais a ponto de levá-los à descrença, e então Deus ordenou a morte da criança.


É claro que os parentes sofreram quando encontraram seu filho morto.  Entretanto, Deus substituiu seu filho por outro que era virtuoso e melhor para eles.  Essa criança os honrou e foi boa para eles, mas os pais terão um vazio em seus corações devido à perda de seu primeiro filho até o Dia do Juízo, quando se apresentarão perante Deus e Ele lhes revelará a razão pela qual Ele tirou a alma de seu primeiro filho. Então entenderão e louvarão a Deus.


E assim é a natureza de nossas vidas.  Existem coisas, coisas que são aparentemente negativas, coisas que acontecem em nossas vidas que parecem ser obstáculos à paz interior porque não as compreendemos ou porque aconteceram conosco, mas temos que colocá-las de lado.


Elas vêm de Deus e temos que acreditar que no final existe um bem por trás delas, independentemente de podermos vê-lo ou não.  Então prosseguimos para as coisas que podemos mudar.  Primeiro as identificamos, então prosseguimos para o segundo maior passo que é remover os obstáculos desenvolvendo soluções para eles.  Para remover os obstáculos devemos focar principalmente em nos modificarmos e isso é porque Deus diz:


“Deus jamais mudará as condições que concedeu a um povo, a menos que este mude o que tem em seu íntimo.”  (Alcorão 13:11)


Essa é uma área sobre a qual temos controle.  Podemos até desenvolver a paciência, embora a idéia comum seja a de que algumas pessoas já nascem pacientes. 


Um homem veio até o Profeta, que Deus eleve seu nome, e perguntou do que precisava para alcançar o Paraíso e o Profeta lhe disse: “Não se zangue.” (Saheeh Al-Bukhari)

O homem era um indivíduo que se zangava facilmente e por isso o Profeta disse ao homem que ele precisava mudar sua natureza.  Então, modificar-se é algo atingível. 


O Profeta também disse: “Quem quer que finja ser paciente (com um desejo de ser paciente) Deus lhe dará paciência.”  


Isso está registrado em Saheeh Al-Bukhari.  Isso significa que embora algumas pessoas nasçam pacientes, o resto de nós pode aprender a ser paciente.


É interessante que na psiquiatria e psicologia ocidental costumem nos dizer para extravasarmos, não guardarmos nada porque se o fizermos explodiremos.


Depois descobriram que quando as pessoas extravasavam pequenos vasos sanguíneos se rompiam no cérebro porque elas estavam muito zangadas.  Agora viram que é de fato perigoso e potencialmente prejudicial extravasar tudo.  Agora dizem que é melhor se controlar.


O Profeta nos disse para tentarmos ser pacientes. Então, externamente devemos passar a imagem de sermos pacientes mesmo quando internamente estamos fervendo.  Não tentamos ser pacientes externamente para enganar as pessoas; ao contrário, o fazemos para desenvolver paciência.  Se formos consistentes nisso então a imagem externa de paciência também se torna interna e como resultado a paciência completa é alcançada, e ela é atingível, como mencionado no Hadith citado acima.


Entre os métodos existentes está observar como os elementos materiais em nossas vidas desempenham um papel importante em relação à paciência e como a alcançamos.


O Profeta nos deu conselho sobre como lidar com esses elementos ao dizer:


“Não olhe para aqueles que estão acima ou são mais afortunados mas, ao contrário, olhe para aqueles que estão abaixo ou são menos afortunados...”


Isso é porque independentemente de nossa situação, existem sempre aqueles que estão piores que nós.  Essa deve ser nossa estratégia geral com relação à vida material.  Hoje em dia a vida material é uma parte importante de nossa vida, parecemos obcecados com isso; ganhar tudo que pudermos nesse mundo parece ser o ponto principal no qual a maioria de nós foca as energias.  Então, se alguém deve fazer isso que faça sem afetar sua paz interior.


Ao lidar com o mundo material não devemos manter o foco naqueles que estão melhores que nós ou nunca nos satisfaremos com o que temos.  O Profeta disse:


“Se der ao filho de Adão um vale de ouro, ele vai querer outro.” (Saheeh Muslim)

O dito é que a grama do vizinho é sempre mais verde; e quanto mais uma pessoa tem, mais ela quer.  Não podemos nos satisfazer no mundo material se o estivermos perseguindo dessa forma; ao contrário, devemos olhar para os menos afortunados e dessa forma lembraremos as dádivas, benefícios e misericórdia que Deus nos concedeu com relação à nossa própria fortuna, não importando o quão pequena ela possa parecer.


Existe outro dito do Profeta Muhammad que nos ajuda no campo do mundo material a colocar nossos assuntos na perspectiva correta e é um exemplo profético do princípio de “as primeiras coisas primeiro” de Stephen Covey[1].  O Profeta afirmou esse princípio há mais de 1.400 anos e o estabeleceu para os crentes ao dizer:


“Quem fizer desse mundo seu objetivo Deus confundirá seus assuntos e colocará a pobreza diante de seus olhos, e ele não será capaz de alcançar nada nesse mundo exceto o que Deus já tiver escrito para ele...”  (Ibn Maajah, Ibn Hibbaan)


Assim os assuntos da pessoa não se organizarão. Ela irá a todas as direções, como uma galinha com a cabeça cortada, andando a esmo; se fizer desse mundo seu objetivo.  Deus colocará a pobreza diante de seus olhos e independentemente de quanto dinheiro tiver, se sentirá pobre.  Toda vez que alguém for gentil ou sorrir, pensará que estão fazendo isso porque querem seu dinheiro, não confiará em ninguém e não será feliz.


Quando a bolsa de valores quebra se lê que alguns investidores cometeram suicídio.  Uma pessoa pode ter tido 8 milhões e perdido 5 milhões, ficando com 3 milhões depois da quebra da bolsa, mas perder aqueles 5 milhões parece o fim.  Não vê sentido em viver depois disso, porque Deus colocou a pobreza diante de seus olhos.



Footnotes:

[1] Stephen Covey é uma autoridade em liderança respeitada internacionalmente e fundador do Covey Leadership Centre (Centro de Liderança Covey). Recebeu seu M.B.A

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