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Craig Robertson, Ex-Católico, Canadá (parte 2 de 2): Aprendendo a Aceitar

1716 2013/12/23 2024/03/29

Lembro-me até hoje de meu primeiro encontro com um muçulmano.  Um dos rapazes trouxe seu amigo para a casa da juventude.  Era um garoto muçulmano cujo nome eu esqueci.  O que me lembro é do garoto dizendo “trouxe meu amigo ‘fulano’, ele é muçulmano e quero ajudá-lo se tornar cristão”.  Estava absolutamente assombrado com este garoto de 14 anos, ele era calmo e amigável!  Acreditem ou não, ele se defendeu E ao Islã contra uma dúzia de cristãos que lançavam abusos contra ele e o Islã!  Enquanto manuseávamos nossas Bíblias em vão e ficávamos cada vez mais zangados, ele simplesmente sentava lá, sorrindo de forma quieta e nos dizendo sobre adorar outros além de Deus e como, sim, há amor no Islã.  Era como uma gazela cercada por uma dúzia de hienas, e ainda assim, o tempo todo, se manteve calmo, amigável e respeitoso.  Isso confundiu minha mente!


O garoto muçulmano deixou uma cópia do Alcorão na prateleira, a esqueceu ou a deixou de propósito, não sei, mas comecei a lê-la.  Logo fiquei enfurecido com esse livro quando vi que fazia mais sentido do que a Bíblia.  O joguei no sofá e andei sobre ele, fervendo de raiva, e ainda assim, depois de lê-lo, tinha uma pequena dúvida no meu âmago.  Fiz o que pude para esquecer sobre o garoto muçulmano e simplesmente passar meu tempo com meus amigos na casa da juventude.  O grupo de jovens costumava ir a várias igrejas nos finais de semana para eventos de oração e as noites de sábado eram passadas em grandes igrejas ao invés de no bar.  Lembro-me de estar em um evento chamado ‘A Fonte’ e de sentir-me tão próximo de Deus que queria me humilhar e mostrar ao meu Criador meu amor por Ele.  Fiz o que me pareceu natural e me prostrei.  Prostrei-me como os muçulmanos fazem em suas orações diárias, embora não soubesse o que estava fazendo. Tudo que sabia é que me sentia realmente bem...parecia o certo, mais do que qualquer outra coisa que já tinha feito.  Senti-me muito religioso e espiritual e continuei em meu caminho mas, como de costume, comecei a sentir as coisas saindo de controle.


O Pastor sempre nos ensinou que devíamos submeter nossa vontade a de Deus e eu não queria nada além disso; mas não sabia como!  Sempre supliquei “Por favor, Deus, faça da Sua Vontade a minha, faça-me seguir Sua Vontade” e assim por diante, mas nada acontecia.   Sentia que lentamente me afastava da igreja na medida em que minha fé declinava.  Foi nessa época que meu melhor amigo, o cristão que tinha me ajudado a vir para Cristo, junto com outro amigo meu muito chegado, estupraram a namorada com quem eu estava há dois anos.  Eu estava no outro quarto bêbado demais para saber o que estava acontecendo e incapaz de impedir qualquer coisa.  Algumas semanas depois foi revelado que o homem que dirigia a cada da juventude tinha molestado um dos garotos com quem eu tinha amizade.


Meu mundo estava despedaçado!  Tinha sido traído por tantos dos meus amigos, pessoas que supostamente eram próximas de Deus e trabalhavam pelo Paraíso.  Não tinha nada para dar, estava vazio de novo.  Andei em círculos como antes, cego e sem direção, apenas trabalhando, dormindo e indo a festas.  Minha namorada e eu terminamos em seguida.  Minha culpa, ódio e tristeza envolveram todo o meu ser.  Como o Criador podia permitir que tal coisa acontecesse comigo?  Quão egoísta era eu!


Um pouco depois meu gerente no trabalho me disse que um “muçulmano” viria trabalhar conosco, que era realmente religioso e devíamos tentar ser decentes quando estivéssemos à sua volta.  No minuto em que esse “muçulmano” chegou, ele começou a fazer dawah.  Não perdeu tempo nos dizendo tudo sobre o Islã e todos disseram a ele que não queriam ouvir nada sobre o Islã, exceto eu!  Minha alma chorava e minha teimosia não podia silenciar os lamentos.  Começamos a trabalhar juntos e a discutir nossas respectivas crenças.  Eu tinha desistido completamente do Cristianismo, mas quando me faziam perguntas minha fé ressurgia e me sentia um ‘cruzado’ defendendo a Fé do “muçulmano” mau.


O que importava é que esse “muçulmano” em particular não era mau como haviam me dito.  De fato, era melhor do que eu.  Não xingava, nunca se zangava e era sempre calmo, gentil e respeitoso.  Estava verdadeiramente impressionado e decidi que ele daria um excelente cristão.  Continuamos fazendo perguntas sobre nossas religiões, mas depois de um tempo me senti cada vez mais na defensiva.  Em um determinado ponto, fiquei muito zangado...aqui estava eu tentando convencê-lo da verdade do Cristianismo, e sentia que ele estava com a verdade!  Comecei a me sentir cada vez mais confuso, e não sabia o que fazer.   Tudo que sabia foi que tinha que aumentar minha fé, então entrei no carro e corri para ‘A Fonte’.  Estava convencido que se pudesse orar lá novamente, teria de volta aquele sentimento e a fé fortalecida, e então poderia converter o muçulmano.  Cheguei lá, depois de correr ao longo de todo o caminho, e a encontrei fechada!  Não havia ninguém a vista e procurei freneticamente por outro evento semelhante para que pudesse me ‘recarregar’, mas não encontrei nada.  Desanimado, voltei para casa.


Comecei a perceber que estava sendo empurrado em uma determinada direção e então supliquei ao meu Criador para submeter minha vontade à Dele.  Senti que minha súplica estava sendo atendida; fui para casa, deitei na cama e naquele momento percebi que precisava orar como nunca antes.  Sentei na cama e clamei, ‘Jesus, Deus, Buda, quem quer que Você seja, por favor, por favor, me oriente, preciso de Você!  Já fiz muito mal em minha vida e preciso de Sua ajuda.  Se o Cristianismo for o caminho correto então me fortaleça e se for o Islã, então traga-o para mim!’  Parei de orar e as lágrimas secaram e no fundo de minha alma me senti calmo. Sabia qual era a resposta.  Fui para o trabalho no dia seguinte e disse ao irmão muçulmano “como eu digo ‘olá’ a você?”  Ele perguntou o que eu queria dizer e eu disse, “Eu queria me tornar muçulmano”.  Ele me olhou e disse “Allahu Akbar!”  Nos abraçamos por um bom minuto, mais ou menos, agradeci a ele por tudo e comecei minha jornada no Islã.


Quando olho para todos os eventos que aconteceram em minha vida, percebo que tudo estava sendo preparado para que eu me tornasse um muçulmano.  Deus teve muita misericórdia comigo.  Em tudo que aconteceu em minha vida, havia algo a aprender.  Aprendi a beleza da proibição islâmica aos intoxicantes, a proibição do sexo ilícito, e a necessidade do Hijab.  Finalmente estou em uma trilha equilibrada, não estou mais seguindo em uma única direção; vivo uma vida moderada e faço o melhor para ser um muçulmano decente.


Sempre existem desafios como estou certo que muitos de vocês tiveram.  Mas através desses desafios, através dessas dores emocionais, ficamos mais fortes; aprendemos e, espero, nos voltamos para Deus.  Aqueles de nós que aceitaram o Islã em algum ponto da vida, são verdadeiramente abençoados e afortunados.  Foi-nos dada uma chance, uma chance para a maior misericórdia!  Misericórdia que não merecemos, mas que ainda assim Deus estará disposto a conceder no Dia da Ressurreição.  Reconciliei-me com minha família e estou pensando em começar a minha própria família, se Deus quiser.  O Islã é de fato um estilo de vida, e mesmo se recebemos um tratamento inadequado de nossos companheiros muçulmanos ou não-muçulmanos, devemos sempre lembrar de sermos pacientes e nos voltarmos somente para Deus.


Se eu disse algo incorreto veio de mim, e se algo que disse é correto, vem de Deus. Todos os louvores são para Deus, e que Deus conceda Sua misericórdia e bênçãos sobre seu nobre Profeta Muhammad, Amém.


Que Deus aumente nossa fé e a faça de acordo com o que O agrada e nos conceda Seu Paraíso, Amém!

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