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Temos boas razões para acreditar? (parte 1 de 2)
Por que o universo é dessa forma?
Uma das perguntas mais importantes que quase todos os pensadores, filósofos e pessoas como você e eu fazemos é "Por que o universo existe afinal? E por que é dessa forma?" Em resposta a essa pergunta há aqueles que dizem que o universo não tem causa. Em outras palavras, é eterno, o que significa que não tem começo e nem fim. Se isso for verdade, deve haver um histórico infinito de eventos passados. Entretanto, o infinito no mundo real não é possível, já que implica uma quantidade que não tem limite. Levemos os exemplos a seguir em consideração: se houvesse um número infinito de livros em um quarto e dois fossem removidos, quantos ficariam? A resposta pode ser "infinito", ou para aqueles logicamente inclinados, "infinito menos dois". Em qualquer caso as respostas não fazem sentido porque, embora dois tenham sido retirados do infinito, ainda permanece o infinito! Consequentemente, não somos capazes de contar os livros remanescentes no quarto. Portanto, o infinito leva a contradições e simplesmente não existe no mundo real (embora exista no discurso matemático, mas baseado em certos axiomas e convenções). Sendo assim, logicamente o universo deve ter um histórico finito de eventos passados que indica que deve ter começado a existir em algum ponto no tempo.
O que foi dito acima pode soar muito filosófico, mas também é apoiado por evidência científica. Stephen Hawking em sua palestra O Início do Tempo afirma: "A conclusão dessa palestra é que o universo nem sempre existiu. Ao contrário, o universo e o próprio tempo tiveram um começo no Bing Bang há 15 milhões de anos." [1]De acordo com cosmólogos contemporâneos, o universo começou no tempo zero com o evento comumente chamado de "Bing Bang". A teoria postula que o universo começou com uma "singularidade", uma entidade extremamente quente e densa que se expandiu e subsequentemente esfriou, indo de algo incrivelmente pequeno e quente ao tamanho e temperatura atuais de nosso universo. À luz desses fatos, é interessante notar que não há explicação científica para o que aconteceu antes do tempo zero. Além disso, a teoria do Bing Bang só pode postular o que aconteceu 1 x 10-34 segundos depois do Bing-Bang, mas nem um segundo antes disso. O que aconteceu antes desse ponto no tempo em particular é desconhecido.
No contexto da discussão acima, pode-se concluir que os físicos geralmente concordam que como resultado do Bing Bang, foram criados tempo e espaço físicos, assim como energia e matéria. Duas premissas podem ser tiradas de tudo acima: 1. O que começa a existir tem uma causa 2. O universo começou a existir - portanto, o universo tem uma causa. Como chegamos a essa conclusão? Bem, se tudo que conhecemos e vemos que começa a existir tem uma causa, por exemplo um barulho no quarto ou as pirâmides em Giza, então o universo - que também começou a existir - também deve ter uma causa.
A causa para o universo = Deus?
Nossa discussão até agora forneceu boas razões para acreditar que deve ter havido uma causa para o universo. Entretanto, não nos diz muito sobre qual é a causa, mas se pensarmos profundamente sobre a natureza da causa - também conhecida com análise conceitual - podemos concluir que deve ser muito poderosa, uma vez que provocou a existência de todo o universo e deve ser:
Uma...
A causa para o universo deve ser uma única causa por várias razões. Um argumento atraente para substanciar essa afirmação inclui o uso do princípio racional chamado de navalha de Occam. Esse princípio é comumente resumido como "a explicação mais simples é a melhor explicação". Em termos filosóficos, o princípio ordena que não devemos multiplicar entidades além da necessidade. Significa basicamente que devemos nos ater às explicações que não criam mais perguntas do que respostas. No caso da causa para o universo, não temos evidência para reivindicar multiplicidade, em outras palavras, mais de uma, e se o fizéssemos, criaríamos mais perguntas que respostas.
Não causado & eterno...
Essa causa também não deve ser causada devido ao absurdo de um regresso infinito, em outras palavras, uma cadeia infinita de causas. Para ilustrar melhor, se a causa do universo tiver uma causa e aquela causa tiver uma causa ad infinitum, então não haveria um universo sobre o qual falar, em primeiro lugar. Por exemplo, imagine se um operador da bolsa negociando na Bolsa de valores não fosse capaz de comprar ou vender suas ações antes de pedir permissão ao investidor e então esse investidor tivesse que checar com o dele e isso acontecesse indefinidamente, o operador conseguiria comprar ou vender suas ações? A resposta é não. Similarmente, se aplicarmos isso ao universo, teríamos que aplicar uma causa não causada devido a essa necessidade racional.
Entretanto, alguns filósofos e cientistas afirmam que "por que não ser o universo a causa em si?" e "por que a causa não pode parar no universo?" Bem, o problema com essas afirmações é que implicariam que o universo se autocriou, o que é absurdo porque como algo pode existir e não existir ao mesmo tempo? Finalmente, seria irracional afirmar que aquilo que começa a existir, é sua própria causa!
Imaterial...
A causa tem que ser imaterial, já que criou tudo. Se você tomar qualquer estado de existência física, concluiria que aquele estado de existência física se deve a outro estado de existência física. E que aquele estado de existência física, se deve a outro estado de existência física. Mas você não pode voltar estados de existências físicas ad infinitum. Tem que haver um começo para todo o estado de existências físicas. Portanto, a conclusão lógica é que a origem de toda a criação tem que ser um estado não físico. Depois de pensar sobre a natureza da causa para o universo, chegamos a notável percepção de que ele tem todos os atributos básicos do Deus monoteísta tradicional, nominalmente que Ele é único, eterno e imaterial. Mas quais razões temos para começar a reivindicar que uma religião em particular é verdadeira? Isso nos leva a discutir o Alcorão, o livro dos muçulmanos.